
Os assassinatos de avô e neto nas Moreninhas, assim como o de mãe e filha encontradas mortas no bairro Morada Imperial — todos ocorridos em Campo Grande nos últimos dias de maio — compõem uma estatística preocupante perceptível em todas as regiões de Mato Grosso do Sul: o aumento no número de homicídios dolosos nos primeiros cinco meses do ano.
Em todo o Estado, onde os índices vinham caindo nos últimos três anos, a tendência se inverteu. Foram registrados 185 assassinatos entre o início do ano e o final de maio, o que representa um aumento de 22% em comparação aos 152 casos registrados no mesmo período de 2024.
Em Campo Grande, onde os números também estavam em queda, o crescimento foi ainda mais acentuado: 38%. De janeiro a maio do ano passado, foram 50 homicídios dolosos na capital. Neste ano, o número subiu para 69. Mesmo desconsiderando os dois casos de maior repercussão — que somam quatro mortes — o aumento ainda seria de 30%.
Na região de fronteira com o Paraguai e a Bolívia, historicamente a mais violenta do Estado devido ao narcotráfico e contrabando, o crescimento também foi expressivo. Segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), foram 67 homicídios entre janeiro e maio de 2024, contra 94 no mesmo período deste ano — um aumento de 40%. Em Ponta Porã, cidade símbolo das disputas ligadas ao tráfico, os casos subiram de 7 para 12.
Apesar dos crimes de grande repercussão — como o assassinato da jornalista Vanessa Ricarte, em fevereiro, e o caso recente envolvendo mãe e filha —, o número de feminicídios caiu. Foram 14 registros até o fim de maio deste ano, contra 16 no mesmo período de 2024.
Como em anos anteriores, a maior parte dos homicídios está relacionada ao narcotráfico. De acordo com a Sejusp, o volume de apreensões de drogas se manteve semelhante ao do ano passado. Nos primeiros cinco meses de 2024, foram apreendidas 194 toneladas de maconha, apenas uma tonelada a mais do que em 2025. O volume de cocaína apreendida, por outro lado, cresceu de 6,3 para 7,6 toneladas.
Na contramão do aumento dos homicídios, o número de mortes por intervenção policial segue em queda. Em 2023, ano que terminou com 131 mortes provocadas por ações policiais, haviam sido registrados 56 casos entre janeiro e maio. Em 2024, esse número caiu para 37 no mesmo período, e agora são 34 ocorrências.
Fonte: CE/ML








