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Rota Bioceânica ganha frente com parlamentares de quatro nações

Por Redação

Em 31 de dezembro de 2021

Ponte da Rota Bioceânica será construída no Rio Paraguai, entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (Paraguai) – Foto: Governo de MS/Divulgação

Senadores de Brasil, Argentina, Paraguai, integrantes do Mercosul, além do Chile, já realizaram o primeiro encontro com pautas concretas em mãos para buscar o devido apoio político que é necessário para a interligação viária entre os quatro países dentro do projeto da Rota Biocêanica – que tem Mato Grosso do Sul como ponto forte e estratégico, assim beneficiando a produção local com maior competitividade devido a melhor logística.

Para isso, ligações rodoviárias e ferroviárias entre as nações são estudadas e suas efetivações vão representar passo importante para melhores acordos.

Só com os três países sul-americanos, a exportação de do Estado em 2021 foi de US$ 410 milhões. Com a China, no mesmo período, esse comércio é de US$ 3 bilhões.

Diante de tais números, os parlamentares buscam definir estratégias de atuação para viabilizar questões burocráticas e fazer o alinhamento sobre um dos temas mais importantes para os governos nacionais e estaduais, que são discussões de aduana para a geração de receita para os cofres públicos.

A senadora argentina Silvia del Rosario Giacoppo, da Província de Jujuy – região com interesse econômico direto na rota – participa do grupo, chamdo de Frente Internacional Parlamentar pela Rota Bioceânica, criada em 26 de novembro.

E sinalizou que a região precisa fortalecer a comunicação e ligação entre os países para garantir essa porta de negócios, que tem o potencial de promover desenvolvimento no médio e longo prazo para ambos.

“O comércio afiança nossos laços de irmandade. A grande aposta para o crescimento das nossas economias é a integração com o mundo.”

“Mais comércio é mais desenvolvimento desde sempre. Argentina, Brasil e Paraguai enfrentam um grande obstáculo por falta de infraestrutura das comunicações.”

“Uma falha extraordinária que atrasa a integração da nossa região e que precisamos melhorar”, explicou Silvia, em entrevista ao Correio do Estado.

A senadora ressaltou ainda que a Frente precisará atuar diretamente com a opinião pública sobre a importância de se romper a barreira da comunicação entre Argentina, Brasil e Paraguai.

“Os parlamentares movimentam a opinião pública, definem prioridades com as leis e direcionam emendas para obras. Também exercemos o controle de gastos do Estado.”

“Temos um rol muito importante e potencial para fazer avançar essa iniciativa regional”, opina.

Por envolver legislações de tributação e moedas diferentes, vai ser preciso o empenho direto dos congressos nacionais de Argentina, Brasil, Chile e Paraguai para viabilização de leis e regras que tornem a rota biocêanica economicamente favorável.

O primeiro passo dado para definição de um discurso alinhado foi justamente criar a Frente, após reunião convocada pelo senador Nelsinho Trad (PSD), que é da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul.

Um novo encontro vai acontecer em 2022 e vai discutir o posicionamento chileno -o país elegeu recentemente Gabriel Boric para a presidência.

Mato Grosso do Sul tem interesse exponencial nessas tratativas porque pode se tornar o estado brasileiro mais importante dentro dessa conexão logística.

Por isso mesmo, o órgão criado é formado por duas senadoras sul-mato-grossenses: Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (PSL), além do presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Corrêa (PSDB). Compõe ainda à frente parlamentar o deputado federal João Gurgel (PSL-RJ).

TRAÇADO

O traçado por rodovia é um dos temas mais elementares. Com o trecho brasileiro indo até Porto Murtinho, o modal rodoviário no Paraguai ainda precisa ter o avanço em obras que fazem ligação com Rota 9, conhecida como Transchaco.

Essa é uma rodovia de 835 km e, em 2019, houve a inauguração de 40 km.

A necessidade de intervenções rodoviárias para criar a conexão entre Brasil e o Oceano Pacífico, está concentrada principalmente no Paraguai e no próprio território brasileiro.

São nesses países que ainda há maior carência de construções, enquanto Argentina e Chile possuem rotas interligadas já construídas, tanto por meio rodoviário como ferroviário.

No caso argentino, a rota que passa por Salta e Jujuy, cidades mais ao norte, é a mais interessante.

“São enormes mercados para o crescimento do Mercosul e do Chile, mas ainda é necessário avançar muito mais para garantir esse comércio”, pontuou a senadora argentina, que tem mandato garantido até dezembro de 2023.”

“Já a sul-mato-grossense Simone Tebet reforça que os parlamentos precisarão atuar em conjunto para adaptar o projeto para as leis de cada país. “É isso que vai permitir tirar do papel o projeto o mais rápido possível”, observa.

ROTA FERROVIÁRIA

Enquanto os holofotes estão mais concentrados sobre a rota rodoviária, outro caminho, este por ferrovia, está sob análise dos mercados.

Nesse traçado será preciso inserir um quinto país nas discussões, que é a Bolívia, e ampliar o direcionamento em Mato Grosso do Sul para o município de Corumbá.

O corredor ferroviário biocêanico está estruturado dentro da Bolívia, ligando Brasil e Argentina por mais de 1,2 mil km de viagem.

O Paraguai está de fora dessa ligação e na Argentina ainda faltam as construções de duas pontes ferroviárias para toda rota conectar-se a boliviana Yacuiba.

“Nessa rota o Brasil ainda precisa lutar pela ferrovia. Porém, sem esse trecho brasileiro nada impede que a rota comece a funcionar, reduzindo em 10 mil km a ligação do mercado brasileiro até o Pacífico.”

“A Ásia é um dos maiores importadores de grãos e commodities do mundo. Essa Frente é um começo”, sugere Simone, que também tem mandato garantido até janeiro de 2023 apenas.

Essa via ferroviária é também atraente para a Argentina, principalmente no caso das províncias do norte de Jujuy e Salta.

Por lá, há produção de minérios exportados para o Brasil, além de sal, feijão e vinhos, entre outros produtos.

“A possibilidade de conexão entre os trens da Argentina e a Bolívia está sendo estudada e só se choca contra o obstáculo, creio eu, da estabilidade política e uma necessidade de maior financiamento multilateral”, alerta Silvia del Rosario Giacoppo à reportagem.

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