Maior parte do desmatamento ilegal acontece camuflado meio às autorizações legais, afirma secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tenologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.
Segundo ele, as tecnologias de satélites mais atuais permitem fazer esse levantamento e perceber com mais clareza onde ocorrem os desmatamentos ilegais.
Se anteriormente pensava-se que a o maior índice acontecia em terrenos que seriam “terra de ninguém”, hoje vê-se a predominância de tesmatamento ilegal dentro de área privadas.
“Agora, o que que tem acontecido? A gente autoriza, por exemplo, 500 hectares (ha). A pessoa pode ter dois tipos de irregularidade: ele faz 500 ha, mas não no shape que ele nos mostrou. Essa é a primeira regularidade. Então ele não extrapolou o tamanho da propriedade autorizada, só que em vez de fazer ‘aqui’, ele fez mais pra ‘cá’, ao tomar uma decisão na hora, explica o secretário sobre uma das formas de ilegalidade.
Em outros casos, verifica-se, por exemplo, quando o proprietário pede 500 ha e ele avança um pouco mais, 100 ha, 50 ha, 30 ha. “Essa parte também é considerada ilegal”, disse.
Em um terceiro cenário, o secretário fala sobre os casos em que solicita-se pedido para limpeza, percebendo-se depois que houve desmatamento ilegal.
“Não é uma proporção como da Amazônia, até porque as nossas áreas são todas privadas, então a gente não tem desmatamento ilegal em área pública. Então esse é o grande foco que nós temos desde junho. Nós não tínhamos esse olhar antes, porque antes autorizava 500 ha, e se ele fizesse um relatório para mim de 500 ha, estava tranquilo, não tinha como saber se estava fora. Agora sim, agora a gente faz e aí faz o embarque dessa atividade”, finalizou o secretário.
Saiba mais
A fala do governador foi proferida em coletiva de imprensa desta quinta-feira (23), durante o Encontro Sisbin Centro-Oeste: Políticas Públicas Regionais no Enfrentamento das Mudanças Climáticas, realizado na sede da Receita Federal, em Campo Grande.
No evento, foram destacadas diversas ações possíveis para o avanço em políticas de monitoramento e gestão de crise ambiental.
Segundo o Diretor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Côrrea, a principal contribuição da agência nesse setor deve ser em relação ao fornecimento de análises que possibilitem ao Estado ter mais previsibilidade de crises climáticas.
A exemplo, o secretário Jaime Verruck pontuou o mais recente incêndio do Pantanal, que ocorreu em um período fora dos padrões, considerando que, usualmente, o mês de novembro é um período de chuvas e de passagem das queimadas, as quais são mais previstas para meados de agosto a setembro.
Em 2020, as equipes de combate de MS também foram surpreendidas com as queimadas que ocorreram em abril daquele ano.
Logo, o serviço de informação de inteligência da Abin pode vir a contribuir com os estudos de previsão e tendências climáticas dos próximos anos.
Fonte: Correio do Estado