O depoimento prestado pela mulher de 21 anos, presa em flagrante na noite da terça-feira (22) pela morte da filha de 5 meses por afogamento, detalha atos de crueldade que antecederam o crime, além da forma igualmente nefasta como a criança foi assassinada.
A prisão em flagrante ocorreu quando após a mulher sair para visitar amigas com o corpo do bebê, que completou 5 meses de vida no mesmo dia de sua morte. Após as amigas perceberem que a criança não se mexia, levaram-na para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Leblon, onde foi constatada a morte e as lesões na genital da criança.
Durante o depoimento, a mãe confessou o crime e detalhou alguns fatos que explicariam, a princípio, a suspeita de violência sexual: na oitiva, além de revelar a convicção de que um ‘chip da besta’ foi instalado na cabeça da menina durante uma vacinação, a mulher detalhou como a criança foi morta e disse, ainda, que nesperou que o bebê “acordasse novamente”.
No interrogatório, a que o Jornal Midiamax teve acesso, a mulher conta que tem outros filhos além da vítima, mas que não moram com ela, já que ela não trabalha. Para a delegada plantonista que atendeu o caso na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), a jovem contou que não tem vícios e que nem mesmo foi presa.
Lesões no órgão genital
Informada sobre o direito de permanecer em silêncio, a mulher quis responder ao interrogatório e foi questionada sobre as lesões no órgão genital da bebê, que davam indícios de que ela possa ter sofrido estupro de vulnerável. A autora alegou que quando a menina tinha três meses, foi levada em um pediatra, num posto de saúde da rede pública, no qual teria sido informada de que a bebê tinha o canal vaginal fechado. Com isso, a mãe deveria passar um medicamento na criança.
Assim, a mãe acabou afirmando que não tinha condições de comprar tal medicamento, que seria uma pomada. Assim, decidiu utilizar um palito de dente para abrir o canal vaginal da bebê. Ela afirma que teria feito isso apenas uma vez e que nem se lembrava da data. No entanto, negou saber sobre o possível estupro sofrido pela vítima.
‘Chip da besta’
O depoimento traz traços que fazem questionar a sanidade da autora. Sobre o assassinato, a mulher contou que estava tudo bem no decorrer do dia, até que ela decidiu matar a criança, “pois sabia que ela estava com o chip da besta na cabeça”. Para a polícia, a mãe contou que soube disso quando a menina tinha dois meses, “pois viu o sinal da cruz no bairro Guanandi”.
Além disso, a mulher revelou que, para ela, tal ‘chip da besta’ foi colocado na cabeça da menina quando ela tomou as vacinas na maternidade. Com a “necessidade” de matar a bebê, a mulher contou que entrou no banho junto com a filha e colocou a cabeça do bebê no buraco da parede, onde saía água forte, matando a bebê afogada.
Também segundo a mulher, ao perceber que a menina perdia os sentidos, ela teria feito respiração boca-a-boca, mas “notou que não havia mais jeito”. Depois, a mãe ainda se deitou com a criança já sem vida, esperando que ela acordasse novamente, o que não aconteceu. Com isso, ela saiu com a filha de casa e foi encontrar uma amiga.
No encontro, a irmã da amiga percebeu que a criança estava sem vida e elas seguiram para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Leblon, onde foi constatado o óbito. Sobre as lesões e possível estupro de vulnerável, a mulher afirmou não saber o motivo.
Pai esteve na casa
Ao Jornal Midiamax, o pai da bebê contou que esteve na residência da filha ainda na noite de terça-feira, para visitá-la. No entanto, a ex-namorada não chegou a atender à porta. Segundo ele, quando a criança nasceu, a mulher disse que era filha dele, depois alegou que seria filha de outro homem e, por fim, voltou atrás, reafirmando que a filha era dele.
Para o pai, não havia dúvidas, já que a menina “era a cara dele”. Há quase uma semana sem contato com a ex-namorada e sem poder ver a menina, ele disse que foi até à casa dela algumas vezes, mas foi impedido de ver a filha.
Na noite de terça, porém, por volta das 20 horas, ele teria ido novamente: de fora, ele ouviu a mulher com a criança, que chorava, mas nada exorbitante. Ele relatou que das últimas vezes que viu a criança, não percebeu nada de anormal ou sinal de maus-tratos. Pelo contrário: a filha estava saudável e bem cuidada. Já a ex-namorada estaria em um quadro de depressão, inclusive sem tomar banho há alguns dias.
O pai da menina afirmou que a ex era conturbada, que seria usuária de drogas e que também que bebia, mas não deixava de ser uma boa mãe. Segundo ele, nenhum fato anterior teria levantado suspeita do que poderia acontecer com a criança.
A mulher foi presa em flagrante e responde pelo homicídio da filha.