Os 300 metros de caminhada que separam o receptivo da imponente boca da gruta antecedem a ansiedade de se entrar numa das mais impressionantes cavidades de Bonito, município no Mato Grosso do Sul que é a capital brasileira do ecoturismo.
Uma vez aqui, desce-se 78 degraus em meio a estalactites e formações calcárias até que a escuridão toma conta do recinto – já que a entrada de luz é restrita pelo formato da abertura do local. É neste momento que as potentes lanternas são acesas e revelam, no fundo, um lago de águas tão límpidas e cristalinas quanto nossos olhos podem enxergar.
Assim é a Gruta do Mimoso, a mais nova atração de Bonito que oferece flutuação e mergulho nas águas interiores da cavidade, as quais chegam a atingir até 70 metros de profundidade. Oficialmente inaugurado no dia 2 de janeiro deste ano, o local passou a receber turistas após mais de 10 anos de estudos e trâmites de licenças de instalação e operação, segundo a administração do atrativo.
Mas sua história é mais antiga: apesar de não ter sido a primeira caverna alagada apto para mergulho no Brasil, a Gruta do Mimoso foi a principal caverna para a prática no país na década de 1990, onde muitos mergulhadores iniciaram seus treinamentos. Agora legalmente autorizada para o turismo, a propriedade distante cerca de 35 km do centro de Bonito, perto da Nascente Azul e do Rio do Peixe na direção da cidade de Bodoquena, abre suas portas para os visitantes apreciarem as belezas naturais que cercam o local.
Diferente do que ocorre com a Gruta do Lago Azul, cartão-postal de Bonito, a Gruta do Mimoso é uma propriedade privada onde os visitantes podem nadar nas águas da caverna alagada, ao contrário dos rígidos protocolos de contemplação do Lago Azul, onde são aplicadas regras para preservação do patrimônio natural.
Um roteiro ideal é tentar visitar primeiro a Gruta do Lago Azul e depois fazer a flutuação na Gruta do Mimoso no mesmo dia, para assim perceber as diferenças e ter a oportunidade de ver de perto as águas de uma gruta.
Preparativos
Construído recentemente, o receptivo da Gruta do Mimoso conta com um local para cadastro dos visitantes, os quais devem ter agendado um horário prévio para visitar a gruta. Por enquanto, neste período inaugural, o destino tem funcionado apenas com a flutuação e os mergulhos, e a atividade de contemplação será implementada aos poucos.
Assim, o passeio se inicia com a troca de roupas e a entrega dos equipamentos nos vestiários. Para a flutuação, os visitantes devem estar com roupas de banho por baixo e vestir um traje de neoprene, além de sapato adequado para mergulho. Independente da modalidade, todos recebem um capacete de proteção.
Acompanhado por um guia, o grupo de no máximo 10 pessoas segue por um percurso por cerca de 300 metros até as duchas, onde os turistas se refrescam e tiram quaisquer produtos químicos. Logo adiante fica a boca da gruta, com um deck e degraus de madeira que os levam até o aguardado passeio.
Interessante é saber que a escadaria de 78 degraus pode ficar parcialmente submersa em determinadas épocas do ano por conta da oscilação das águas interiores, uma vez que o lago tem mudanças de elevação de acordo com as chuvas. CNN Viagem & Gastronomia visitou o local no começo de fevereiro, e as águas estavam bem baixas, mas ainda assim revelavam belezas naturais e geológicas impactantes.
Flutuação e mergulho
Uma vez dentro da cavidade nossos olhos se acostumam com a pouca luz interior, onde estalactites (formações que partem do teto) e estalagmites (formações que partem do chão) revelam obras raras da natureza feitas ao longo de milhares de anos. Local misterioso e fascinante, é preciso estar preparado para adentrar a caverna, já que a escuridão e as escadas podem intimidar alguns visitantes.
A gruta é dividida em diferentes salões, e o primeiro deles é um espaço com belas formações onde qualquer pessoa pode contemplar as belezas naturais mesmo sem entrar na água. O resto dos salões só podem ser acessados por meio do mergulho.
Atividade principal para se fazer em Bonito, a flutuação aqui é diferente do Rio Sucuri ou do Rio da Prata, por exemplo: possui menos biodiversidade e um espaço limitado, mas revela-se especial por ser feita justamente dentro de uma cavidade – passeio inédito no destino. A roupa de neoprene ajuda a conter a sensação fria da água e, dotados de máscaras, snorkel e lanterna à prova d’água, os visitantes entram no lago e flutuam pelo recinto.
É surpreendente poder olhar para baixo e notar as enormes formações rochosas bem debaixo dos pés. Dentro e fora da água, as luzes das lanternas batem nas rochas e nas bordas da caverna, revelando tons azuis e criando um ambiente para lá de fotogênico. Ao todo, incluindo as orientações fora da gruta, o passeio dura cerca de 1h30.
Além da flutuação, os mergulhos com cilindros também são realizados ao lado de guias – às vezes até com as duas atividades ocorrendo ao mesmo tempo. Entre as modalidades, há desde mergulho de batismo (espécie de amostra para os que não têm certificação) até o mais avançado, em que apenas mergulhadores certificados contemplam as profundezas das águas, onde chegam a ver o salão de cones – formações calcárias submersas com quase oito metros de altura.
A partir de março, a flutuação na Gruta do Mimoso custará R$ 219 na baixa temporada e R$ 259 na alta temporada. Tanto o mergulho de batismo quanto para credenciados custarão R$ 400 na baixa e na alta temporada.