A juíza do 3º Tribunal do Júri de Niterói, Nearis Arce, decidiu mandar a deputada federal Flordelis dos Santos Souza e mais nove acusados a júri popular pela morte do pastor Anderson do Carmo, com 30 tiros, em junho de 2019. O Ministério Público pediu para Carlos Ubiraci Franciso da Silva e Lucas Cezar dos Santos de Souza, filhos não biológicos da parlamentar, não serem julgados. Mas a magistrada entendeu que só Lucas não deve ir a júri popular.
Flordelis foi denunciada por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa majorada. No entanto, sua prisão não foi pedida à Justiça, porque a pastora possui imunidade parlamentar. Como deputada, ela só pode ser presa em flagrante por crime inafiançável.
Revelações sobre casos extraconjugais, uso de remédio na comida para dopar Anderson e ódio entre os familiares marcam o processo. Um dos depoimentos mais importantes é de Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica da deputada. Em janeiro, ela confessou ter jogado os celulares da mãe, do irmão Flávio dos Santos e do pastor Anderson no mar após o crime.
Apontada por testemunhas do processo como a primeira pessoa da família com quem Anderson teria se relacionado, Simone negou que tenha namorado o pastor em algum momento, mas relatou que ele fazia seguidas investidas sexuais contra ela.
Simone revelou que, após ser diagnosticada com câncer em 2012, passou a ficar mais em casa e a conviver com Anderson, que pagava o tratamento dela, mas queria algo em troca. Ela contou, então, que teria dado R$ 5 mil para uma irmã de criação, Marzy Teixeira, também ré no processo, colocar em prática um plano para matar o pastor – tudo, segundo Simone, sem o conhecimento de Flordelis.