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Lucy, nossa mais famosa ancestral, era mais habilidosa do que se imaginava

Por Redação

Em 10 de outubro de 2024

Reconstrução de ‘Lucy’, no Museu da Evolução de Varsóvia — Foto: Wikimedia Commons

Lucy, a ancestral humana mais famosa (Australopithecus afarensis), teve seu fóssil descoberto em 1974, na Etiópia. Ela era de um grupo extinto de hominídeos, os australopitecos. Um novo estudo mostra que esses primatas já tinham desenvolvido habilidades para usar ferramentas antes mesmo dos primeiros membros do gênero Homo sp. surgirem na Terra.

A pesquisa realizada por pesquisadores da Alemanha e Suíça foi publicada no último dia 4 de outubro no periódico Journal of Human Evolution.

Como destaca o portal IFLScience, a primeira vez que os australopitecos chegaram às manchetes noticiosas foi há meio século. Na ocasião, os cientistas tinham recém-descoberto Lucy, um exemplar com cerca de 3,2 milhões de anos.

Os antropólogos presumiam até agora que os australopitecos não tinham o formato de mão certo para realizar tarefas tão complexas. Contudo, a nova análise indica que, na verdade, algumas espécies de Australopithecus eram capazes de usá-las para agarrar e manipular objetos com intencionalidade.

Revisitando nossos primos hominídeos

Para determinar as capacidades manuais desses hominídeos primordiais, os autores do estudo criaram modelos 3D dos músculos, tendões, ligamentos e ossos de três espécies do gênero. A análise começou pelo Australopithecus sediba, que viveu há pouco menos de dois milhões de anos e chegou a coexistir com espécies humanas.

Os pesquisadores encontraram um padrão de fixação muscular que “sugere uso de mãos semelhante ao humano, incluindo força de preensão, manipulação com as mãos e, potencialmente, uso de ferramentas”.

Particularmente interessante, descobriu-se que a musculatura intrínseca do mindinho da criatura estava alinhada com a de animais posteriores na evolução. Nossos ancestrais Homo sp. dependiam muito desse dedo para empregar as ferramentas de pedra.

Lucy, um exemplar de Australopithecus afarensis, possui cerca de 3,2 milhões de anos de idade — Foto: Wikimedia Commons
Lucy, um exemplar de Australopithecus afarensis, possui cerca de 3,2 milhões de anos de idade — Foto: Wikimedia Commons

Com a atenção voltada para Australopithecus afarensis, grupo ao qual Lucy pertencia, a equipe identificou que suas mãos exibiam uma mistura de características semelhantes às de primatas mais modernos.

As mãos de Lucy e seus contemporâneos, no entanto, pareciam estar mais alinhadas com as de gorilas, chimpanzés e orangotangos do que com as de humanos. Ainda assim, a espécie teve algum grau de “uso habitual das mãos, semelhante ao humano, envolvendo maior uso do quinto raio”.

Anteriormente, A. afarensis havia sido considerada uma espécie incapaz de produzir ferramentas de pedra. Portanto, foi descartada como uma possível criadora da indústria Lomekwiana, que representa as ferramentas mais antigas conhecidas no planeta.

A nova descoberta abre margem para atribuir esses antigos aparatos a Lucy e seus semelhantes. É possível que eles produzissem ferramentas rudimentares enquanto também utilizavam as suas mãos para locomoção, como os macacos nas árvores.

Um terceiro e último modelo foi então produzido para o Australopithecus africanus. Embora eles também exibissem características manuais semelhantes às mãos humanas, os cientistas não conseguiram determinar os tipos de comportamentos dos quais essa espécie era capaz.

“No geral, nossos resultados sugerem que A. sediba e A. afarensis habitualmente realizavam um conjunto de atividades manuais que eram semelhantes (mas não idênticas) aos padrões de agarrar com força e manipulação com as mãos vistos nos Homo sp. posteriores”, escrevem os pesquisadores no artigo.

“Essas descobertas fornecem novas evidências de que algumas espécies de australopitecos já estavam habitualmente envolvidas em manipulação semelhante à humana, mesmo que sua destreza manual provavelmente não fosse tão elevada”, concluem.

Fonte: Galileu

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