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Pantanal é, hoje, maior tragédia ambiental que Lula enfrenta

Por Redação

Em 31 de julho de 2024

Um tuiuiu, ave símbolo do Pantanal, está em seu ninho, cercado da destruição causada pelo fogo – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava programado para visitar o Pantanal, em Mato Grosso do Sul, desde o mês passado, em conjunto com a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva. Porém, a agenda acabou mudando e a ministra foi responsável por acompanhar a situação do bioma desde 28 de junho. Os incêndios representam a maior tragédia ambiental que seu governo está enfrentando atualmente.

A Amazônia, que concentra as atenções nacionais e internacionais, registrou redução de 52% de desmatamento. Nessa visita a Corumbá e sobrevoo ao Pantanal, Lula vai ter um cenário que mostra mais de 6% do território atingido pelo fogo após um período de quase sete meses de incêndios.

Existe a previsão de ele sobrevoar a região da Nhecolândia, onde há focos ativos, proximidades de Aquidauana, onde o fogo está mais grave desde a semana passada, e também área no entorno da Serra do Amolar, onde as chamas cruzaram a fronteira com a Bolívia neste domingo (28) e atingiram esse local que tem importância na biodiversidade e onde há famílias ribeirinhas.

A agenda de Lula no Pantanal, programada para começar às 8h30 desta quarta-feira (31), e durar até 12h, vai ser acompanhada pelo governador Eduardo Riedel (PSDB), além de deputados federais da bancada de Mato Grosso do Sul.

Lula também vai sancionar lei que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. O Projeto de Lei n° 1818/2022 foi aprovado no Congresso em 3 de julho, mas tramitava desde 2018 no Legislativo Federal. Primeiro, pelo PL n. 11.276/18, depois passando para o PL 1818/22.

Foi o ex-presidente Michel Temer quem apresentou o texto, que prevê o uso do fogo em locais onde as peculiaridades o justifiquem para práticas agropecuárias. Também será permitido utilizar o recurso para pesquisa científica aprovada a cargo de instituição reconhecida; prática de prevenção e combate a incêndios; cultura de subsistência de povos indígenas, comunidades quilombolas ou tradicionais e agricultores familiares; e capacitação de brigadistas florestais.

A agenda também incluiu a ida de Lula ao Parque Marina Gatass, em Corumbá, onde está funcionando a sede do Prevfogo/Ibama. Após junho, quando os incêndios agravaram-se no Pantanal, o governo federal autorizou, de forma emergencial, R$ 137,1 milhões em recursos extras para combate às chamas.

DRAGAGEM

Além das queimadas, que já destruíram quase 700 mil hectares de vegetação no Pantanal de Mato Grosso do Sul neste ano, a liberação da licença para dragagem de três pontos do Rio Paraguai deve ser um dos temas centrais da visita do presidente Lula a Corumbá.

A dragagem, entre Corumbá e Porto Murtinho, no chamado tramo sul da hidrovia, já tem R$ 95 milhões previstos no PAC, anunciado em agosto do ano passado. Porém, para o início dos trabalhos falta a concessão da licença, que está dependendo do presidente nacional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Rodrigo Antônio de Agostinho Mendonça.

Na semana passada, a Agência de Desenvolvimento Sustentável das Hidrovias e dos Corredores de Exportação (Adecon) encaminhou ofício ao Ibama pedindo prioridade para liberação da retirada da areia do fundo do Rio Paraguai em pelo menos três locais.

Conforme o ofício, já existe um pedido para dragagem emergencial de passos críticos desde o dia 7 de julho, mas ainda falta uma decisão. Segundo a superintendente local do Ibama, Joanice Lube Battilani, a decisão depende de Brasília e “amanhã com certeza esse assunto será levado ao presidente”. Ela, inclusive, vai acompanhar a visita de Lula a Corumbá.

Conforme o presidente da Adecon, Adalberto Tokarski, há “enorme risco de parar a navegação no tramo sul”. Atualmente, o transporte de minérios está parado por conta do baixo nível do Rio Paraguai, que na régua de Ladário amanheceu com apenas 52 centímetros.

Quando o nível fica abaixo de um metro, o transporte de minérios precisa ser suspenso e faz exatamente um mês que está abaixo deste nível. Por outro lado, é exatamente este o período ideal para os trabalhos de dragagem.

LONGA ESPERA

No começo de outubro do ano passado o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, estimou em três ou quatro meses o tempo necessário para concessão da licença.

Porém, quase dez meses depois, o documento ainda não saiu e o transporte de minérios nos primeiros cinco meses do ano caiu 50% na comparação com 2023. De janeiro a maio foram 1,78 milhão de toneladas, ante 3,55 milhões em igual período do ano passado.

Por isso, “acredito que o setor de mineração de Corumbá vai conversar com o presidente Lula sobre a necessidade de manutenção da dragagem no Rio Paraguai pra escoamento do minério”, afirmou a superintendente local do Ibama.

Saiba

A agenda do presidente está programada para começar 8h30, e ele deve sobrevoar o Pantanal junto de Riedel, sancionar lei e ir até o Parque Marina Gatass, onde está a sede do Prevfogo/Ibama.

Fonte: Correio do Estado

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