De acordo com estudo do MapBioma, Mato Grosso do Sul foi o estado com a maior perda absoluta e proporcional de superfície de água nos últimos 35 anos.
O mapeamento foi feito a partir da análise de imagens de satélite geradas entre 1985 e 2020.
Se em 1985 o Estado tinha mais de 1,3 milhão de hectares cobertos por água, em 2020 eram pouco mais de 589 mil hectares.
Mais de 780 mil hectares de água foram perdidos, representando 57% na série histórica.
O segundo estado que mais viu o volume de água desaparecer foi Mato Grosso, com uma redução de quase 530 mil hectares.
O que mostra que o Pantanal foi um dos biomas mais afetados com perda hidrográfica, assim como a bacia do Paraguai, que também sofreu com a redução da superfície de água.
O coordenador do MapBiomas, Carlos Souza explicou que alguns dos fatores que podem ter ocasionado as alterações foram as mudanças no uso e cobertura da terra, e construção de barragens e de hidrelétricas.
Além da poluição e uso excessivo dos recursos hídricos para a produção de bens e serviços, que alteraram a qualidade e disponibilidade da água em todos os biomas brasileiros.
“Se não implantarmos a gestão e uso sustentável dos recursos hídricos considerando as diferentes características regionais e os efeitos interconectados com o uso da terra e as mudanças climáticas, será impossível alcançar as metas de desenvolvimento sustentável”, alerta.
No Pantanal, já existem hidrelétricas nos rios que formam o bioma e dezenas de outras barragens projetadas para a região, com pouca contribuição para o sistema elétrico e um grande potencial de impactos.
“Elas se somam a um modelo de produção agropecuária que altera o regime de drenagem da água e intensifica a deposição de sedimentos, reduzindo a vazão da água. Se esse modelo de desenvolvimento não for revisto, o futuro Pantanal está comprometido”, afirma o coordenador de projetos do WWF-Brasil, Cássio Bernardino.
Seca
Consequência do clima seco, Mato Grosso do Sul também sofreu com as queimadas. Segundo o MapBiomas, Corumbá foi o município que mais pegou fogo e que mais perdeu água entre 1985 e 2020.
Cáceres, o quinto que mais queimou no país, é o vice-líder em perda de superfície de água.
“Os ciclos de fogo e água estão interligados e se retroalimentam. Menos água deixa a terra e a matéria orgânica que se depositam sobre ela mais vulneráveis ao fogo. Mais fogo suprime a vegetação, que tem papel crucial para perenizar nascentes e mananciais”, explica Tasso Azevedo, Coordenador do MapBiomas.
Brasil
Em 2020, a superfície coberta por água do Brasil era de 16,6 milhões de hectares, uma área equivalente ao estado do Acre, ou quase 4 vezes o estado do Rio de Janeiro.
Em 1991, o volume chegou a 19,7 milhões de hectares, com uma redução de 15,7% da superfície.
Foram 3,1 milhões de hectares perdidos em 30 anos, o que equivale a quase o dobro da superfície de água de toda região nordeste em 2020.
O Brasil possui 12% das reservas de água doce do planeta, constituindo 53% dos recursos hídricos da América do Sul.
O bioma com a maior área coberta por água no Brasil é a Amazônia, com mais de 10,6 milhões de hectares de área média, seguida pela Mata Atlântica (mais de 2,1 milhões de hectares) e pelo Pampa (1,8 milhão de hectares).
O Pantanal ocupa a quinta posição, com pouco mais de 1 milhão de hectares de área média, atrás do Cerrado (1,4 milhão de hectares).