Buscando ajudar os produtores de café em suas tomadas de decisões e planejamentos agrícolas, um grupo composto por estudantes e professores do Campus Naviraí do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) publicou um estudo gerado a partir de uma pesquisa realizada na unidade.
O artigo “Modelos agrometeorológicos não lineares podem estimar o enfolhamento do café?” (em tradução livre) foi publicado no mês de junho na revista científica internacional Journal of the Science of Food and Agriculture. O periódico é mantido pela Sociedade da Indústria Química (SCI, na sigla em inglês), fundada no século 19 em Londres e Nova Iorque, com membros registrados em mais de 70 países.
A publicação possui Qualis A1, na classificação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação (MEC), voltada a periódicos de excelência internacional.
O trabalho foi produzido a partir da pesquisa desenvolvida no projeto “Implementação das classificações climáticas de Köppen e Geiger (1928) e Camargo (1991) no Centro-Oeste do Brasil e suas aplicabilidades na agricultura”, contemplado no ciclo 2019-20 da Iniciação Científica e Tecnológica do IFMS, com a concessão de bolsas aos estudantes participantes.
Outro artigo resultante do projeto também foi premiado internacionalmente no final do ano passado.
O ponto de partida foi a perda das folhas do café causada pelo ataque de pragas e doenças, que reduz de maneira significativa a produção e a qualidade dos grãos.
Com base em dados obtidos nas áreas experimentais da Fundação Procafé, que tem foco em pesquisas voltadas à cafeicultura, o artigo visa auxiliar os produtores, tentando amenizar os efeitos que as doenças trazem à cultura, uma vez que apresenta informações sobre o manejo das folhas e doenças que atacam o café nas regiões produtoras do país.
Pesquisa – O artigo é assinado pelos docentes do Campus Naviraí, Lucas Aparecido, Guiherme Torsoni e José Reinaldo de Moraes, e pelos bolsistas João e Pedro Lorençone, acadêmicos da graduação em Agronomia.
A equipe responsável pelo artigo é multidisciplinar e possui ainda pesquisadores e alunos do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IF Sul de Minas) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus Jaboticabal.
O objetivo foi estimar o enfolhamento (quantidade de folhas) para regiões com maior produção da espécie café-arábica, utilizando modelos não lineares em função do clima, levando em consideração uma série histórica de 25 anos (1995-2019), em cultivos sem tratamento fitossanitário. A análise da tendência de enfolhamento dos cafezais foi realizada a partir de graus-dia para 70 localidades.
“Locais com altas temperaturas do ar ao longo do ano tiveram baixo enfolhamento do café arábica. Portanto, esse dado pode ser estimado em graus-dia com exatidão e precisão através da temperatura do ar. Isso representa uma grande facilidade, porque o enfolhamento do café pode ser obtido usando apenas um termômetro”, explica Lucas Aparecido, um dos orientadores do projeto e docente de Agronomia da unidade.
Iniciação científica – Os dois estudantes de graduação que atuaram como bolsistas de iniciação científica no projeto e participaram da autoria do artigo são os irmão João e Pedro Lorençone, de 19 anos. Atualmente no 4° semestre do curso, eles concluíram em 2019 o curso técnico integrado em Agricultura no campus.
A experiência obtida com a participação em projetos de iniciação científica e os prêmios ganhos em eventos científicos desde o ensino médio têm sido, segundo João Antonio, diferenciais para a contribuição deles nos desenvolvimento da pesquisa.
“Participo de projetos de iniciação científica desde o segundo ano do ensino técnico integrado. Dessa forma, quando entrei no ensino superior já tinha uma base científica bem consolidada, conseguindo contribuir para o andamento das pesquisas e publicações resultantes delas”.
A verticalização do ensino e sua integração com a pesquisa aplicada e a extensão tecnológica é um dos princípios do Instituto Federal. “Desde o início do curso técnico, eles foram nossos bolsistas de iniciação cientifica, demonstrando a importância da verticalização dos estudos, algo que o IFMS tem feito com excelência”, complementa Lucas.