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Pouco sono e punição até por meia costurada antecederam morte no Exército, relata família

Por Redação

Em 18 de fevereiro de 2022

Militar fazendo redação com ajuda de lanterna. (Foto: Leitor Midiamax)

Por meio de mensagens e ligações para a mãe, o militar Edilsio Morais da Silva Filho, de 18 anos, contava a rotina exaustiva do Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva do 9º Batalhão de Engenharia de Combate, do Exército Brasileiro, em Aquidauana. O rapaz levou punição até mesmo por meia costurada e conseguia dormir apenas 1h por dia. O militar passou mal durante um exercício e morreu. Os familiares acusam o quartel por negligência.

O rapaz seguiu para permanecer em regime de internato no Núcleo de Preparação na última segunda-feira (14). Desde então, como de costume, falava com a mãe para contar como foi o dia e manter o contato. Logo de início, ela ressaltava a preocupação. Por conta do longo tempo do treinamento, ele dizia que só conseguiria falar com ela a partir das 22h.

“Oi, mamãe. Acabei de tomar banho e lavar a roupa. Hoje foi ‘doido’, teve um momento em que me deram 30 segundos para ir no alongamento (corretor do celular da vítima alterou a palavra que seria alojamento) e voltar para formação. Atrasei um segundo e me mandaram fazer uma redação de 50 linhas”, disse o rapaz em mensagem.

Às 2h20 da madrugada de terça-feira (15) ele diz que precisa dormir para acordar às 3h30 e fazer a faxina no batalhão. “Volto 10 horas novamente. Beijos, te amo”.

A mãe se preocupou com o descanso dele e questionou: “Você pode dormir agora?”. Mas ele responde: “Não, tenho que fazer outra redação agora de 50 linhas. Uma das meias que a senhora bordou estava rasgada, eles viram e tomei punição”. Ela em seguida ordena: “Faz logo e vai dormir”.

Em um vídeo que ele enviou, é possível ver outros alunos, que também foram punidos com redações, escrevendo em um caderno com a luz de lanternas. “Me ajuda a fazer a redação”, pediu Edilsio.

Segundo o tio, Jean Ricardo Brites de Assunção, o sobrinho fazia as atividades exaustivas dentro do pelotão. O rapaz teria sido punido por atrasar cerca de 10 minutos para início do exame no primeiro dia de treinamento.

“Com essa punição, no fim do treinamento do dia, ele teve que fazer uma redação, em vez de descansar. Ele falou com a mãe dele 1h da madrugada e contou como foi o dia. Ele disse: ‘mãe, vou dormir porque preciso levar 3h para fazer faxina’. Ele falava com ela porque pediu ajuda de alguma ideia na redação”.

Ele também relata que a vítima ressaltou sobre os exercícios exaustivos na semana. “Ele falava que treinavam debaixo do sol e no calor. Ou seja, se desde segunda-feira ele estava sem descansar e no outro ‘ralava’ (expressão para trabalho árduo), ele não descansou nada, o corpo não aguentou”, desabafa.

Conforme o laudo médico, o rapaz sofreu uma arritmia cardíaca causada por desidratação. O velório foi feito na manhã desta quinta-feira (17).

Em nota, a comunicação do Comando Militar do Oeste informou que o aluno realizava, junto com outros 19 alunos e a equipe de instrução, um treinamento físico militar já previsto no quadro de trabalho. Ao final da corrida, o aluno do NPOR começou a passar mal e foi prontamente levado ao Hospital Regional da cidade de Aquidauana, onde veio a falecer.

Ainda de acordo com a assessoria, as circunstâncias serão apuradas em Inquérito Policial Militar que já foi instaurado.

O caso foi registrado como morte a esclarecer na delegacia da Polícia Civil do município.

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