A médica infectologista e especialista Mariana Croda, disse ao Correio do Estado que a medida de extinguir o toque de recolher em Mato Grosso do Sul é precipitada, pois, como já foi visto em outros países com a chegada da variante Delta, os casos podem aumentar.
“Eles (governo) tomaram a medida pelo Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança da Economia) e pela diminuição da taxa de ocupação de leitos, baseados nesses indícios que têm melhorado no estado”, afirmou a especialista.
“Mas tem que ter parcimônia, porque estamos vendo em outros países a chegada da variante Delta. As pessoas devem manter a preocupação com máscaras e o distanciamento social. Não é recomendado a realização de festas, eventos, restaurantes, bares, e shows”, continuou.
Mariana Croda afirmou que não recomendaria a extinção do toque e que acredita que a decisão foi precipitada para o momento, já que Mato Grosso do Sul não tem barreiras para impedir a chegada das novas variantes.
Além disso, com o fim da medida protetiva as pessoas irão se aglomerar e as cepas irão disseminar com uma maior velocidade.
Fim do toque
O toque de recolher estará extinto a partir da próxima segunda-feira (23) em Mato Grosso do Sul. A medida foi anunciada nesta terça-feira (17), através de live realizada pelo secretário de Estado de Infraestrutura, Eduardo Corrêa Riedel.
A decisão foi tomada em razão do avanço do processo de imunização em Mato Grosso do Sul, que contribui para a queda no número de casos confirmados, mortes, taxa de contágio e internações.
A medida tem o apoio do secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende.
“A gente precisa agora apontar novos caminhos no sentido de distensionar e flexibilizar algumas ações principalmente setores que tiveram de fato perdas importantes ao longo da pandemia”.
De acordo com o secretário, municípios tem autonomia para tomarem suas próprias decisões. Além disso, limitação da capacidade máxima em locais e protocolos de biossegurança como uso de máscara e distanciamento social permanecem obrigatórios.
A capacidade máxima em locais permanece conforme a bandeira de cada município: bandeira cinza 30%, vermelha 50%, laranja 70%, amarela 90% e verde livre.
O toque de recolher está vigente desde março de 2020 em Mato Grosso do Sul, início do surto da Covid-19.
Campo Grande está na bandeira vermelha do mapa do Programa de Saúde e Segurança na Economia (Prosseguir), o que indica grau alto de risco para Covid-19.
Casos
Dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apontam que Mato Grosso do Sul registrou 237 casos confirmados e 12 óbitos por Covid-19 de domingo (15) para ontem (16).
A média móvel de óbitos está em 14,3 e a de casos em 397,6. A taxa de letalidade é de 2,5 e a de contágio de 0,88.
São 368 pessoas hospitalizadas hoje em Mato Grosso do Sul, sendo 144 em leitos clínicos (103 público; 41 privado) e 224 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (185 público; 39 privado).
A ocupação global de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) na macrorregião de Campo Grande está em 68%, Dourados 54%, Três Lagoas 51% e Corumbá 45%.