Com cerca de 2,7 mil casos por ano e em primeiro lugar no rankin nacional das mortes por obesidade, além de centenas de pessoas na fila de espera por cirurgia bariátrica, Mato Grosso do Sul lançou nesta segunda-feira (17) um programa entitulado Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade (LCSO), uma iniciativa para reorganizar e melhorar a rede de atendimento aos pacientes com sobrepeso e obesidade.
O programa é uma resposta às altas taxas de obesidade no estado. No último ano, de acordo com dados do (Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional), foi constatado que cerca de 70% da população sul-mato-grossense está com algum grau de excesso de peso.
Apesar disso, em Campo Grande, o serviço de cirurgia bariátrica no Sistema Único de Saúde (SUS) ficou 2 anos suspenso devido a problemas técnicos. O retorno só foi possível no final do ano passado, com cerca de 500 pessoas aguardando o encaminhamento para a cirurgia.
Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade (LCSO)
A LSCO, conforme explicou Anderson Holsbach, gerente de Atenção à Saúde das Pessoas com Sobrepeso e Obesidade da Coordenadoria das Doenças Crônicas da SES, “é um documento que descreve o itinerário da pessoa com obesidade dentro da APS até a Atenção Hospitalar” para tentar melhorar o fluxo de organização dentro da rede saúde.
Isto é, o documento indica todo o caminho que o paciente percorre para tratar o problema, listando o que o poder público deve oferecer para isso, e de que forma.
Segundo o Ministério da Saúde, a iniciativa deve viabilizar a comunicação entre as equipes, serviços e usuários de uma Rede de Atenção à Saúde, criando padronização de ações e organizando um fluxo contínuo assistencial.
“O objetivo é ter um documento instrutivo para organizar o cuidado ao paciente com sobrepeso e obesidade. Todos os municípios do Estado devem utilizar esse instrumento para organizar o cuidado dos seus pacientes”, afirmou Angélica Cristina Segatto Congro, superintendente de Atenção à Saúde da SES.
No último ano, de acordo com dados do Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional), foi constatado que cerca de 70% da população sul-mato-grossense está com algum grau de excesso de peso. E, além disso, em todo o estado, cerca de 24% dos adultos apresentam diagnóstico de obesidade.
Obesidade
De acordo com dados do Vigitel Brasil 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), em Mato Grosso do Sul 24,3% dos adultos estão com obesidade. Em relação aos dados do Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), no ano de 2022, dos adultos atendidos na APS (Atenção Primária à Saúde), 37,89% foram diagnosticados com obesidade.
Mato Grosso do Sul, conforme o mesmo levantamento do Sisvan, ocupa o sexto lugar no ranking nacional de custos atribuíveis ao excesso de peso e obesidade, e lidera em mortes relacionadas a essas condições.
Para o nutricionista Anderson Holsbach, a má alimentação impacta diretamente nos problemas relacionados a saúde. “A má alimentação tem maior impacto negativo na saúde das pessoas, quando comparado ao fumo, álcool, poluição e drogas. Por isso, é importante ressaltar programas e políticas que propiciam acesso a uma alimentação saudável, uma vez que as melhorias na alimentação da população poderiam prevenir 1 em cada 5 mortes no mundo”.
Fonte: Correio do Estado