
Há cinco anos, em 11 de março de 2020, um anúncio marcou a história da humanidade: a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretava estado de pandemia devido ao avanço da Covid-19. Além dos efeitos sanitários, a doença impactou profundamente os negócios. Os efeitos econômicos do isolamento social e novos hábitos de consumo derrubaram alguns setores, enquanto outros viram a demanda crescer após as mudanças.
Uma das lições mais importantes da crise na economia foi sobre a necessidade de se adaptar rapidamente às mudanças e estar presente nos canais digitais, destaca Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos. A pandemia ainda “expôs a necessidade de ter planos robustos de contingência e as empresas que tinham reservas financeiras e estratégias de gestão de riscos conseguiram atravessar melhor a crise”.
Confira alguns dos impactos mais marcantes:
Quem perdeu…
Educação
O processo de digitalização nas instituições de ensino foi brutalmente acelerado pela pandemia de Covid-19. Em 16 de março de 2020, todas as atividades presenciais nas faculdades e escolas foram suspensas, o que obrigou as instituições de ensino superior a migrar para o Ensino à Distância (EaD) por um tempo.
A crise ainda afetou o bolso dos brasileiros e fez milhares de alunos abandonarem os estudos. Na Cogna (COGN3), dona da Anhanguera, Pitágoras e Uniderp, houve queda de 28,6% no número de alunos do ensino presencial em 2020. Apesar do avanço de 17,8% nas matrículas EaD, a empresa fechou o ano com prejuízo de R$ 589 milhões, já que o online rende menos para as empresas do setor.
As empresas do setor listadas na Bolsa ainda não recuperaram o valor de mercado perdido por causa da pandemia. Ânima (ANIM3) caiu 77,8% nos últimos cinco anos, Cogna (COGN3) perdeu 75,11%, Yduqs (YUDQ3) recuou 69,2%. Cruzeiro do Sul (CSED3) listada mais tarde, em fevereiro de 2021, acumulou perda de 75,6% desde então.
Enquanto o setor enfrentou os desafios da pandemia, “a tecnologia se mostrou essencial na evolução do ensino, permitindo a simulação de interações reais, como reuniões de negócios e conversas informais”, diz Eduardo Santos, vice-presidente sênior e diretor-geral da EF Education First para América Latina.
Turismo
Entre os setores mais afetados pelos fechamentos, o turismo brasileiro amargou queda de 59% no faturamento em 2020, segundo o Ministério do Turismo. Após 20 trimestres de prejuízo, a CVC (CVCB3) conseguiu lucro líquido no quarto trimestre de 2024. As ações, porém, ainda despencam 85,6% desde o início da crise sanitária no Brasil.
Outro destaque do segmento nos últimos cinco anos foi a 123 milhas, que entrou com pedido de recuperação judicial em agosto de 2023. O principal impacto na empresa aconteceu na reabertura da economia, quando houve aumento da procura por viagens após a flexibilização nas regras de circulação. Os preços de passagens aéreas e hospedagens dispararam e a companhia não conseguiu pagar os custos de viagens já contratadas com preços promocionais.
Aviação
O impacto da pandemia no setor aéreo foi imediato: em 2020, houve queda de 53% no número de passageiros e de 29,6% no transporte de cargas na comparação com o ano anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A crise foi o gatilho para a recuperação judicial da Latam nos Estados Unidos, processo que se arrastou de maio de 2020 a novembro de 2022. A Gol (GOLL4) está em recuperação judicial nos EUA e pretende sair da condição até maio. Já a Azul (AZUL4) também foi fortemente afetada pela queda de demanda, mas chegou a um acordo com credores que evitou a RJ.
Negociadas a R$ 3,74 atualmente, as ações da Azul despencaram 84,8% nos últimos cinco anos. No mesmo período, os papéis da Gol amargam queda de 87,4%.
Fonte: IM/ML