Nós estamos a poucos dias do início do principal evento mundial sobre as mudanças climáticas. A partir deste domingo, dia 6 de novembro, o balneário de Sharm El-Sheihk, no egito, vai ser palco da COP27, a Conferência das Partes.
O encontro, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), é realizado desde 1995 e reúne os líderes de praticamente todos os países do mundo.
Na prática, a conferência é uma associação de todos os países membros signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), as chamadas “partes”.
Após um acordo firmado em 1994, essas nações passaram a se reunir anualmente, por um período de duas semanas, para avaliar a situação das mudanças climáticas no planeta e propor mecanismos com o objetivo de garantir a eficiência da convenção.
Nos últimos anos, os encontros resultaram em alguns dos acordos mais importantes da história, como o Acordo de Paris, na COP21, e a criação do mercado global de carbono, na COP26, ano passado. Então, acompanhe as principais conquistas da história das COPs.
Como começaram as COPs?
A primeira vez que as nações se reuniram para discutir o clima foi em 1972, na Convenção de Estocolmo, um evento considerado como antecessor das COPs.
“O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca”, diz a primeira frase da Declaração de Estocolmo.
O evento foi importante para conscientizar a humanidade de que os recursos do planeta são finitos.
Criação do IPCC
Alguns anos após a Convenção de Estocolmo, em 1988, a ONU criou o IPCC, Painel intergovernamental para as Mudanças Climáticas.
A organização é considerada até hoje a principal fonte científica de estudos, análises e medições sobre o clima do planeta.
Rio-92
Quatro anos mais tarde, em junho de 1992, o Rio de Janeiro sediou o maior ajuntamento de chefes de estado para discutir a preservação ambiental até então.
A Rio-92, também chamada de ECO-92 ou Earth Summit (Cúpula da Terra), colocou o Brasil como protagonista dos debates ambientais.
Deste evento saíram três Convenções das Nações Unidas, uma declaração sobre florestas e a agenda 2021.
Foi este evento também que estabeleceu a Convenção Quadro das Nações Unidas para mudança do clima, definindo as prioridades para conter o aquecimento dos oceanos, a ocorrência de secas, enchentes, ondas de calor frequentes e a extinção das espécies, incluindo os seres humanos.
E foi para consolidar as intenções presentes nesta Convenção que a conferência das partes, às COPs, passaram a ser realizadas anualmente.
Início das COPs
COP1, 1995
Em 1995 aconteceu a primeira COP, em Berlim, na Alemanha.
O evento foi marcado pela incerteza quanto ao significado do que cada um dos países deveria fazer para combater as emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE).
Esta COP resultou em um mandato que estabeleceu um período de dois anos de análise e fase de avaliação.
Esta fase, por sua vez, resultou em um catálogo de instrumentos, a partir do qual os países membros podiam escolher e, assim, compor um conjunto de iniciativas correspondentes às suas necessidades.
Principais conquistas das COPs
COP3, 1997
Em 1997 foi realizada a COP3, em Kyoto, no Japão, onde foi estabelecido o Protocolo de Kyoto.
O documento é considerado um marco por ter previsto metas de redução das emissões dos gases de efeito estufa em 5,2% para os países ricos, além de ter criado as bases para um futuro mercado de carbono.
No entanto, o protocolo de kyoto só foi ratificado em 2004, com a adesão de 192 países.
COP13, 2007
A COP13, realizada em Bali, na Indonésia, no ano de 2007, foi outro momento importante na história das COPs.
Foi nesta conferência que ficou claro que sem a inclusão dos países emergentes nas metas para redução das emissões, a conta não fecharia.
Por esse motivo foram criados os compromissos do Mapa do Caminho de Bali.
Estes compromissos previam incentivos para apoiar os países pobres nas questões climáticas.
COP 15, 2009
Na COP15 os países industrializados se comprometeram a providenciar um auxílio de US$ 10 bilhões ao ano, de 2010 a 2020, e com US$ 100 bilhões ao ano a partir de 2020, para os países mais vulneráveis mitigarem os efeitos das alterações climáticas.
E o brasil surpreendeu o mundo ao se comprometer, voluntariamente, com a redução de 36,1% a 38,9% da emissão de gases de efeito estufa até 2020.
Nosso país também se comprometeu em diminuir o desmatamento na Amazônia em 80%.
COP20, 2014
Em 2014, em Lima, no Peru, a COP20 foi responsável por estabelecer às famosas NDCs, ou seja, as Contribuições Nacionalmente Determinadas de cada país nos esforços para combater as mudanças climáticas.
Isso serviria de base para o Acordo de Paris.
COP21, 2015
A COP21, em Paris, na França, teve como principal resultado o Acordo de Paris.
A principal meta do Acordo é manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2°C. Isso porque o aumento da temperatura pode gerar o aumento extremo do nível do mar, além de aumentar exponencialmente catástrofes naturais como secas, enchentes e incêndios.
Outro tópico importante do Acordo de Paris é incentivar os países ricos a dar suporte financeiro às nações subdesenvolvidas.
A intenção é que deste modo todos os países tenham condições de colaborar nos esforços para frear as mudanças climáticas.
195 países assinaram o Acordo de Paris, incluindo os Estados Unidos.
No entanto, em 2017, durante o mandato do presidente norte-americano Donald Trump, os Estados Unidos, um dos principais emissores de GEE, retiraram-se do Acordo.
Vale lembrar que logo no início da administração Biden, em 2021, o país regressou oficialmente ao Acordo de Paris.
COP24, 2018
A COP24 aconteceu em Katowice, na Polônia, em 2018.
Foi nessa COP que o discurso da ativista Greta Thunberg, na ocasião com apenas 15 anos, apelou à ação coletiva urgente no combate às alterações climáticas, reafirmando a importância de uma transição energética que não seja mais a base de combustíveis fósseis, mas sim de energias renováveis.
O discurso de Greta teve grande impacto, especialmente, no público jovem.
Na época, não ficou acordado entre os estados-parte quais seriam as metas de combate às mudanças climáticas até o fim de 2020 e nem quais seriam os mecanismos de financiamento para os países em desenvolvimento e mais vulneráveis ao aquecimento global.
COP 26, 2021
A COP26 aconteceu entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro de 2021, em Glasgow, no Reino Unido.
Foi a primeira Conferência do Clima desde o início da pandemia de Covid-19.
Os principais objetivos alcançados nessa COP foram:
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Garantir a emissão líquida zero no mundo até o meio do século XXI e manter o aumento médio de temperatura global em até 1.5°C;
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Proteger as comunidades e ecossistemas locais;
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Criação do Mercado de Carbono Global: regulamentação de mecanismos de financiamento de países desenvolvidos e instituições financeiras para soluções baseadas em práticas sustentáveis para a transição para a economia de baixo carbono
Durante a COP26 o Brasil, especificamente, também assumiu alguns compromissos importantes:
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Mitigar em 50% as emissões de GEE até 2030, tendo como referência o ano de 2005 e o Quarto Inventário Nacional de Emissões;
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Zerar o desmatamento ilegal até 2028;
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Reflorestar e restaurar 18 milhões de hectares de florestas até 2030;
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Reduzir as emissões de metano em 30% até 2030;
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Aumentar de 45% a 50% a participação das energias renováveis na composição da matriz energética;
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Recuperar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas;
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Ampliar a malha ferroviária;
COP27, 2022
Este ano, acontece a COP27, de 6 a 18 de novembro. O foco brasileiro deve ser energias renováveis.
A expectativa é de que as empresas privadas se engajem cada vez mais em defender o planeta em que vivemos.