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Após pressões, Planalto busca nome menos ideológico para o Itamaraty

Por Redação

Em 25 de março de 2021

Após meses de críticas e pressões políticas para que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, deixe o governo, o Palácio do Planalto passou a buscar um nome de perfil menos ideológico para o cargo do chanceler.

Desde que as negociações para a compra de vacinas contra a Covid-19 tiveram início, o governo federal tem enfrentado dificuldades para importar doses e insumos necessários para a produção de imunizantes.

De acordo com interlocutores, a troca no comando do Itamaraty já é dada como certa, com o ministro já sendo visto como “demissionário”. Agora, explicam, trata-se de uma questão de tempo. Um perfil de diplomata sem viés ideológico marcante é cobrado no Congresso Nacional.

Deputados, todavia, destacam que se trata de uma reação espontânea em relação ao trabalho “ruim” do ministro. Eles dizem que não há uma movimentação para indicar um nome, mas para que se troque por alguém que mude a política externa.

“É a manifestação da Câmara pela substituição do Ernesto Araújo, mas ninguém está pressionando o governo. Este é momento em que todos querem o melhor para o país”, disse o deputado Paulo Bengtson (PTB-AP).

“O que tem causado hoje maior insatisfação em alguns parlamentares é a questão da vacina, e de não acordos comerciais que poderiam ter sido firmados”, acrescentou.

Na Câmara, a insatisfação é mais forte por parte da Frente Parlamentar da Agropecuária, que defende que a atual ministra da Agricultura, Tereza Cristina, seja realocada para o Itamaraty.

Entre os deputados da frente, a avaliação é de que Tereza teve bons resultados ao tratar de algumas agendas internacionais, como o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, ao qual o agronegócio brasileiro tem grande interesse.

O Planalto, no entanto, não pretende realocar a ministra no Itamaraty. Apesar de ser bastante elogiada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a ideia, no momento, é buscar um “nome de consenso” entre aliados, até para o governo ganhar mais sustentação entre os políticos.

Há ainda a avaliação de que a saída de Araújo do governo não ocorrerá pela sua postura à frente do Itamaraty, uma vez que, segundo aliados, o chanceler segue um discurso que agrada a Bolsonaro.

Confirmada a saída do ministro, ela terá sido feita, explicam interlocutores, em favor da “nova imagem” do presidente, que, recentemente, trocou o comando do Ministério da Saúde por um perfil técnico e passou a defender a vacinação em massa.

Em audiência no Senado Federal na quarta-feira (24/3), Araújo foi alvo de críticas por diversos parlamentares, que questionaram a capacidade do ministro para estabelecer uma boa relação com a diplomacia chinesa como forma para que o Brasil possa aumentar a quantidade de vacinas no curto prazo.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) questionou a possibilidade de o ministro manter-se à frente das negociações por vacinas.

“O senhor se sente realmente à vontade, como chanceler do Brasil, para fazer essas ligações, essa interlocução, essas reuniões remotas com esses países, com a China e com os Estados Unidos, diante deste quadro diplomático desastroso, ministro?”, indagou a senadora.

Outros, como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), foram mais longe, e chegaram a pedir a renúncia do chanceler.

“O senhor realmente se sente possibilitado de continuar nesse cargo e reverter essa situação, sendo que o senhor é responsável pela cara do Brasil lá fora? A nossa cara agora, a cara do Brasil, é a de um país que está colocando o planeta em risco!”, questionou a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP).

“Por favor, chanceler, ponha a cabeça no travesseiro, pense com consciência, se não valeria a pena o senhor abrir mão desse cargo”, pediu a tucana.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, na última semana, um dos principais representantes do Centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), deu um recado claro ao Palácio do Planalto. Ele disse que se o chanceler Ernesto Araújo não mudar a atuação na pandemia, o parlamentar terá de passar a defender “uma troca de ministro”.

“É um ministério que poderia estar ajudando o país neste momento de extrema dificuldade, essa questão das vacinas, insumos, e não ajudou em nada”, afirmou.

Lira cobra postura de chanceler

Durante reunião dos chefes de Poderes, na quarta-feira (24/3), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi cobrado nominalmente pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-PL).

Na ocasião, Lira – que é líder do Centrão – afirmou que Araújo precisava deixar a ideologia de lado e tomar a frente de conversas bilaterais, principalmente com países como Índia, China e Estados Unidos.

Recentemente, o presidente da Câmara se juntou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e ambos passaram a contatar integrantes da embaixada da China no Brasil e também do Parlamento dos EUA.

Após as cobranças e as críticas durante audiência no Senado, o chanceler se encontrou com Lira, na manhã desta quinta, na residência oficial do presidente da Câmara, tentando amenizar a tensão.

Após o encontro, Lira e Bolsonaro se reuniram no Palácio do Planalto. O compromisso não estava previsto na agenda inicial do chefe do Executivo e foi atualizada no meio da tarde desta quinta.

A jornalistas, Bolsonaro disse que os dois conversaram sobre “muitas coisas”, mas evitou citar o nome do ministro.

“Nunca teve nada errado entre nós. Nunca teve nada errado entre nós. Sou um velho amigo de parlamento, torci por ele e o governo continua tudo normal”, declarou o presidente.

“O que nós queremos, juntos, é buscar maneira de contratarmos mais vacinas. É na ponta da linha, fazer que cheguem as informações de que as vacinas estão sendo realmente aplicadas. É isso que nós queremos, disse.

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