Aconteceu, durante a manhã desta segunda (28), uma manifestação pacífica, organizada pelos acadêmicos do curso de Medicina da Uniderp, em Campo Grande. Os alunos reivindicam melhorias no ensino e na estrutura da universidade.
Segundo informações do relatório de manifestação organizado pelos discentes, existe uma carência no fornecimento de laboratórios, materiais e salas de aula adequadas para o aprendizado.
Atualmente, ultrapassa de 200 o número de novos discentes por período. Segundo eles, as salas ficam superlotadas. Os estudantes relatam, ainda, carência no número de docentes, incompatível com a quantidade de estudantes e demanda do curso.
Segundo eles, a universidade não está fornecendo condições adequada para a formação de novos médicos, enquanto continua cobrando mensalidades exorbitantes, sendo a segunda mais cara do país.
Valores
Os acadêmicos reclamam de cobranças injustificadas, dizendo haver, inclusive, diferenciação de valores cobrados dos acadêmicos.
Desse modo, eles pedem por revisão e ajuste para um valor mais justo, considerando principalmente a estrutura abandonada da universidade, incompatível com os valores pagos.
Atualmente, a quantia total repassada à instituição é de cerca de R$ 14,500 mil ao mês por aluno, após os últimos reajustes.
Os alunos beneficiados com o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) reclamam estar recebendo cobranças indevidas, valores não reconhecidos por eles.
Estrutura
Conforme os estudantes, atualmente não há sequer disponibilização de sabonete para higienização das mãos nos banheiros.
Muitas portas dos sanitários não contém fechaduras, nem lixeira em todas as cabines, além da limpeza do ambiente não ser regular, deixando o espaço insalubre.
Quanto à estrutura dos laboratórios de anatomia e histologia, é pedido maior fornecimento de peças como lâminas melhores e em maior quantidade. Os alunos também pedem por espaços como salas adequadas para estudo.
Segundo eles, faltam materiais básicos para o estudo, entre eles canetas com cores variadas para estudo, necessárias para representações imagéticas em todas as salas. Além de projetores e rede Wi-Fi que funcione.
Lista de reivindicações dos estudantes
No documento, os acadêmicos de medicina pedem:
- 1 – Valores: Diante da estrutura fornecida pela instituição solicita-se a revisão dos valores pagos a título de mensalidade do curso de Medicina, visando o ajuste a um valor justo, pagável e, ainda, resguarde a dignidade do acadêmico do referido curso. Ainda, solicita-se a revisão dos valores pagos a título de dependência, uma vez que já sofreram reajustes exorbitantes, não refletindo os gastos por aluno dentro da instituição;
- 2 – Qualidade do Ensino: Solicita-se a realocação de todos os alunos que estão pagando dependências para Módulos Especiais, a fim de restringir o número máximo de 8 (oito) alunos nas tutorias, de forma a não prejudicar o aproveitamento e a qualidade de tal cenário;
- 3 – Fornecimento de insumos: Que sejam disponibilizados os materiais essenciais de boa qualidade para cada cenário, em todas as salas, proporcionando melhor aproveitamento pelos alunos. Tais como: canetas de cores variadas para quadro branco em todas as salas; balanças, bonecos, peças anatômicas sintéticas, simuladores, instrumentos e aparelhos necessários para aprendizagem nos cenários de habilidades médicas; projetores Datashow de boa qualidade, viabilizando a geração de boa qualidade de imagem para aproveitamento das aulas ministradas pelos professores; computadores que suportem o processamento de slides em Powerpoint, a fim de que sejam substituídos Windows XP/7, visando o não comprometimento da dinâmica das aulas; disponibilização de rede Wi-fi de qualidade para os alunos, pois, a rede dentro das dependências da instituição, principalmente no Cemed, é de baixa qualidade;
- 4 – Estrutura da Instituição: diante do atual cenário em que se encontra, solicita-se a melhoria dos banheiros (portas com fechadura, lixeiras em todas as cabines, porta sabonete utilizável), bebedouros, carteiras e, principalmente, limpeza de todos os ambientes da instituição;
- 5 – Estrutura dos Laboratórios (Anatomia e Histologia): solicita-se o fornecimento de peças anatômicas naturais (cadavéricas), para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem; lâminas histológicas em maior quantidade, qualidade e diversidades;
- 6 – Estruturas dos Ambulatórios: diante da escassez de materiais básicos (sabonetes, papel toalha, etc), instrumentos e aparelhos imprescindíveis aos alunos para bom aproveitamento e andamento das atividades nesse cenário, solicita-se o melhoramento da infraestrutura;
- 7 – Ambiente de Estudo Autodirigido: solicita-se a criação de salas de estudo específicas com infraestrutura adequada (mesas, cadeiras, iluminação, ar condicionado, banheiros, internet), proporcionando bom desempenho dos alunos diante da metodologia ativa pregada pela instituição;
- 8 – FIES: solicita-se revisão das dívidas dos alunos matriculados, em razão do recebimento de cobranças indevidas e incessantes quanto a valores não reconhecidos por eles. Cobranças estas provenientes da própria administradora Kroton, uma vez que o contrato de coparticipação do Fies é firmado com a Caixa Econômica Federal, de tal forma que torna tais cobranças incoerentes; além de mudanças unilaterais provenientes da instituição educativa, quanto a porcentagem financiada pelo Fies;
- 9 – Coordenação: diante da alta demanda, número de alunos e da má prestação de serviços pela coordenação do curso de Medicina, solicita-se a contratação de mais um(a) profissional para o cargo de secretário(a) que possua qualificações mínimas para atuação;
- 10 – Redução do Quantitativo de Alunos Admitidos: atualmente ultrapassam 200 novos discentes por período, em razão do alto número de alunos admitidos semestralmente pela instituição, tornando inadequado perante os recursos humanos e físicos disponibilizados, reduzindo com isto a qualidade, aproveitamento e satisfação dos alunos quanto ao aprendizado;
- 11 – Docentes: diante da grande demanda imposta em virtude do alto número de alunos admitidos, verifica-se a necessidade da instituição na contratação maciça de professores em curto período de tempo, acarretando na falta de preparo dos profissionais admitidos no curso de Medicina, refletindo no mau aproveitamento e aprendizagem deficiente dos alunos. Diante disso, solicita-se a admissão de profissionais com preparo e treinamento mínimo para que não haja prejuízos futuros aos alunos;
- 12 – Solicitações acadêmicas: como se nota os alunos do curso de Medicina encontram grande dificuldade na obtenção de respostas e óbices nas suas solicitações, além da grande demora para que sejam respondidas. Assim, solicita-se que seja sanada a grande falha na comunicação entre acadêmicos-coordenação, tornando-a livre de dificuldades e facilitando esta relação para o bom aproveitamento acadêmico;
- 13 -Mobilização dos Estudantes: diante da indignação e insatisfação dos acadêmicos do curso de Medicina, e, ainda, pela ausência na obtenção de atendimento às solicitações anteriormente realizadas por inúmeras vezes, hoje se fez necessária a mobilização dos estudantes com o respaldo em seu direito para reivindicar os interesses coletivos, visando a melhoria da qualidade de ensino e valores justos da mensalidade, e ao direito de greve, a luz do que preceitua o artigo 5º da Constituição Federal: “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local (…)”; aplicação analógica do artigo 9º, CF: “é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. Desta forma, diante do resguardo constitucional solicita-se o apoio pela instituição e acima de tudo que não haja punição dos acadêmicos que estão reivindicando a garantia de seus direitos e conquistas de novos.
Saiba mais
Na tarde de hoje (28), os estudantes continuarão com o protesto em frente à universidade Uniderp, na Avenida Ceará.
A assessoria da Uniderp não deu nenhum parecer até o momento de publicação desta notícia.
O Centro Acadêmico do curso disse ao Correio do Estado que não está envolvido com o protesto, trabalhando apenas com a comunicação entre instituição e alunos. “Nós fazemos a intermediação e coletamos as reivindicações dos alunos para cobrar, burocraticamente, a instituição”.