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Produtores do Sul e no Mato Grosso do Sul têm prejuízo de R$ 71,9 bilhões

Por Redação

Em 15 de fevereiro de 2022

Foto: Fecoagro-RS/ Divulgação

Produtores de grãos dos três Estados do Sul e do Mato Grosso do Sul vão deixar de embolsar R$ 71,87 bilhões nesta safra por causa da forte estiagem. O prejuízo, calculado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), considera as perdas registradas até o momento, considerando os preços de mercado dos produtos. Se forem incluídas as quebras da produção de frutas do Vale do São Francisco, em razão das chuvas no Nordeste, essa conta sobe para R$ 72,47 bilhões.

Maciel Silva, coordenador de Produção Agrícola da CNA, responsável pelas projeções, ressalta que estão de fora dessa cifra os efeitos negativos da estiagem sobre as pastagens, que têm desdobramentos sobre a produção de carne bovina e de leite. “Houve perdas expressivas nas pastagens, mas ainda a gente não consegue mensurar.”

Na sua avaliação, o milho que é o grão essencial para alimentação de suínos, bovinos e aves, deverá ser o produto mais crítico no abastecimento nos próximos meses e que pode gerar mais pressões inflacionárias.

O motivo é que já houve quebra na segunda safra de milho do ano passado, quando normalmente são produzidos os maiores volumes do grão. E é exatamente o estoque de passagem do ano anterior somado com a produção da primeira de milho, que foi prejudicada neste ano, que devem garantir oferta nos próximos meses. “A questão do abastecimento do primeiro semestre está muito comprometida”, alerta Silva.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, a seca provocou a quebra de 70% na produção do milho da primeira safra e 48,7% na soja. “Essa é a estimativa até 22 de janeiro, mas de lá para cá as coisas pioraram”, afirma o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS), Paulo Pires.

Em relação à pecuária de leite, ele conta que os produtores estão aguardando chuvas para restabelecer as pastagens. “O produtor de leite precisa com urgência de chuvas para implantar um novo pasto, porque alimentar o rebanho com ração terá um custo muito elevado por causa da quebra na produção de grãos.”

Pires lembra que a última frustração de safra significativa no Rio Grande do Sul, comparável à atual, ocorreu em 2012. Os produtores gaúchos vinham de um bom momento e este ano será um ano de descapitalização por causa da estiagem. No Rio Grande do Sul, 82 mil produtores já acionaram o seguro.

André Dobashi, presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) do Mato Grosso do Sul, outro Estado afetado pela seca, conta que os agricultores que acionaram o seguro enfrentam dificuldades por causa da grande quantidade de sinistros. “Há disputa por peritos nas seguradoras”, conta.

Já no Paraná, outro Estado também afetado pela seca, apenas 40% das áreas têm seguro agrícola. Flávio Turra, gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), explica que a maior parte dos produtores paranaenses plantam com recursos próprios e, portanto, acabam não fazendo seguro vinculado ao crédito rural. “O produtor das regiões mais afetadas vai ter prejuízo e será grande”, observa. Quem tem seguro, terá o prejuízo coberto, mas ficará sem margem de comercialização.

Para aliviar as perdas dos produtores, a Ocepar negocia neste momento com o governo federal, Ministério da Agricultura e Ministério da Economia, o alongamento do prazo de pagamento das parcelas dos empréstimos contraídos para custeio e investimento da safra e vencem neste ano. Turra diz que até agora nada foi decido e o governo estuda a proposta.

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