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Fumaça se espalha, população de cidades irmãs sofrem juntas e vivem na esperança de chuva no Pantanal

Por Redação

Em 23 de junho de 2024

Fumaça faz parte do horizonte da cidade (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Separadas por apenas uma rua, Corumbá e Ladário compartilham muito mais que as águas do Rio Paraguai e semelhanças culturais entre seus povos. Toda vez que o fogo avança no Pantanal, as cidades vizinhas se unem a um único desejo: chuva forte o bastante para devolver o alagado da planície e mandar embora a fumaça.

“Nessa hora Corumbá e Ladário são uma só”, comenta Diego de Jesus, de 49 anos. O pensamento do mecânico é quase unânime entre os mais de 110 mil habitantes das duas cidades. E também por quem circula “lá e cá”.

Este é o caso da servidora pública Kely Baná, de 39 anos, nascida e criada em Ladário, mas que atualmente mora em Corumbá. “Quando a fumaça chega, as duas cidades sentem, porque afeta por igual. Todo mundo sofre”, afirma.

E o sofrimento dos moradores durante os incêndios, a servidora pública conhece de perto. “Eu sou da área da saúde e o que a gente vê são pessoas com doenças respiratórias, vômito e diarreia lotando as UPAs e o Pronto Socorro. Por meses essa vira a realidade das duas cidades”, relata.

População compartilha sofrimento e tradição

De todos os lados, a quilômetros de distância, é possível ver a cortina de fumaça que encobre a área onde estão os municípios. Somadas as populações, Corumbá e Ladário abrigam 117,8 mil moradores. Pessoas que diariamente se veem expostas à fuligem, fumaça e ao calor extremo.

“É horrível, acordo todos os dias rouca, meu neto fica doente e tudo isso indigna a gente. É uma situação pela qual passamos e sofremos igualmente todos os anos, seja em Corumbá ou em Ladário”, acrescenta a professora Simone Moraes da Silva, de 54 anos.

A fumaça é tradição no inverno, mas o Arraial de São João também. As duas cidades realizam nesta semana a festa junina com banho do santo, consideradas Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Para os moradores, comemorar a data é uma oportunidade de aliviar a tensão dos dias difíceis e também conscientizar a população sobre os perigos dos incêndios florestais.

Rio Paraguai em estado crítico

O nível do Rio Paraguai também preocupa os moradores por estar muito abaixo do normal. Com a festa de São João, os corumbaense ganharam um espaço extra.

Segundo os moradores, em outros anos as pessoas não conseguiam descer a escadaria do Porto Geral e se aproximar por conta do nível do rio. Porém, em 2024, além de descer a escadaria, a população pode aproveitar os bancos de areia que surgiram.

O Rio Paraguai já chegou a marca de 3 metros abaixo da média histórica para o período. A estiagem e baixa umidade relativa do ar agravam o cenário. Dados do Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai mostram que praticamente toda a bacia está em nível mínimo. Em Ladário, por exemplo, o nível do Rio Paraguai está em 1,31 metros, sendo que o esperado para a época é de 4,41 metros.

Fonte: Midiamax

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