Região que sofre com áreas em degradação e assoreamento do rio, pode ter mudança de cenário se politicas públicas e ações continuarem a ser implementadas
Se recuperadas, pastagens em degradação na região do Alto Taquari em Mato Grosso do Sul podem chegar a mitigar 42 MtC02eq/ha (milhões de toneladas de equivalentes em gás carbônico) segundo levantamentos realizados na região. O documento que contém o estudo, realizado pelo Instituto Taquari Vivo (ITV) em parceria com a Salva Digital, foi entregue em Campo Grande, ao Governo do Estado de MS, em evento comemorativo pelos dois anos de atuação do Instituto na bacia do Taquari.
“O Estado de Mato Grosso do Sul tem um problema bastante sério já diagnosticado há muitos anos, que é exatamente o assoreamento do rio Taquari. O Instituto Taquari Vivo vem para nos ajudar. É fundamental para que a gente consiga avançar na recuperação dessa área, que nós tenhamos uma entidade alinhada com o poder público, desenvolvendo atividades, com resultados efetivos e agora dando mais um grande passo, apresentando ao Estado um grande estudo pra que a gente possa, através desse diagnóstico, definir um conjunto de ações não só do Estado, mas também dos produtores rurais, assim como com as prefeituras e o consórcio intermunicipal do Alto Taquari”, pontua o Secretário Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do estado de Mato Grosso do Sul (SEMADESC), Jaime Verruck, presente no evento.
Para o diretor do Instituto, Renato Roscoe, o trabalho realizado ao longo dos dois anos aponta para os caminhos que podem ser tomados na região, que têm o potencial de melhorar a produtividade e rentabilidade dos produtores rurais, ao mesmo tempo em que se restauram as condições ambientais.
“É um ganha, ganha. Ganham os pecuaristas com sistemas produtivos mais eficientes e ganha o meio ambiente com a contenção da erosão, do assoreamento dos rios e, não menos importante, das emissões de gases de efeito estufa”, ressalta Roscoe.
Os cenários trabalhados no estudo mostram que, além dos resultados na qualidade ambiental no próprio território (redução de erosão e assoreamento), há uma gama de alternativas que podem contribuir para a descarbonização da economia do Estado, em consonância com a ambição de se tornar um estado carbono neutro. “Nós queremos ser o fio condutor das políticas públicas de mudanças climáticas e de conservação do solo em ações no Alto do Taquari, auxiliando na implementação de projetos e buscando direcionar recursos financeiros, humanos, tecnológicos e de governança para o território do alto Taquari”, complementa o diretor do Instituto.
Foram apresentados também os resultados do primeiro ano de trabalho do Projeto de Recuperação da Microbacia do Córrego Pontinha em Coxim/MS, um projeto desenvolvido em parceria com o ITV, Agraer, Cointa e Prefeitura de Coxim, no arcabouço do PROSOLO (Plano Estadual de Conservação do Solo e Água de Mato Grosso do Sul).
“Iniciamos esse trabalho em 2021 e entre as ações realizadas estão o terraceamento de 1.265 ha em 45 propriedades de até 4 módulos rurais, adequamos mais de 4 km de estradas na região e entregamos maquinário para cerca de 15 municípios no Estado. Pretendemos terracear ainda mais de mil hectares na microbacia do Pontinha. São diversas ações que, em conjunto, buscam não somente a recuperação ambiental do Taquari e de outras regiões do Estado, mas também, o desenvolvimento sustentável dentro das propriedades rurais”, explica Rogério Beretta, Secretário Executivo de Desenvolvimento Econômico da SEMADESC.
Sobre o Taquari e o Instituto Taquari Vivo
O rio Taquari é um dos principais rios formadores do Pantanal. Extende-se por mais de 800 km, nascendo em Mato Grosso e percorrendo planaltos muito arenosos em Mato Grosso do Sul, antes de entrar na planície pantaneira por uma estreita passagem na Serra de Matacaju, logo abaixo da sede do municípo de Coxim/MS. Em sua parte alta, são 2,8 milhões de hectares, dos quais pouco mais da metade ocupado por pastagens.
O assoreamento do rio Taquari intensificou-se com a ocupação do Cerrado em suas cabeceiras e de seus afluentes, após a década de 1970. Bancos de areia acumularam-se por toda a calha do rio bloqueando a antiga hidrovia, impedindo o transporte de pessoas, dos insumos e da produção, chegando até a planície pantaneira. Foram impactadas a biodiversidade e a vida dos ribeirinhos.
O Instituto Taquari Vivo foi criado em 15 de março de 2021, após dois anos de estudos para definir seus objetivos e foco de atuação, tendo como missão “promover o desenvolvimento sustentável e a restauração da Bacia do Alto Paraguai, com foco no rio Taquari, visando a conservação ambiental e a viabilidade socioeconômica do Pantanal”.