Após a reunião do Conselho Europeu em Bruxelas, o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, cobrou uma resposta mais “solidária” do bloco na questão da migração, mas disse que foram dados “passos adiantes” nas conversas entre a segunda (24) e terça-feira (25).
“Eu apresentei os números das últimas semanas. Preciso dizer que sobretudo, por parte da França e Alemanha, há a consciência do problema, mas também por parte dos outros. É preciso uma resposta solidária, não de indiferença”, disse Draghi em coletiva de imprensa.
O premiê ainda ressaltou que levou o tema para a reunião europeia porque havia tempo que o assunto não era debatido.
“Colocar para dormir um problema não vai fazer ele desaparecer.
E ele estará também na próxima reunião do Conselho”, pontuou ainda.
Em 2021, a Itália vem enfrentando uma nova onda de chegada de migrantes pelo Mediterrâneo muito acima das médias dos últimos anos. Para se ter uma ideia, até esta terça-feira, o país recebeu 13.766 deslocados internacionais, contra 4.767 no mesmo período de 2020 e de 1.490 em 2019.
Draghi ainda comentou que os líderes debateram sobre a questão das vacinas anti-Covid e a possível quebra de patentes temporárias dos imunizantes, para ampliar a produção no mundo.
“Há uma certa satisfação sobre a maneira como a vacinação está ocorrendo em toda a região, mas a campanha deve acelerar também no verão [europeu]. Os fornecimentos continuarão a chegar de maneira suficiente”, acrescentou.
Rússia e Belarus – Draghi também falou sobre as sanções impostas pela União Europeia contra Belarus, anunciadas na segunda-feira, por conta do desvio de um avião da Ryanair que fazia a rota entre Grécia e Lituânia e que foi obrigado a pousar em Minsk, em Belarus, por uma suposta bomba a bordo. Entre as medidas, está o congelamento de investimentos no país e o fechamento do espaço aéreo europeu.
Na ocasião, nenhum explosivo foi achado, mas um opositor do presidente Aleksandr Lukashenko foi detido. Também fontes informam que quatro agentes russos estavam disfarçados na aeronave e não chegaram a Vilnius, tendo desembarcado em Minsk.
“As sanções foram equilibradas e bem diretas: todos sentimos o dever de anunciar essas sanções e condenar o ato de Belarus. Se haverá reações da Rússia? Veremos. Somos um continente forte. O nível de interferência, seja com espiões que vimos recentemente ou seja na web, é algo que se tornou verdadeiramente alarmante”, acrescentou.
Também nesta manhã, o Conselho emitiu uma nota em que condena as “ações desestabilizadoras” de Moscou e pede que a Comissão Europeia apresente “todas as opções políticas” possíveis de serem adotadas contra os russos.
Quem também se manifestou sobre a questão russa foi o presidente francês, Emmanuel Macron, que cobrou que o bloco faça “uma redefinição profunda” com a sua relação com Moscou.
O líder francês também apoiou uma iniciativa que pede a convocação da oposição de Belarus na reunião do G7, programada para ocorrer entre os dias 11 e 13 de junho no Reino Unido.