Apesar do impacto devastador do coronavírus em todo o mundo, o número de novos bilionários “explodiu” no ano passado.
A apuração é feita pela revista Forbes, que publicou sua famosa lista anual das pessoas mais ricas do mundo na terça-feira (06/04), destacando a ascensão vertiginosa de Elon Musk e a entrada de Kim Kardashian West no ranking.
“Apesar da pandemia, foi um ano recorde para os mais ricos do mundo, com um aumento de US$ 5 trilhões (ou R$ 28 trilhões) em riqueza e um número sem precedentes de novos bilionários”, disse Kerry A. Dolan, editor da cobertura da Forbes sobre os mais ricos.
O Brasil também seguiu essa tendência — o número de brasileiros bilionários cresceu de 45, em 2020, para 65 agora.
No total, os brasileiros bilionários têm patrimônio conjunto de US$ 291,1 bilhões (R$ 1,6 trilhões), contra US$ 127 bilhões (R$ 710 bilhões) no ano passado.
Os R$ 1,6 trilhões detidos pelos 65 brasileiros juntos equivalem a uma fortuna aproximadamente igual a um quinto da riqueza econômica gerada no Brasil em um ano. Em 2020, o Produto Interno Bruto do Brasil foi de R$ 7,4 trilhões.
Esse conjunto de brasileiros foi levantado pela edição brasileira da revista Forbes. Na edição americana, muitos brasileiros bilionários aparecem como estrangeiros, pois possuem domicílio fiscal no exterior.
É o caso de Jorge Paulo Lemann e seu sócio na AB Inbev Carlos Alberto Sicupira, na Suíça; Alexandre Behring, cofundador da 3G Capital, nos EUA; Antonio Luiz Seabra, cofundador da Natura, no Reino Unido; Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, em Singapura, e Liu Ming Chung, magnata da indústria papeleira, em Hong Kong. Todos esses são listados como brasileiros pela Forbes brasileira.
Com o falecimento do banqueiro Joseph Safra (líder entre brasileiros em 2020) e a repartição de seu patrimônio entre herdeiros, o topo da lista passou a ser ocupado agora por Lemann e família, com US$ 16,9 bilhões (R$ 94,5 bilhões) e posição 114 na lista global — um ganho de 15 posições em relação à última versão do ranking.
Na sequência, entre os brasileiros, está o outro sócio de Lemann na AB Inbev, Marcel Herrmann Telles (US$ 11,5 bilhões, ou R$ 64,3 bilhões, em 191º na lista global) e Jorge Moll Filho e família (US$ 11,3 bilhões, ou R$ 63,2 bilhões, em 194º).
Dois novatos na lista são o colombiano David Vélez, cofundador do Nubank (banco com maior parte das suas operações no Brasil), com US$ 5,2 bilhões (R$ 29 bilhões), e Guilherme Benchimol, fundador da XP, com patrimônio estimado em US$ 2,6 bilhões (R$ 14,5 bilhões).
Número sem precedentes
Na lista global, o número de pessoas com fortuna de US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bi) ou mais na lista anual da Forbes teve crescimento sem precedentes: 2.755 em 2021, 600 a mais que um ano atrás.
Em conjunto, eles acumulam fortuna estimada em US$ 13,1 trilhões (R$ 73 trilhões), contra US$ 8 trilhões (R$ 44 trilhões) na lista de 2020.
A lista mostra que 86% deles ficaram mais ricos em meio à crise do coronavírus.
A Forbes enfatiza que há 493 novos nomes em sua lista de 2021, “cerca de um novo bilionário a cada 17 horas”, incluindo 210 da China e 98 dos Estados Unidos.
Subida vertiginosa de Musk
O fundador da Amazon, Jeff Bezos, é o homem mais rico do mundo pelo quarto ano consecutivo, com uma fortuna estimada em US$ 177 bilhões (quase R$ 1 trilhão), um aumento expressivo em relação ao ano anterior, graças à valorização das ações de sua empresa.
Em segundo lugar, surge a maior das mudanças: o salto de Elon Musk do 31º lugar em 2020 para o 2º este ano.
Na lista do ano passado, a Forbes o colocou com fortuna estimada em US$ 24,6 bilhões (R$ 137 bi). Em 2021, esse número sobe para US$ 151 bilhões (R$ 844 bi).
“O principal motivo: um aumento de 705% nas ações da Tesla [sua empresa de veículos elétricos]”, observa o editor da revista.
O francês Bernard Arnault completa as 5 primeiras posições, com um império familiar de 70 marcas como Louis Vuitton e Sephora. Ele é seguido pelo fundador da Microsoft, Bill Gates, e pelo criador do Facebook, Mark Zuckerberg.
Atrás deles estão o investidor de sucesso Warren Buffet; o presidente da Oracle, Larry Ellison; o ex-CEO e ex-presidente, da Alphabet (do Google), Larry Page e Sergey Brin; e Mukesh Ambani, presidente da Reliance Industries.
Mulheres na lista: entrada de Kim Kardashian
A primeira mulher aparece na posição 17: é Alice Walton, apresentada pela Forbes como a única filha do fundador do Walmart, embora ela destaque que, ao contrário de seus irmãos, se dedicou à curadoria de arte e é presidente do Crystal Bridges Museum da arte americana.
Depois dela, MacKenzie Scott, escritora e ex-esposa de Jeff Bezos, aparece na posição 22.
Um dos novos nomes mais proeminentes nesta área foi o da estrela americana de reality shows Kim Kardashian West, que se tornou oficialmente bilionária.
A Forbes estima que sua fortuna atingiu US$ 1 bilhão, ante US$ 780 milhões (R$ 4,3 bilhões) em outubro passado, graças a dois negócios lucrativos — KKW Beauty e Skims — além de sua renda com televisão e outros investimentos.
Latino-americanos
Em 2021, a Forbes incluiu 51 latino-americanos em sua lista, incluindo o magnata das telecomunicações Carlos Slim e sua família, que ocupava o 16º lugar entre os mais ricos do mundo.
A revista estima a fortuna de Slim em US$ 62,8 bilhões (R$ 351 bilhões), ante US$ 52,1 bilhões (R$ 291 bilhões) um ano antes. No entanto, Slim caiu quatro posições, já que na lista de 2020 ocupava a décima segunda posição.
O segundo lugar dos latino-americanos mais ricos é ocupado por outro mexicano, Germán Larrea Mota Velasco, na posição 61, tendo subido da posição 118 que ocupava em 2020.
Larrea, junto com sua família, é dono da maior parte da maior mineradora de cobre de seu país, o Grupo México, que também tem operações no Peru e nos EUA, diz a Forbes.
Sua fortuna passou de US$ 11 bilhões (R$ 61,5 bilhões) em 2020 para US$ 25,9 bilhões (R$ 144 bilhões) neste ano.
Atrás deles, na posição de número 74, aparece a chilena Iris Fontbona e sua família, cuja fortuna também disparou no ano passado: passou de US$ 10,8 bilhões (R$ 60,38 bilhões) nas estimativas da Forbes em 2020 para US$ 23,3 bilhões (R$ 130 bilhões) hoje.
Fontbona herdou o império de mineração e bebidas de seu marido, Andrónico Luksic, falecido em 2005.