A síndrome da fermentação intestinal, também conhecida como síndrome da autocervejaria, é uma condição médica rara em que o próprio corpo produz álcool. De acordo com especialistas, essa síndrome provoca a produção de etanol pelo sistema digestivo quando o paciente consome alimentos ricos em carboidratos.
O uso de antibióticos e a ocorrência de doenças pré-existentes também são situações que podem perturbar o ecossistema intestinal e levar ao desenvolvimento dessa síndrome.
Thiciane Fauve, médica gastroenterologista e coordenadora da área de gastroenterologia do Hospital Sírio-Libanês Brasília, explica que a condição é mais comum em pessoas que já têm outros problemas intestinais.
“Caracteriza-se pela proliferação generalizada de microrganismos intestinais, o que, por sua vez, leva à produção endógena de álcool”, detalha.
? Produção endógena é o nome dado pela ciência a processos realizados pelo próprio organismo. Diversos hormônios, por exemplo, são substâncias de produção endógena do corpo.
Segundo um estudo de caso publicado da revista científica BMJ Open Gastroenterology, apesar de ser uma condição rara, o diagnóstico deve ser considerado para qualquer paciente que apresente sintomas por intoxicação por álcool e não tenha ingerido bebidas alcoólicas.
A síndrome pode levar a situações incomuns e causar problemas por conta dos sintomas. Nesta segunda (22), a Justiça da Bélgica absolveu um homem acusado de beber e dirigir porque ele tem essa condição. O quadro foi confirmado por três médicos.
Principais sintomas
Os sintomas da síndrome são muito comuns aos de estar embriagado. Thicianie Fauve, que também é especialista em doenças intestinais, pontua que o quadro pode ser leve ou grave, a depender da quantidade de álcool produzido no intestino.
? Os principais sintomas dessa condição são:
- Embriaguez inexplicável – isto é, sem ter feito nenhuma ingestão de álcool;
- Tontura;
- Náuseas;
- Vômito
- Fadiga;
- Distúrbios do sono;
- Problemas de memória.
“A síndrome da autocervejaria é uma condição rara e incomum. A maioria das pessoas consegue metabolizar o álcool normalmente, sem experimentar esses sintomas”, lembra a gastroenterologista.
Mudanças de hábito para o tratamento
Para tratar a síndrome, os especialistas explicam que é necessário, principalmente a modificação no estilo de vida. Isso porque, na maioria das vezes, é preciso restringir a ingestão de alimentos ricos em carboidratos e açúcares.
Alguns quadros também pedem o uso de medicamentos que controlem os sintomas e a superpopulação de leveduras no trato gastrointestinal – uma vez que são responsáveis pela fermentação que acontece no intestino e leva à produção de álcool.
Em alguns casos relatados na literatura médica, como o apresentado na “BMJ Open Gastroenterology”, o paciente melhora de forma significativa com a mudança na dieta, sem a realização de uma terapia com medicamentos.
“É importante lembrar que a moderação no consumo de álcool e uma alimentação equilibrada são fundamentais para manter a saúde do organismo e prevenir o desenvolvimento de condições como a síndrome da autocervejaria”, pondera Fauve.
Fonte: g1/ML