A maior produtora de cerveja do Brasil, a Ambev, anunciou que o preço da cerveja vai subir cerca de 10% a partir de outubro. A alta, entretanto, não preocupa e consumidores afirmam que irão continuar bebendo, nem que seja a marca mais barata.
“Não vou diminuir a bebida, não. Vou procurar a cerveja mais barata”, declarou o aposentado Antônio Guerra, de 75 anos, que estava aproveitando a manhã quente de quinta-feira para tomar uma gelada em um bar no Centro de Campo Grande.
Para Marcelo Cavalcante, 50, e Wilson Neto, 41, que estavam se refrescando com uma cervejinha nesta manhã, o aumento não é bem-vindo, porém, não irá mudar os hábitos da dupla. “Ruim mesmo é para quem toma Heineken, a gente vai na baratinha mesmo”, disse Marcelo.
Já Wilson avaliou, em tom de brincadeira, uma possível manifestação. “Aumentou a gasolina e ficamos de boa, aumentou a carne e ficamos de boa, mas se aumentar a cerveja, vamos ter que ir para a rua”, brincou.
Para os dois, o aumento vai pesar no bolso, mas não será motivo para diminuir a quantidade de bebida ingerida. “É mais uma coisa para pesar no orçamento. Carne e transporte estão caros, agora a bebida. O salário não acompanha, mas não vamos diminuir ainda não”, pontuaram.
Conformado, Eder Gomes, 40, já estava por dentro do reajuste no preço da cerveja e reclamou. “O problema é que só o salário não aumenta, mas é a realidade, tudo aumenta. Temos que nos acostumar e nos adaptar”, comentou.
Diante do cenário de inflação, Eder já cogita diminuir a cervejinha. “O que pode diminuir é parar de tomar aquela só para molhar o bico e tomar em dias de churrasco, mas parar de tomar, não, pois não pesa tanto no orçamento”, finalizou.
Clientela fiel
Do outro lado do balcão, os proprietários de bares e conveniências estão tranquilos com o reajuste.
É o caso de Márcio José Vieira, que é sócio de uma conveniência. “O cliente reclama um pouco no começo, mas depois ele se acostuma. Ele deixa de comprar a carne de 1ª no açougue para comprar de 2ª, mas não deixa de comprar a cerveja. As pessoas não param de beber, pode mudar a marca, mas parar, não para, não”, observou.
Dono de uma lanchonete no Centro, Márcio Okama também prevê certa resistência no começo. “Se der uma diminuída [no consumo] vai ser no comecinho, depois o pessoal se adapta e volta a beber normal”, avaliou.
Ainda conforme o empresário, o cliente deixa de comer, mas não de beber. “Antes da pandemia, eu fazia um pagode aqui e a galera deixava de comer. O que ia gastar com comida, gastava tudo em bebida. É igual cigarro, pode ter aumento que for, mas o impacto é só no começo”, prevê.