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Pesquisadores fizeram uma descoberta emocionante ao reencontrarem o cascudo-cego das cavernas (Ancistrus formoso), um peixe criticamente ameaçado de extinção, em uma caverna de Bonito, Mato Grosso do Sul. Esta espécie rara e enigmática foi observada durante um mergulho na nascente do rio Formoso, marcando o primeiro avistamento documentado em 20 anos desde sua descrição inicial.
Semelhante ao Cascudo da Bacia Pantaneira
O cascudo-cego das cavernas é um parente dos cascudos que habitam os rios da bacia pantaneira, como os rios Taquari e Coxim, em Coxim. Estes peixes são conhecidos por sua adaptação a diversos ambientes aquáticos. No entanto, o cascudo-cego das cavernas possui adaptações únicas para viver em seu ambiente subterrâneo, como a redução dos olhos, perda de pigmentação e um tamanho reduzido de cerca de 10 cm.
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Redescoberta e Importância Ecológica
O animal, endêmico do sistema de cavernas conhecido como Formoso e Formosinho, não foi coletado pela equipe de pesquisadores, o que representa um sinal positivo para sua conservação. A presença de espécies ameaçadas como esta pode indicar a alta qualidade ambiental do ecossistema, uma vez que ambientes que suportam espécies raras tendem a ser menos impactados por atividades humanas.
Leandro Melo de Sousa, presidente da Sociedade Brasileira de Ictiologia, que avistou a espécie durante a expedição, ressalta a importância e os desafios do estudo de espécies cavernícolas. “Não sabemos quase nada sobre ela; existem pouquíssimos exemplares coletados décadas atrás. Um dos desafios mais difíceis desse tipo de estudo é justamente acessar o ambiente; para entrar numa caverna alagada, é necessário treinamento e planejamento”, explica.
Importância Científica e Conservacionista
José Sabino, biólogo e doutor em ecologia que descreveu a espécie há duas décadas, destacou o significado de descrever uma nova espécie para a ciência e a importância de conservar a biodiversidade. “Descrever a biodiversidade nos impõe a responsabilidade de aprender e conservar as espécies com as quais compartilhamos o Planeta”, afirma.
Maria Elina Bichuette, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e membro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Biodiversidade e Uso Sustentável de Peixes Neotropicais (INCT Peixes), também está envolvida na pesquisa para obter mais informações sobre a espécie. “Desde a descrição da espécie em 1997, não temos informações ecológicas e comportamentais mais detalhadas. Ele será uma espécie guarda-chuva para o estudo da ictiofauna de cavernas; ou seja, sua conservação resulta na preservação de um grande número de outras espécies e seus habitats”, comenta.
Expedição e Colaboração Científica
A expedição contou com a participação de várias instituições, incluindo o Bioparque Pantanal, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com apoio técnico do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).
Maria Fernanda Balestieri, diretora-geral do Bioparque Pantanal, enfatizou que o avistamento do cascudo-cego das cavernas indica que a caverna oferece um habitat adequado para sua sobrevivência. “Isso pode levar a esforços de conservação direcionados para proteger a espécie e o local onde vive, ajudando a preservar a biodiversidade da região. Além disso, através de estudos, poderemos obter informações valiosas sobre seus hábitos, ecologia e necessidades, dados cruciais para desenvolver estratégias eficazes de conservação e manejo”, conclui.
Conclusão
A redescoberta do cascudo-cego das cavernas é um marco significativo para a conservação da biodiversidade e um incentivo para continuar explorando e protegendo os ecossistemas subterrâneos do Brasil. A colaboração entre diversas instituições científicas ressalta a importância do trabalho conjunto para a preservação das espécies e seus habitats.