A receita com exportações de petróleo da Rússia caiu pela metade em cerca de um ano, ao passo que seus volumes de venda da commodity quase não mudaram, sugerindo que as sanções impostas pelo Ocidente estão tendo o efeito desejado de reduzir a receita de Moscou sem restringir os fluxos de petróleo globais, segundo avaliação da Agência Internacional de Energia (AIE).
Em relatório mensal publicado nesta quarta-feira, 15, a agência com sede em Paris diz que um ano após o início da guerra na Ucrânia – e na esteira de uma série de sanções do Ocidente que levaram os maiores compradores da Rússia na Europa a recusar o petróleo de Moscou -, o governo russo conseguiu encontrar novos clientes, mas a um custo elevado para sua receita de exportação de petróleo.
Os sinais são evidentes não apenas na queda de receitas com a venda de petróleo, mas também pelo tempo mais longo das viagens de navios-tanque russos, o maior tempo de trânsito que as cargas de petróleo russas passam no mar e pelo salto nas transferências entre navios, que também consomem tempo, afirmou a AIE no relatório.
Em fevereiro, as exportações russas de petróleo caíram 500 mil barris por dia (bpd), a 7,5 milhões de bpd, após um mês particularmente bom para as vendas russas da commodity em janeiro, quando o diesel e outros derivados de petróleo refinado foram retirados da Rússia antes de novas sanções entrarem em vigor.
Embora a queda tenha levado as exportações de petróleo da Rússia de volta aos níveis médios do ano, a receita obtida com as vendas caiu para cerca de US$ 11,6 bilhões em fevereiro, ressaltou a IEA, US$ 2,7 bilhões menos do que no mês anterior e cerca de metade dos US$ 22,1 bilhões obtidos em março de 2022.
“O regime de sanções do G7 tem sido eficaz em não restringir o fornecimento global de petróleo e produtos, ao mesmo tempo em que reduz a capacidade da Rússia de gerar receitas de exportação”, diz a AIE.
Ainda no relatório, a AIE elevou sua projeção de oferta global de petróleo para 2023 em 300 mil bpd, a 101,6 milhões de bpd. Já para 2022, a agência cortou sua estimativa para a oferta global em 100 mil bpd, a 100 milhões de bpd.
Em relação à demanda por petróleo, a AIE segue projetando avanço de 2 milhões de bpd este ano. Para 2022, a agência reafirmou a estimativa de que houve incremento de 2,3 milhões de bpd.