Com a volta às aulas, a preocupação em relação à saúde mental dos estudantes deve ser ponto de atenção. Em recente pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que 28,1% dos estudantes de escolas públicas de Campo Grande autoavaliaram sua saúde mental como negativa, esse percentual nas escolas privadas foi de 17%.
A questão envolve um contexto de saúde pública, mas dentro da escola é possível entender as particularidades e intervir em casos que necessitam de maior cuidado.
A pesquisa foi realizada com estudantes do 9º ano, que estão em uma faixa de desenvolvimento que necessitam de um olhar em sua integralidade.
A coordenadora de Psicologia Educacional da Secretaria Estadual de Educação (SED), Paola Evangelista, aponta que esse contexto traz seus condicionantes. “É necessário contextualizar as questões que trazem, a partir do momento que a gente entende os sujeitos e como eles adentram no ambiente educacional, é possível refletir que carregam consigo suas histórias de vida”, comenta.
Tais questões envolvem não só o que ocorre dentro do ambiente educacional, mas também entender que estão inseridos em contextos sociais abrangentes, com características distintas.
A psicóloga aponta que quando o indivíduo e seu ambiente são compreendidos é possível pensar em políticas públicas que os atendam. “Quando esses dois pontos são identificados, conseguimos planejar uma forma de condução do trabalho, que é baseada em acolhimento, temas e temáticas no currículo escolar”.
Dentro das escolas, a Secretaria de Educação possui um direcionamento, a partir de documentos norteadores que dão suporte para o professor que vão além dos aspectos cognitivos.
Quando necessário há um suporte que permite acolher o estudante em relação aos cuidados com a sua saúde mental. “Temos todo um direcionamento organizado, um trabalho estruturado para que esse estudante seja acolhido, para que a gente entenda quais são seus condicionantes, se há uma necessidade de articulação com outra área da rede de proteção de crianças e adolescentes. Às vezes é necessário até uma articulação com o conselho tutelar, dependendo dos casos”, enfatiza.
A escola atua nas questões estruturais, e trabalha para um desenvolvimento integral dos jovens e com isso as questões pensadas para que ações sejam colocadas em prática. “A realidade dos estudantes, suas histórias, tudo é considerado dentro do planejamento do professor, nos projetos desenvolvidos nas escolas, para que haja prevenção e acolhimento”, conclui a psicóloga.