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Peixes agonizam na lama em baía seca no Pantanal

Por Redação

Em 21 de outubro de 2021

Peixes agonizam por vida em resto de bacía no Pantanal. — Foto: Luiz Felipe Mendes/Reprodução

Lama, um resto de água, peixes e o último suspiro de vida se esvaindo em agonia. Um vídeo mostra peixes típicos da fauna pantaneira agonizando em meio a lama, do que restou de uma das bacias da Serra do Amolar, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O registro foi feito pelo biólogo e produtor de conteúdo audiovisual, Luiz Felipe Mendes.

Mendes foi ao Pantanal para gravar vídeos para um documentário alemão, que contará a história de extinção das espécies. No bioma, além de ver e registrar o vídeo dos peixes se debatendo, outros sentidos ficaram marcados. “Ali vemos a imagem, mas tem o som e o cheiro. Cheiro de morte, barulho dos peixes se batendo, é muito triste”, relembra.

“Ali”, descrito por Mendes, é a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Eliezer Batista, na Serra do Amolar. A primeira ida do biólogo ao local foi em 2018, onde registrou um Pantanal completamente diferente do visto em 2021.

‘É tudo muito triste’

Na semana do dia 24 de setembro deste ano, Mendes aterrissou no Pantanal. O biólogo já sabia que não encontraria as paisagens exuberantes vistas há anos. O cenário era o pós-fogo: seca extrema, resquícios de queimadas e um ressurgimento tímido do bioma.

“Eu estou acostumado a ir ao Pantanal há muito tempo. Trabalho com filmagens de paisagens há vários anos. Meu foco sempre foi a beleza, o bonito, o Pantanal intenso, o Pantanal pleno. Participar da gravação deste documentário foi um choque muito grande. Eu já conhecia a região do Amolar, conheci em uma época que não estava na cheia, mas era cheio de vida. Dos pantanais que conheço, era o mais bonito em questão de paisagens, o que mais tinha água e refletia. Eu fiquei apaixonado. Voltar agora e ver estas condições, é muito triste”, descreve.

CENÁRIO NO BIOMA.

Mendes diz que foi tomado por tristeza quando viu o Pantanal, até então desconhecido. A fauna e flora exuberantes, então afetadas pelas queimadas de 2018, 2019, 2020 e 2021, já era diferente.

“O primeiro contato quando vi foi aquilo. É muito triste saber que o Pantanal tem essa beleza exuberante e que agora, com esta seca, é muito triste ver estas vidas se perdendo”, reflete.

Nos três primeiros dias de expedição, Mendes diz ter ficado impactado. Conforme o tempo passou e diante da missão de registrar o rescaldo da destruição, um sentimento anestésico tomou conta. “Saber que por conta da nossas atitudes o mundo está vivendo essa mudança climática que afeta a vida. Você presenciar isso de perto é muito doloroso”.

Futuro… incerto

“É importante mostrarmos para o pessoal que estas mudanças estão acontecendo. O choque é bem importante, porque corremos o risco de perder esta beleza. Temos que mudar os nossos hábitos para termos o Pantanal por mais tempo”, alerta o biólogo.

Mesmo que as águas e chuvas voltem, os 4,65 bilhões de animais afetados com as queimadas no Pantanal podem não se recuperar totalmente. Outros 10 milhões morreram, afetando a diversidade biológica da região.

“A baía que estava cheia de vida, os peixes morreram. Se a chuva demorar, os peixes colocam ovos, alguns podem conseguir retornar. 95% foram extintos. Onde era uma bacia cheia de vida, virou um deserto árido. Mesmo que as águas voltem, as vidas que foram perdidas não voltam mais”, explica.

Já em casa, depois da expedição, Mendes remonta que ao rever as fotos e vídeos, junto da família, sentiu a tristeza novamente. “Chegar em casa e ver todos os vídeos, de novo, é impactante demais, é triste. As nossas ações estão acabando com o bem que a gente tem. Isso é o registro no Pantanal, mas é reflexo do que está acontecendo na Amazônia, no Cerrado e em todos os biomas. É triste saber que talvez a minha filha não tenha o mesmo privilégio que eu tive”, finaliza.

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Crédito: Coxim Agora.