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Tirar caminhões de vias rápidas e interligar a 163 podem melhorar trânsito na Capital, diz especialista

Por Redação

Em 27 de outubro de 2022

Veículos longos são rotina na Rua Joaquim Murtinho, via que poderia dividir fluxo da região central – GERSON OLIVEIRA

Com alta no número de veículos em circulação e no número de acidentes de trânsito, Campo Grande necessita de novas ações de controle no fluxo das vias para solucionar os problemas de mobilidade.

Em entrevista ao Correio do Estado, o especialista em trânsito Carlos Alberto Pereira sugere alterações a curto prazo, como requalificação do acesso à área central, ordenação por horários de carga e descarga e obras de reorganização de rotas, o que inclui a BR-163, que atravessa o município mas não se conecta aos bairros.

De acordo com o especialista, as áreas centrais concentram o maior movimento de veículos, seja pela grande presença do setor comercial, seja pela conexão com os principais bairros do município, o que resulta em longas filas.

“A Rua Joaquim Murtinho e a Avenida Bandeirantes são destaques em fluxo, principalmente de veículos de grande porte, que impactam as ruas, seja por serem considerados cegonhas, que carregam materiais e abastecem o comércio, seja pela frota de transporte coletivo que circula entre os principais bairros com baixa intensidade no horário comercial. Essa área deve ser explorada de forma que melhore o fluxo e colabore com a rotina do campo-grandense, para que toda a área seja usada da melhor forma possível”, explica.

A Capital é repleta de áreas complexas, como a BR-163, que atravessa a cidade e não garante acesso à área urbana por meio de conexões com os bairros próximos.

Pereira afirma que um monitoramento maior é necessário, bem como a adoção de ruas binárias, que suportam dois sentidos em pistas diferentes.

“Isso cria um transtorno de rotas que afeta desde a região norte do município até a região das Moreninhas. Que fique claro para a população que essas intervenções estão sendo pensadas para suprir uma necessidade, ajustar um ciclo ou solucionar um problema”, diz.

Para o vendedor Igor Rocha, o transporte de materiais afeta o trânsito durante o horário de almoço, das 11h às 13h.

Por trabalhar próximo a um restaurante, na Rua Joaquim Murtinho, o jovem afirma que um dos fornecedores utiliza todas as faixas para fazer a entrega ao comércio.

“Isso prejudica o fluxo de veículos da área porque, dependendo do produto, leva um tempo para ser descarregado, além de ser um meio de transporte que ocupa um espaço maior do que os carros de passageiros”, argumenta.

O supermercado próximo ao fim da rua serve como encontro com a Avenida Fernando Corrêa da Costa e a Ricardo Brandão. Igor relata que a área é sempre movimentada, já que os motoristas usam o mesmo espaço na via para seguir viagem, entrar ou sair do comércio.

Na Avenida Bandeirantes, o frentista Welder Casanova relata que o número de acidentes na região é alto em ambos os sentidos da pista.

“No horário de pico, parece que um quer ir mais rápido do que o outro e isso causa um prejuízo não só material. Se você pegar para analisar, em uma semana, você não vai ver nada além de acidentes na região. O pessoal entende que é uma avenida de fluxo rápido e que o trânsito também deveria ser, mas não é assim. Falta fiscalização”, conclui.

Pereira explica que é possível reorganizar essas regiões transferindo o fluxo para rotas alternativas e, assim, garantir um bom uso do espaço.

“Precisamos pensar no futuro, e todo avanço considerado pontual passa por etapas, e essas etapas podem causar transtornos irreversíveis se não houver um bom planejamento pensando em atender toda a comunidade. É possível ver falhas simples na sinalização de trânsito, que poderiam ter evitado acidentes graves por excesso de velocidade e garantido mais segurança a todos”, diz Pereira.

A reordenação do fluxo de veículos é uma proposta viável, segundo o motorista de aplicativo Mateus Pereira.
“Se for feita com base no movimento das pessoas, é algo positivo e válido. Agora, se isso for uma alternativa para fugir de obras e outros recursos considerados essenciais que a Capital precisa em um futuro próximo, será um desperdício e poderá causar ainda mais acidentes, tornando-se mais um transtorno para o campo-grandense”, acentua.

Conforme noticiado pelo Correio do Estado, Campo Grande já registrou mais de 9 mil acidentes de trânsito em 2022, segundo dados do Batalhão da Polícia Militar de Trânsito (BPTran).

NO FLUXO

O especialista afirma que em cidades maiores está ocorrendo um aumento no fluxo de veículos neste período pós-pandemia.

“Cerca de 20% da população brasileira abandonou o ônibus, seja por questões médicas, seja pela oportunidade. É preciso atuar de diversas maneiras, como na alteração de sentido nas ruas, que permite a criação de uma nova rota, por exemplo. Não podemos esperar que apenas a fiscalização na forma de multa de trânsito resolva todos os problemas do município, mesmo que nossos recursos sejam limitados”, afirma.

“Em cidades como Londrina, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, é possível observar o incremento na sinalização dos destinos, onde placas ajudam o motorista a encontrar novas rotas que evitam um novo congestionamento”, acrescentou.

O QUE DIZ A FISCALIZAÇÃO

Hoje, a Capital sul-mato-grossense conta com 621 cruzamentos semaforizados, além de 33% do parque semafórico conectado ao Centro de Controle Integrado de Mobilidade Urbana (CCI), que permite o monitoramento dos semáforos, e da realização de possíveis correções.

Em nota, a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) informa que a evolução da frota veicular de Campo Grande quadruplicou nas últimas duas décadas, sendo assim, é necessário realizar estudos técnicos para a tomada de decisões, como interdições, alteração de rotas, adoção de ruas binárias e instalação de equipamentos de fiscalização.

A fiscalização atualmente conta com cercamento virtual, leitura automatizada das placas dos veículos e câmeras de videomonitoramento que permitem ver o tráfego das vias e intercorrências que possam surgir e demandem o deslocamento de um agente de trânsito.

Para ajudar no monitoramento, a autarquia implanta equipamentos eletrônicos de controle de velocidade.

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