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Alto custo ainda dificulta uso de tecnologia robótica em cirurgias

Por Redação

Em 22 de junho de 2022

Cirurgia hi-tech: alta precisão, pouco sangramento e menos invasiva – DIVULGAÇÃO

Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada no mês de março, pode facilitar o acesso do treinamento médico para a realização de cirurgias robóticas, favorecendo que um maior número de pacientes seja beneficiado com o procedimento.

 Pelo menos é isso que esperam muitos profissionais da área. A resolução 2.311/2022 estabelece normas e critérios para a capacitação e a certificação de médicos interessados.

Antes das novas regras, havia somente, desde 2008, uma autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a realização desse tipo de cirurgias no Brasil.

De acordo com a nova resolução, a cirurgia robótica só poderá ser realizada por médicos que possuam o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) no Conselho Regional de Medicina (CRM), dentro de cada área cirúrgica específica, conforme o procedimento.

A medida determina que os cirurgiões passem por treinamento especializado em cirurgia robótica durante o período de residência médica ou por capacitação específica.

O treinamento inicial básico é constituído por aulas teóricas e práticas para cada plataforma robótica disponível; treinamento de simulação robótica para desenvolvimento de habilidades psicomotoras; e aulas teóricas sobre o equipamento e seu funcionamento, sob a responsabilidade do fabricante.

O treinamento envolve ainda acompanhamento presencial de 10 cirurgias robóticas, com pelo menos três delas da especialidade em que o profissional deseja atuar; prática de no mínimo de 20 horas com simulador robótico validado para a finalidade escolhida; e outros protocolos.

Após o treinamento inicial, o profissional precisa passar por um treinamento avançado, realizando um mínimo de 10 procedimentos como cirurgião principal sob supervisão, e aprovação, de um cirurgião instrutor.

AQUI MESMO

“Antes, o cirurgião que quisesse ter acesso a esse treinamento deveria necessariamente consegui-lo somente junto à empresa fabricante da tecnologia, sendo necessário viajar ao exterior para tal. Hoje, já temos no Brasil três ou quatro centros especializados nessa capacitação médica”, diz o médico Adilon Cardoso Filho, que atua como cirurgião gastro.

Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (Sobracil), Cardoso Filho possui certificação para a realização de cirurgias robóticas do aparelho digestivo e espera que a resolução do CFM amplie o acesso de profissionais brasileiros ao treinamento especializado.

A expectativa é calçada na possibilidade da criação de novos centros de capacitação para certificar mais médicos no País.

DEMANDA

Apesar da recente regulamentação das cirurgias robóticas pelo CFM, o procedimento já é realizado no Brasil há mais de uma década.

Para o especialista, com o aumento do número de equipamentos de cirurgia robótica, que não param de chegar ao País, o conselho federal “viu a necessidade de uma regulamentação desse treinamento para que haja uma democratização do acesso dos médicos a esse tipo de capacitação”.

Segundo Cardoso Filho, o Brasil tem um “bom número” de profissionais médicos capacitados para tal procedimento, mas a quantidade ainda é considerada insuficiente para atender às demandas.

VANTAGENS

O uso de robôs nas salas de cirurgias permite a realização de procedimentos complexos e delicados, que poderiam ser difíceis ou até impossíveis para os humanos, pois há um controle preciso dos movimentos e uma visualização ampliada das estruturas.

A primeira cirurgia robótica realizada no Brasil ocorreu em 2008, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Após 13 anos, o número de procedimentos vem crescendo gradativamente, impulsionado, sobretudo, por outros diferenciais, a exemplo do sangramento menor durante a operação e da redução do tempo de internação e de recuperação.

Diferentemente do que muitos pensam, os “braços” do robô não funcionam de forma autônoma durante uma cirurgia.

Eles são totalmente controlados por um cirurgião, que fica ao lado do paciente durante todo o procedimento, manuseando o aparelho que “segura” os finos instrumentos.

O robô interpreta os movimentos dos dedos e punhos do médico, transformando-os em movimento cirúrgico, permitindo um movimento mais preciso e delicado, evitando o cansaço do profissional ao longo da cirurgia. Outra vantagem: a tecnologia é minimamente invasiva.

DESAFIOS

A única empresa que comercializa o equipamento em território nacional – a H. Strattner – informa que já foram realizadas mais de 30 mil cirurgias robóticas no País, contabilizando todas as especialidades médicas. A maioria dos procedimentos foi feita na Região Sudeste.

Entre agosto de 2018 e fevereiro de 2020, o número de equipamentos instalados em todo o País aumentou de 40 para 76, o que representa um crescimento de mais de 90%, deixando o Brasil com a nona maior capacidade instalada do planeta.

Estima-se que aproximadamente 1.200 cirurgiões, em mais de 14 especialidades médicas, estejam certificados pela empresa para a realização da cirurgia robótica nos dias atuais.

Apesar dos bons resultados, a popularização da cirurgia robótica ainda tem um longo caminho pela frente para se tornar um procedimento comum no Brasil.

Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, cerca de 90% dos procedimentos cirúrgicos para tratar câncer de próstata já são realizados por meio da cirurgia robótica.

CUSTA CARO

O alto custo e o baixo número de equipamentos na rede pública também configuram empecilhos para a popularização dos robôs nos tratamentos cirúrgicos. Em hospitais privados, alguns procedimentos chegam a custar mais de R$ 40 mil.

“A cirurgia robótica é hoje, no Brasil, uma técnica consolidada, e seus benefícios são amplamente conhecidos. O que falta ainda é um maior acesso das instituições médicas, sejam elas públicas ou privadas, ao equipamento e a ampliação da capacitação dos médicos para a realização desses procedimentos”, avalia Adilon.

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Crédito: Coxim Agora.