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Medina roubado? O que disseram atletas, comentaristas e torcedores sobre eliminação no surfe olímpico

Por Redação

Em 27 de julho de 2021

Notas baixas dadas por juízes a Gabriel Medina causaram indignação entre torcedores brasileiros; ele ficou sem medalhas. Foto: Reuters

A eliminação do ídolo brasileiro do surfe Gabriel Medina na Olimpíada de Tóquio 2021 dominou muitos dos debates nas redes sociais e na imprensa na última madrugada — quase tanto quanto o ouro conquistado pelo também brasileiro Ítalo Ferreira na mesma categoria, poucas horas depois.

Na semifinal disputada na praia de Tsurigasaki no Japão, Medina liderava sua bateria quando viu seu rival, o japonês Kanoa Igarashi, fazer uma manobra difícil que lhe rendeu uma nota alta (9,33). Medina havia feito uma manobra semelhante e conquistado uma nota inferior (8,43).

Igarashi venceu Medina por uma pequena margem — 17,00 a 16,76 — e foi à final, onde conquistou a prata, sendo derrotado por Ferreira.

A vitória na semifinal frustrou os torcedores brasileiros que esperavam ver uma dobradinha brasileira na primeira final do surfe nos Jogos Olímpicos — já que o esporte fez sua estreia como modalidade olímpica neste ano.

Na sequência, Medina foi novamente derrotado na disputa pelo bronze pelo australiano Owen Wright — por uma margem ainda mais estreita, 11,97 a 11,77 — e encerrou sua participação nos Jogos sem medalha.

‘Maior roubo da história do surfe’

O centro da polêmica entre internautas brasileiros foi a primeira derrota de Medina, vista como injusta por muitos torcedores do brasileiro.

O próprio Medina demonstrou irritação em entrevista nesta terça-feira (27/07): “Têm coisas que não dá para entender, mas tinha que ser assim”.

Um dos vídeos mais compartilhados na internet foi um trecho de uma live feita pelo canal do YouTube “Pilhado”, em que um dos melhores amigos de Medina, o surfista Pedro Velasco, fala sobre o episódio.

“A palavra é roubado mesmo, não precisa economizar palavras não”, diz o amigo de Medina.

Ele argumenta que Gabriel Medina executou em duas ocasiões durante a bateria uma manobra mais difícil que o japonês — um “aerial full rotation” — enquanto Kanoa teria colocado a mão na borda da prancha em uma de suas manobras, tirando um pouco o nível de dificuldade. “Eu acho que hoje a gente está presenciando tranquilamente o maior roubo da história do nosso esporte”, afirma.

Outro post muito comentado nas redes foi o da esposa de Medina, a modelo Yasmin Brunet. “Estamos do seu lado e não vamos fingir que não vimos o que aconteceu. Foi roubado na cara dura. Só gostaria muito que alguém se posicionasse e te defendesse”, disse ela no Instagram.

Regras

Os surfistas profissionais Teco Padaratz e Miguel Pupo, que comentavam a prova na TV Globo, disseram que houve um exagero na discrepância das notas, dizendo que provavelmente teriam dado nota melhor a Medina na prova. Padaratz descartou qualquer possibilidade de roubo arquitetado em favor do competidor japonês, já que o júri do surfe é formado por juízes de todo o mundo, inclusive por brasileiros.

A duração de uma bateria é normalmente de 30 minutos e é decidida pelo diretor-técnico, dependendo das condições do dia. Neste tempo, cada atleta tem permissão para surfar no máximo 25 ondas, e suas duas ondas de maior pontuação formam o resultado da bateria.

No oceano, duas ondas nunca são iguais, por isso a pontuação de cada surfista é elaborada subjetivamente por juízes. Um painel de cinco juízes avalia cada manobra com base em critérios como grau de dificuldade, combinações, variedades e inovações de manobras, além de velocidade, potência e fluxo.

Em vez de surfar o maior número de ondas possível ou realizar uma grande quantidade de manobras, os atletas costumam ser seletivos para escolher ondas que ofereçam a possibilidade de se realizar uma manobra com mais qualidade.

Liga Mundial da ‘Vergonha’

Muitos foram para as redes e postaram a frase “World Shame League” (um trocadilho com o nome da WSL, a Liga Mundial do Surfe, em que a palavra “surfe” é trocada por “vergonha”).

O trocadilho já tinha sido usado por torcedores do surfe brasileiro em abril deste ano, quando Ítalo Ferreira foi eliminado pelo americano Conner Coffin nas oitavas de final na etapa de Narrabeen, na Austrália, do Circuito Mundial.

Naquela ocasião, Ítalo realizou uma manobra aérea difícil, mas os juízes consideraram que ele não havia finalizado a aterrissagem. Irritado, o brasileiro quebrou sua própria prancha em frustração. Mais tarde ele divulgou nas redes: “Isso desmotiva qualquer um, só que eu não! Eu ligo o [palavrão] e vou pra próxima”.

Houve também manifestações de racismo e xenofobia contra japoneses após a eliminação de Medina. Pela manhã, os termos “Hiroshima” e “Nagasaki” chegaram a constar entre os trending topics do Twitter.

O surfista Kanoa Igarashi, que derrotou Medina, postou uma foto de sua medalha de prata no Twitter e atraiu muitos comentários negativos de brasileiros em resposta.

O jornalista e surfista Julio Adler, que tem um podcast sobre surfe, ironizou a indignação de parte da torcida brasileira que sequer acompanha o surfe.

“Tava faltando isso, os 200 milhões de especialistas em grabs de aéreos”, tuitou ele, em referência à manobra de Medina.

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Crédito: Coxim Agora.