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PEC que acaba com terrenos de marinha pode gerar corrida imobiliária para futuros cassinos

Por Redação

Em 23 de fevereiro de 2022

Foto: Divulgação

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que está na pauta do plenário da Câmara nesta terça-feira (22), que retira a propriedade exclusiva da União sobre terrenos de marinha, pode liberar a construção de grandes áreas à beira mar, inclusive de clubes e resorts para hospedar cassinos. Os deputados também estão em vias de analisar o projeto de lei que regulariza os jogos de azar no Brasil.

Os dois projetos estão pautados para a sessão desta terça e podem render benefícios um ao outro, caso sejam aprovados na Câmara e no Senado na forma que estão apresentados.

De acordo com o deputado João Carlos Bacelar Batista (Podemos-BA), presidente da Comissão de Turismo e da Frente Parlamentar Mista do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, além de uma regulamentação dos jogos, há a possibilidade de se chegarem grandes empreendimentos no país. “Claro que alguns resorts que tenham integração com cassinos podem ter interesses nessas áreas [de marinha].”

Fontes ouvidas acreditam que essa disponibilidade de terrenos pode atrair grandes empreendimentos e até investidores estrangeiros para construções turísticas com oportunidade de lucros em lazer e geração de empregos. Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) classificou de absurda a venda das áreas de marinha. “Querem construir cassinos nas praias. São ilhas, restingas, manguezais e praias que poderão ser vendidas”.

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (DEM/RJ), que é contra o projeto dos jogos de azar, afirmou que “deixa indícios” da possibilidade desses terrenos de marinha terem a destinação aos cassinos, mesmo que indiretamente.

O texto do relator, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), prevê que a União deverá transferir o domínio pleno desses terrenos de forma gratuita para estados e municípios ou habitantes de baixa renda (vila de pescadores, por exemplo). Moreira afirmou que as duas propostas “não tem nenhuma relação”.

Procurado, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), afirmou que apenas a PEC dos terrenos de Marinha deve ser analisada nesta terça-feira (22). Lira disse ainda que os assuntos não se relacionam. “Não há qualquer vínculo com isso, a PEC não trata dessa maneira,” completou. O PL que regulamenta jogos de azar deve ser votado na primeira quinzena de março.

Os proprietários de 600 mil imóveis poderão comprar a parcela da União em suas áreas e ficarão livres da taxa de foro, paga todo ano, e do laudêmio na transferência de titularidade. Ambas rendem R$ 1 bilhão anual à União. Mas com essa venda total das áreas é estimado um retorno aos cofres públicos de 140 bilhões de reais em dois anos.
Atualmente, os terrenos de marinha estão listados na Constituição Federal como bens da União e estão definidos pelo Decreto-Lei 9.760/46 com base na linha da preamar média (média das marés altas) de 1.831, ocupando uma faixa de terra de 33 metros ao longo de toda a costa brasileira.

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