Dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na semana passada mostram que a população indígena de Mato Grosso do Sul tem média de envelhecimento menor do que a média nacional das comunidades tradicionais.
Nacionalmente, a cada 100 indígenas com até 14 anos, 35 têm mais de 60 anos. Em comparação, no estado de Mato Grosso do Sul, a cada 100 indígenas com até 14 anos, 29 têm mais de 60 anos.
Os dados também mostram que cerca de três a cada 10 indígenas pertencem ao grupo de 0 a 14 anos no País. Essa característica se acentua entre a população indígena que reside em terras indígenas, onde a faixa mais jovem (0 a 14 anos) chega a 40,54%.
O Censo IBGE realizado em 2022 mostra que a idade mediana de indígenas sul-mato-grossenses é de 24 anos, um ano a menos do que a média nacional, de 25 anos.
Quando se limita a população que mora em território indígena, o índice é menor, com média de 20 anos, enquanto fora dos territórios a faixa etária mediana dos indígenas é de 30 anos.
Segundo a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes, os dados demonstram que ao longo dos anos a população indígena está cada vez mais jovem, principalmente quando se analisa o levantamento feito dentro dos territórios indígenas.
“Na população indígena que reside em terras indígenas, percebe-se que há uma estrutura etária mais jovem e uma redução do peso da população idosa indígena, tanto quando comparado com o total da população indígena quanto com a população total do País”, ressalta Marta.
Entre os fatores que contribuíriam para esse cenário de população indígena mais jovem em Mato Grosso do Sul e no Brasil, segundo pesquisadores do IBGE, está a vida comunitária, que permitiria, por exemplo, um maior apoio no cuidado com os filhos.
Apesar do perfil mais jovem, quando a comparação nacional é realizada com o Censo 2010, nota-se uma redução da base da pirâmide ao longo da última década. De acordo com os pesquisadores, isso sugere uma ligeira redução da fecundidade dessas populações.
Conforme consta nos dados do Censo 2022, no município de Dourados, a idade mediana da população indígena da cidade é de 19 anos (para uma população de 13.473 indígenas). Em Aquidauana, a média de idade é de 28 anos (para população de 9.428 indígenas). Já em Campo Grande, a população indígena tem média de 34 anos (para um total de 18.434 indígenas que moram na Capital).
Mato Grosso do Sul é o terceiro estado do País com maior população indígena em seu território, com 116 mil habitantes, representando 4% da população do Estado. Cerca de 68% dessa população indígena mora dentro dos territórios tradicionais, enquanto 41% estão morando fora das aldeias.
Em torno de 64% dos indígenas em Mato Grosso do Sul moram na zona rural, enquanto 35% moram na zona urbana. No contexto nacional, 53% estão presentes na zona urbana e 46% habitam no perímetro rural.
POPULAÇÃO NACIONAL
A população indígena residindo em áreas urbanas em 2022 chegou a 914.746 pessoas, ou 53,97% do total de indígenas no País. Em 2010, essa população era de 324.834 pessoas, ou 36,22% do total.
De 2010 para 2022, a população indígena em áreas urbanas aumentou em 181,6% – o que corresponde a 589.912 pessoas a mais. Já a população indígena em situação rural chegou a 780.090 pessoas, ou 46,03% das pessoas indígena do País, crescendo 36,36% desde 2010, o equivalente a mais 208.007 indígenas.
SANEAMENTO BÁSICO
Outro aspecto abordado no levantamento foi o saneamento básico. Em Mato Grosso do Sul, mais de 91 mil indígenas vivem em situação de precariedade e sem acesso a esse direito, segundo dados do Censo Demográfico 2022.
Ou seja, 78,8% dos indígenas não têm acesso ao descarte de lixo e à água canalizada, como poço, fonte, nascente ou mina, e enfrentam a ausência de destinação do esgoto para rede geral, pluvial ou fossa séptica, e de coleta direta ou indireta por serviço de limpeza.
Ainda de acordo com a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, o principal fator que influencia esses resultados é a distância geográfica e a adaptação dos serviços de saneamento às terras indígenas.
“Um dos principais problemas é o desafio logístico que é garantir o saneamento básico e culturalmente adequado nas terras indígenas. Por isso, é preciso adaptar as soluções para saneamento básico, como, por exemplo, fazer fossas que permitam um descarte adequado sem precisar se ligar à infraestrutura geral, que às vezes existe de forma mais distante da realidade dessas terras”, disse Marta.
SAIBA
Segundo o Censo 2022, a faixa etária com o maior número de indígenas em Mato Grosso do Sul é a de
15 a 19 anos – são mais de 12 mil jovens em todo o Estado.
Fonte: Correio do Estado