Comerciantes da região central de Campo Grande estimam queda de 20% nas vendas de fim de ano, em comparação com o mesmo período de 2022. Mesmo com o tradicional horário de funcionamento estendido até as 22h, o consenso entre os lojistas é de que os consumidores não estão indo às compras.
Responsável pela Crystore Bijuterias e Presentes, localizada na Rua 14 de Julho, Jaqueline Santana da Costa relata que o clima nas ruas do centro é de apreensão entre os comerciantes.
“Está muito parado, bem diferente dos outros anos. Nos meus registros mesmo, já somo cerca de 20% a menos de faturamento”, compara.
Gerente no mesmo ponto comercial há nove anos, Jaqueline salienta que as expectativas foram depositadas sobre o pagamento da segunda parcela do 13º salário, contudo, o retorno não foi o esperado.
“Já saiu [o salário] e o movimento não veio. Com a proximidade do Natal, já não temos mais expectativas de recuperar essa perda”, afirma ela, que ainda destaca a queda no fluxo de pessoas.
Para a coordenadora de vendas da loja Anime-se Presentes, Ângela Costa, a semana que antecede o dia de Natal não se encerra com bons números.
“A semana passada foi excelente, então a expectativa estava muito alta para esta. Por exemplo, no mesmo dia, no ano passado, já estávamos tendo que organizar a entrada de clientes na loja, por conta da lotação, o contrário do que se vê hoje”.
Ela explica que, no segmento de vendas, todo ano a expectativa de comercialização sobe, colocando-se sempre um patamar acima do período anterior, e que o faturamento já registra queda na comparação com 2022.
O proprietário da Beco Acessórios, Djalma Santos, destaca que, em 2023, de forma geral, as vendas foram inferiores às do ano anterior.
“A gente tem uma estatística até novembro, que ficou em torno de 25% abaixo do que vendemos em 2022. A gente entende que 2022 foi um ano típico, porque foi um ano de pós-pandemia, então havia toda uma demanda reprimida que elevou as vendas do ano passado”, explica.
Santos relata que, em dezembro, a primeira quinzena foi muito positiva, o que não vem ocorrendo na segunda e última do ano. “Ainda esperamos que o movimento aumente com o aporte do 13º no mercado”.
Em relação ao comportamento do consumidor, o empresário pontua que há uma mudança que vem interferindo nos números do comércio da região central.
“O consumo é um pouco mais moderado, a gente não vê mais aquelas compras grandes, quantidade para apresentar várias pessoas. O presente é para um número menor de pessoas. O que acontece é uma pessoa comprando, às vezes para ela mesma ou para uma ou duas pessoas, no máximo”, analisa Santos.
Gerente da Passaletti, Leandro Freitas se diz preocupado com as vendas deste ano. “Para nós, caiu cerca de 20%. No ano passado, nós tínhamos procura para presentes com um ticket médio muito maior do que o deste ano”.
Freitas atribui o cenário à mudança de foco no gasto com o dinheiro extra de fim de ano e também ao grande índice de inadimplentes em Campo Grande. “Muitas pessoas estão com dívidas acumuladas e preferem não gastar”, encerra.
OTIMISMO
Em contraponto, a proprietária da loja de roupas que carrega seu nome, Cláudia Barros, afirma que as vendas de fim de ano estão relativamente boas. “Estamos com grandes expectativas, já que esta semana é uma semana importante para o comércio”.
A empresária ressalta que, apesar de observar a clientela mais controlada, o fluxo de vendas está positivo.
“Estamos com expectativas, porque o brasileiro sempre deixa para as últimas horas, e no dia 20 muitas pessoas receberam o décimo terceiro e, com isso, acreditamos em aumento ainda mais significativo nas vendas”, conta Cláudia.
O gerente da loja Avenida, Luiz Fernando, também avalia o momento como positivo para as vendas na região central da Capital.
“Em comparação com o ano passado, já registramos um ganho de 30% nas vendas. Vamos ter um fim de ano positivo”, comemora.
Fonte: Correio do Estado