A prefeitura de Corumbá confirmou que fechará as 37 escolas municipais e extensões para que equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) façam vistoria nos prédios. A medida foi decidida em caráter emergencial, no fim da tarde de ontem, após o teto do ginásio da Escola Municipal Dr. Cassio Leite de Barros desabar e atingir um menino de 7 anos, que morreu em decorrência dos ferimentos.
“Equipes da Seinfra vão avaliar a situação de cada escola, cada UBS e demais públicos, para identificar risco à segurança dos usuários”, informou em nota a administração municipal.
As aulas na Rede Municipal de Ensino (Reme) de Corumbá estão suspensas de hoje até sexta-feira.
A medida foi tomada em reunião entre o prefeito Marcelo Iunes (PSDB), o secretário de Infraestrutura, Ricardo Ametlla, o secretário de Educação, Genílson Canavarro de Abreu, a secretária de Saúde, Beatriz Assad, o coordenador municipal da Defesa Civil, tenente Isaque do Nascimento, e os vereadores Elio Moreira Junior e Alexandre do Carmo Taques Vasconcellos.
Parte do teto do ginásio da Escola Municipal Dr. Cássio Leite de Barros, que foi construído há cerca de 10 anos, cedeu e foi abaixo por conta de um temporal de 15 minutos que foi registrado na capital do Pantanal. A ventania foi registrada em dois momentos pela Defesa Civil Municipal.
Em um primeiro momento, os ventos mais contidos ficaram na máxima de 40 km/h. Houve uma redução desse vento e, depois, ocorreu uma rajada muito forte, de 73 km/h. Foi nesse momento que o teto caiu.
Crianças do 2º e do 3º ano da escola municipal faziam aula de Educação Física antes do temporal. Quando a chuva começou, os professores pararam a aula, mas, por conta do vento, não conseguiram sair da quadra e chegar ao pátio onde ficam as salas de aula. Há cerca de 10 metros que distanciam a quadra de um corredor da escola. O intervalo entre um vento e outro até o teto desabar foi de poucos minutos.
Francisca Moreira Gomes, 55 anos, mora ao lado da escola onde ocorreu a tragédia, na rua Alexandre de Castro. O neto dela estuda na unidade de ensino no período da manhã. Ela relatou que, por volta das 14h, o tempo fechou e começou o vento.
“A impressão que dava é de que tinha uma parede de vento vindo, por conta do jeito que as folhas estavam voando. Quando vi aquilo, fechei todas as janelas. Em casa, eu não tive problema. Mas as minhas vizinhas próximas tiveram destelhamento”, disse.
Ela contou que ainda chovia quando ouviu o barulho do telhado entortando. “Eu fui para a frente da escola. Tinha ambulância, polícia, um monte de gente tentando ajudar as crianças machucadas”, disse. A casa de Francisca fica quase em frente ao ginásio que desabou.
A reportagem do Correio do Estado visitou as redondezas da escola e ouviu de um ex-aluno da unidade que mora próximo ao local que o teto do ginásio, do lado que desabou, tinha telhas soltas há alguns anos.
Quando ventava forte, elas faziam barulho. O rapaz pontuou que a situação era conhecida, porém, não havia dado problema até então. Essa situação também não significa o motivo do desabamento do telhado.
Concomitantemente à vistoria que a prefeitura vai fazer, a Polícia Civil vai instaurar inquérito para apurar se houve falha para o teto desabar. Ainda na noite de terça-feira, mesmo com a escola sem energia, a Perícia Criminal esteve no local para averiguações preliminares.
Além disso, a unidade de ensino foi lacrada e houve proibição de acesso à quadra por outras pessoas além dos peritos.
Hoje, será realizada perícia detalhada para avaliar a estrutura da quadra, que é aberta nos quatro lados e sustentada por vigas de metal.
Conforme a Defesa Civil Municipal, o temporal registrado em Corumbá não estava previsto. “Essa ventania, nessa hora, não estava prevista em nenhum dos cinco institutos que são acompanhados pela Defesa Civil. Foram dois momentos, em um inicial os ventos mais contidos ficaram na máxima de 40 km/h. Depois, veio uma rajada muito forte de 73 km/h”, informou a administração municipal, por meio de nota oficial.
Para fazer a limpeza da cidade, foram mobilizados 10 caminhões, quatro pás carregadeiras e 40 pessoas para fazer o serviço, principalmente para coleta de galhos e árvores.
A intervenção começou na tarde de ontem e só terminará hoje. Os atendimentos a pessoas desabrigadas foram concentrados no Cras do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) Heloísa Urt. Não foi divulgado o número de pessoas que ficaram desabrigadas por conta de destelhamentos. Pelo menos cinco bairros estavam sem energia até as 20h de ontem.
O temporal também foi registrado em Ladário, bem como em Puerto Quijarro e Puerto Suarez, municípios bolivianos, mas as autoridades informaram que não foram registrados danos graves em residências, escolas e prédios públicos.
SAIBA
Diante da situação, o governador do Estado, Eduardo Riedel, prestou solidariedade e disponibilizou os serviços estaduais e municipais para reconstruir as partes devastadas de Corumbá.
Fonte: Correio do Estado