A Polícia Civil investiga denúncia de estupro contra uma menina de 13 anos, em Campo Grande. Após os abusos, o suspeito, padrasto da vítima, a levou em um ritual e pediu perdão em uma chamada “sala da justiça”. A denúncia foi feita na terça-feira (10), quando a vítima visitava o pai durante as férias escolares, em Camapuã.
Quem procurou a delegacia de Camapuã foi o pai da menina, após ouvir os relatos dela. Ele conta que a filha mora em Campo Grande com a mãe e viajou para o interior no fim de ano. No Ano Novo, um tio da vítima percebeu que ela apresentava comportamento estranho e a questionou, momento em que respondeu ter sido abusada pelo padrasto.
A adolescente relatou que o primeiro abuso ocorreu no dia 23 de abril de 2021, dois dias depois do seu aniversário de 12 anos. O padrasto esperou a mãe dela sair para trabalhar e foi até a sala onde a menina estava. Então pegou o celular dele, colocou pornografias para a vítima assistir e a levou para o quarto. Em seguida, tirou a roupa da menina e a estuprou.
No dia seguinte, segundo o relato, voltou a estuprá-la, exatamente como a primeira vez. Durante o abuso, o padrasto falava para a vítima não gritar, porque os vizinhos poderiam ouvir e chamar a polícia. A vítima também relata que sentiu cheiro de droga na boca do autor durante os abusos.
Um ano depois, a vítima tomou coragem e conseguiu contar o ocorrido para a mãe, detalhando os fatos que aconteceram naqueles dois dias, momento em que a mãe começou a chorar. A mulher, por sua vez, cobrou o companheiro sobre o que a filha havia contado. O homem respondeu que estava sob efeito de drogas e pediu desculpas, mas a mulher não procurou a polícia.
Após contar o caso para a mãe, em determinado dia a menina foi levada em uma espécie de ritual, onde várias pessoas se reúnem em uma chácara para tomar o chá de ayahuasca – chá com potencial alucinógeno capaz de provocar alterações na consciência por um período de até 10 horas. Algumas religiões usam a bebida em seus cultos como forma de abrir a mente e criar visões místicas.
No local, em uma “sala da justiça”, onde pessoas que tiveram problemas os resolvem, o autor chamou a vítima e dentro da sala pediu desculpas pelo abuso, afirmando que estava arrependido, sob efeito de drogas e que a considerava como uma filha.
O pai da menina quando soube dos abusos ligou para saber se a mãe realmente tinha conhecimento dos fatos. No início ela negou, contudo, no domingo à noite, dia 8 de janeiro de 2023, ligou para o pai e disse que sabia, mas não havia denunciado porque tinha medo.
O registro do boletim de ocorrência foi feito na delegacia de Camapuã, mas como o crime ocorreu na Capital, o caso deverá ser investigado pela Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).