Com a chegada do inverno, no último dia 20, a redução da umidade do ar acaba se tornando uma preocupação para a saúde das pessoas. De acordo com o site do Climatempo, a previsão é que nos próximos dias o tempo fique significativamente seco e com poucas chuvas, principalmente no Sudeste do país. Nesse período, não só sintomas respiratórios, como sangramento nasal, são agravados, mas também problemas na pele e nos olhos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a umidade relativa do ar ideal deve ficar entre 50 e 60%. Abaixo de 30% já é considerada uma situação de alerta, e algumas regiões do Brasil, como Sudeste e Centro-Oeste, chegam a registrar índices abaixo de 20% neste inverno.
A oftalmologista Dra. Ione Alexim e a dermatologista Dra. Silvia Helena Nobre Chan, ambas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, destacam a importância de se prevenir para minimizar os impactos do clima seco na saúde ocular e da pele.
Impactos na saúde ocular
Dra. Ione Alexim explica que a baixa umidade do ar pode comprometer a lubrificação ocular, causando sintomas como vermelhidão, irritação, ardência, sensação de areia nos olhos e até embaçamento visual. “A falta de umidade prejudica a mucosa ocular, aumentando a chance de infecções e doenças”, alerta a oftalmologista.
Essa deficiência na lubrificação ocular não só provoca desconforto, mas também compromete a barreira de proteção natural dos olhos, aumentando a probabilidade de infecções e outras doenças oculares. “A mucosa ocular prejudicada pode facilitar a entrada de vírus e bactérias”, alerta Dra. Ione.
Ela ressalta que os sintomas podem ser exacerbados em indivíduos com condições preexistentes, como síndrome do olho seco, blefarite e alergias oculares.
Dicas para proteger os olhos:
Uso de colírios: os colírios lubrificantes são uma solução eficaz para ajudar na lubrificação dos olhos. “Devem ser usadas conforme orientação médica, em ambientes secos ou durante o uso prolongado de dispositivos eletrônicos”, orienta.
Proteção contra raios UV: “Óculos de sol com proteção UV, chapéus e viseiras são essenciais para filtrar os raios ultravioletas, que podem agravar a secura ocular e causar outros danos na visão”, explica a oftalmologista.
Ambientes umidificados: “Manter umidificadores ligados em casa e no trabalho pode aumentar a umidade do ar e ajudar a manter a mucosa ocular hidratada”, sugere Dra. Ione.
Higiene e hidratação: a boa higiene dos olhos, evitando o contato com mãos sujas, e beber bastante água, são medidas importantes para evitar a desidratação dos tecidos oculares.
Pausas durante o uso de telas: “É necessário fazer pausas regulares durante o uso de telas. A cada 20 minutos, descanse os olhos por 20 segundos, olhando para longe, a 20 metros. Isso ajuda a reduzir o cansaço ocular e melhorar a lubrificação natural”, recomenda.
Grupos mais vulneráveis, como idosos, pessoas que passam muitas horas em frente a telas e aquelas com doenças oculares preexistentes, devem redobrar esses cuidados. “Idosos, por exemplo, têm uma produção natural de lágrimas reduzida, e os usuários de telas frequentemente esquecem de piscar, o que aumenta a secura”, finaliza.
Impactos na pele
A dermatologista Dra. Silvia Nobre ressalta que a pele também sofre com o clima seco. Problemas como ressecamento, coceira, agravamento de dermatites e rachaduras nos lábios e pés são comuns. “O ressecamento da pele é uma das queixas mais comuns nesses períodos de baixa umidade, já que a pele pode ficar áspera, escamosa e apresentar coceira intensa”, detalha a especialista.
A hidratação adequada é essencial para manter a pele saudável. A médica destaca que a barreira cutânea, formada pela derme e epiderme, é comprometida pela perda mais rápida da água através da epiderme, quando a umidade do ar está muito baixa. “Quando a pele perde sua hidratação, ela se torna mais suscetível a irritações, infecções e alergias. Portanto, é crucial adotar medidas para preservar a umidade da pele e evitar esses problemas”, alerta.
Dicas para proteger a pele
Para proteger a pele dos efeitos nocivos do clima seco, Dra. Silvia Nobre recomenda algumas práticas essenciais:
Hidratação constante: “Beber bastante água é fundamental para manter a hidratação de dentro para fora. Além disso, o uso de hidratantes específicos à base de glicerina, ceramidas e ácido hialurônico pode ajudar a reter a umidade na pele”, explica.
Banhos curtos e mornos: “Evitar banhos quentes e prolongados pode ajudar, pois a água quente tende a remover os óleos naturais da pele”, orienta.
Uso de umidificadores: “Manter os ambientes umidificados, especialmente durante a noite, pode ajudar a combater o ressecamento da pele”, sugere a dermatologista.
Protetor solar: “Usar protetor solar diariamente é essencial, mesmo no inverno. O protetor solar não só protege contra os danos dos raios UV, mas aqueles com substâncias emolientes também ajudam a manter a pele hidratada”, recomenda.
Higiene adequada: “Esfoliações excessivas e o uso de esponjas ásperas podem irritar a pele seca. Opte por produtos de limpeza suaves e hidratantes”, aconselha.
Pessoas com pele seca, dermatite atópica, mulheres pós-menopausa e idosos devem ter atenção redobrada. “Esses grupos são mais propensos ao ressecamento severo e outras condições do tipo. Hidratantes com toque seco são ideais para a pele oleosa, pois hidratam a pele sem obstruir os poros”, explica.
Ela reforça que a prevenção e o cuidado contínuo são fundamentais para manter a saúde da pele durante períodos de clima seco. “A adoção de uma rotina de cuidados com a pele, incluindo hidratação regular e proteção solar, é a melhor maneira de evitar os desconfortos e complicações causadas pelo ressecamento”, conclui.
Além das medidas mencionadas, é crucial manter uma dieta equilibrada e realizar atividades físicas moderadas, evitando os horários mais quentes do dia. O tempo seco pode ser desafiador, mas com os cuidados certos, é possível proteger a saúde ocular e da pele.
Fonte: NM