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Internação de crianças por acidentes domésticos quase dobrou na pandemia

Por Redação

Em 27 de junho de 2022

Sem aula nas escolas, crianças ficaram mais tempo em casa e mais propensas a acidentes domésticos – Foto: Divulgação

O número de crianças internadas por acidentes domésticos aumentou 70% entre janeiro e outubro de 2020, primeiro ano de pandemia, em Mato Grosso do Sul, na comparação com o mesmo período de 2019.

É o que aponta dados preliminares do estudo ” Acidentes na infância e hospitalização infantil devido o isolamento social por Covid-19″, realizado por pesquisadores do Instituto Integrado de Saúde (Inisa) da UFMS.

Levantamento foi realizado junto a três hospitais de Campo Grande e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde.

Conforme os dados preliminares, em 2019, 85 crianças foram internadas devido a acidentes domésticos.

Já em 2020, o número saltou para 146, aumento de 71,76% nas buscas por atendimento.

Conforme a coordenado da pesquisa, professora Maria Angélica Marcheti, as principais ocorrências registradas são queimaduras, lesão nos olhos, cortes, fraturas e traumas em geral.

A maior parte dos acidentes aconteceram em comunidades carentes e vulneráveis.

“O isolamento domiciliar de longo prazo, devido às medidas adotadas para evitar a propagação do surto da Covid-19, apresentou o potencial de aumento do risco de acidentes domésticos em crianças, como um dano colateral adicional da pandemia”, destaca a coordenadora.

Isolamento social

Em outra análise que consta no estudo, foi verificado que, durante o período, houve uma  preocupação maior com os riscos da transmissão da Covid-19 do que com os riscos domiciliares e com a saúde física e mental das crianças.

“Em decorrência da necessidade de isolamento social e o consequente fechamento das escolas e dos centros educacionais infantis, as crianças permaneceram o tempo todo em suas casas”, explicou a professora.

“As famílias precisaram se organizar para dar conta, muitas vezes, dos afazeres domésticos, das atividades profissionais em home office ou remotamente, e dos cuidados das crianças. Nem todas as famílias dispõem de ajuda para tantas tarefas”, acrescentou.

Ainda segundo a pesquisadora, todas essas atividades juntas exigem maior esforço e divide a atenção, especialmente a dos cuidadores.

“As crianças, por permanecerem em casa e, por vezes entediadas, acabam por explorar mais o ambiente doméstico o que as expõem a riscos”, fala.

“Nem sempre as famílias recebem orientações de como prevenir acidentes e proporcionar um ambiente seguro em casa”, concluiu Maria Angélica.

Com os dados, ações serão realizadas em centros de educação infantil e outros locais, com foco na prevenção de acidentes na infância.

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