O ex-presidente Michel Temer (MDB), em palestra na Associação Comercial de São Paulo, fez um panorama geral de seu governo de dois anos e meio, afirmando que “aproveitou sua impopularidade para fazer o que o Brasil precisava”.
Michel Temer também defendeu o legado de demais ex-presidentes, elogiando inclusive Dilma Rousseff (PT), e criticou o governo Bolsonaro. Segundo ele, muitas realizações positivas do atual presidente estavam “pré-datadas”, isto é, foram frutos de sua gestão.
“Nosso governo foi um governo de muita resistência, fruto do diálogo”, afirmou o ex-mandatário. “Fizemos reformas que jamais foram pautadas: o teto de gastos públicos impede medidas populistas, a reforma do Ensino Médio era desejada desde 1997. Recuperamos a Petrobras. Preservamos o meio ambiente, criamos uma reserva marinha do tamanho da Alemanha e da França juntas“.
Temer aproveitou o momento e fez um panorama do legado de cada ex-chefe do governo brasileiro desde a redemocratização, elogiando de Sarney a Dilma, a qual substituiu com o impeachment, motivado pelas famosas pedaladas fiscais.
“Nossa ex-presidente perdeu a sustentação política e popular, o que levou ao impedimento [impeachment]. Embora cerimoniosa, em nossa convivência ao longo de seis anos, eu devo dizer que nunca vi nela nenhum gesto de corrupção, ao contrário, sempre senti nela uma honestidade extraordinária”, afirmou Michel Temer sobre Dilma Rousseff.
Bolsonaro e a Constituição
Segundo Michel Temer, a Constituição Federal do Brasil é um documento, sobretudo, pacificador. E a conduta atual do presidente Jair Bolsonaro estaria se distanciando da Carta Magna.
“O radicalismo aflige o país e precisamos de uma paz interna”, declarou Temer, que emendou que “economia sempre se recupera, mas a vida não se recupera”.
Temer também disse que parte das boas realizações que ocorreram no governo Bolsonaro, na verdade, são fruto dos esforços de sua gestão.
“No início o presidente Bolsonaro estava dando sequência ao nosso governo. Eu disse isso em entrevistas ao lado do Tarcísio de Freitas [atual ministro da Infraestrutura]”. Segundo Temer, Tarcísio disse que parte das realizações do governo Bolsonaro estava “pré-datada” e que “apenas não deu tempo de fazer tudo” durante o governo do emedebista.
Michel Temer também externou insatisfação com uma “campanha para derrubar seu governo”, criticando, sem citar os nomes, os ex-procuradores-gerais da República Rodrigo Janot e Raquel Dodge.
“Tantas e tantas vezes tentou-se derrubar o meu governo. Havia uma campanha até com participação de membros do Ministério Público, um procurador-geral da República, depois, procuradora. Eles propunham denúncias. Eu não dava a menor importância, eu sabia o que eu tinha no Congresso Nacional”, afirmou Temer.