
Um grupo de pesquisadores da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) classificou como “enorme a probabilidade” do lixo espacial encontrado no Paraná ser parte do foguete Falcon 9 da SpaceX, do bilionário Elon Musk.
Um relatório da Agência Espacial Brasileira (AEB) divulgando na terça-feira (31) confirmou que a peça metálica é, de fato, um artefato que estava órbita espacial e retornou à Terra. Até a publicação desta reportagem, a AEB não havia informado a qual empresa pertencia o objeto tampouco o país de origem da companhia.
Os especialistas acreditam que o objeto seja a tubeira de um dos motores da segunda etapa do foguete da empresa de Musk. O Falcon 9 foi lançado em 2015, mas ficou sem combustível suficiente para retornar à Terra depois de completar sua missão e acabou permanecendo no espaço.
Conforme publicado pelo Bramon, a localização da cidade de São Mateus do Sul, onde o objeto foi encontrado, fica “praticamente abaixo da trajetória da reentrada” do foguete que foi observada na semana anterior à descoberta do artefato.
A peça de metal retorcido foi encontrada em 16 de março deste ano por um casal e tem cerca de quatro metros de comprimento. Ela foi localizada em uma propriedade rural, onde foi analisada por técnicos da AEB.
Ainda de acordo com o grupo de pesquisadores, ao analisarem as imagens, eles encontraram semelhanças entre a tubeira do motor Merlin 1D do foguete Falcon 9 com o objeto. As imagens foram disponibilizadas no site da Rede de Monitoramento.
Segundo o Branom, as semelhanças são:
- Na solda das emendas;
- Nos buracos de rebites que podem ser visto nos dois objetos
Além disso, o instituto ainda ressaltou que o tamanho citado pelos moradores, de cerca de quatro metros, bate com a medida de mais de três metros característica da peça.
Por fim, os pesquisadores ainda apontaram que o material da tubeira do motor explicaria o fato do objeto ter resistido à reentrada atmosférica.
Conforme os especialistas, a tubeira é feita de uma liga de nióbio e titânio que garante resistência adicional às altas temperaturas.
O objeto
De acordo com a empresária Joseane Maria Franco Portes, o objeto foi encontrado por acaso, quando o marido dela, João Ricardo Pacheco Porte, verificava as cercas da propriedade.
“Ele encontrou a peça e disse ‘Jô, achei um negócio no meio do mato, venha ver’. Aí eu fui e levei o celular. Mas não tive coragem de encostar”.
A empresária explicou que o objeto caiu em um terreno ao lado do que ela e o marido moram. Na época em que a peça foi encontrada, ela disse acreditar que o artefato caiu em seu terreno na semana anterior.
“Eu ouvi um barulhão, umas 5h. Eu pensei que alguma coisa tinha explodido aqui perto, mas fui lá fora e não vi nada. Como o terreno é grande e trabalhamos com eventos, não é sempre que andamos por tudo, aí não achamos antes”.
Ao tomar conhecimento do caso, a Agência Espacial do Brasil enviou um técnico para analisar a peça e colher informações para determinar se o artefato era ou não lixo espacial. Na época, a agência informou que caso a peça fosse confirmada como lixo especial e a empresa proprietária fosse identificada, a AEB notificaria, com base em tratados internacionais, os responsáveis pelo objeto para que ele seja removido de solo nacional.