Com o olhar atento na rodovia, o servidor público aposentado Paulo Benitt, de 59 anos, avistou uma jiboia de quase 2 metros tentando atravessar, há 2 dias, na MS-450, Estrada Parque de Piraputanga, região oeste do estado. Ele então parou a caminhonete e deixou o animal enrolar nos braços, levando até o outro lado, enquanto a esposa sinalizava e até ‘deu broncas’, pedindo a ele para tomar cuidado.
“Nós estávamos na estrada e aí fomos contemplados pela beleza fantástica desse animal. Eu decidi protegê-la, tirar da estrada porque alguém poderia sim passar em cima dela. A gente sempre anda mais devagar mesmo, para aproveitar a natureza, ir conversando e filmando. Nisso eu passei e decidi levá-la para o outro lado. O asfalto estava bem quente e, provavelmente, ela ia demorar para atravessar, correndo o risco de ser atropelada”, afirmou ao G1 Paulo.
Segundo o aposentado, ele estava acompanhado da esposa e também de uma amiga dela. “Eu viajo com minha esposa e com grupos de amigos também. Nós gostamos muito, fazemos aventuras Brasil afora desde 2016, quando me aposentei. E não é a primeira vez que faço isso, já tirei uma sucuri da estrada. Nesse caso, vi que o animal estava de estômago vazio e, provavelmente, cruzou a estrada atrás de alimento”, relembrou.
Enquanto filmavam, um carro passou pela estrada e parou para perguntar sobre o ocorrido. Paulo então passou na frente e disse que estava ajudando o animal silvestre a atravessar. A esposa dele, a corretora de imóveis Vera Benitt, de 44 anos, também apaixonada pela natureza, registrou esse momento e ficou sinalizando na rodovia para evitar acidentes. No vídeo, ela o chama carinhosamente de “pai”.
“Quando posso estou sempre acompanhando o meu marido. Nós curtimos demais a natureza e sempre fizemos aventuras em Florianópolis e aqui, que é o nosso estado. Aqui tem muito lugar para visitar, curtir, remar, então ele está sempre em busca de aventuras com o grupo de jipeiros. Daí ele viu essa cobra de longe e paramos para ajudar nessa travessia”, disse Vera.
Conforme a esposa, a bronca no marido foi necessária porque o animal podia quebrar o braço dele. “Eu não tive medo porque já conheço, sei que não é venenosa, só que o meu marido é corajoso e nem percebe que a cobra vai juntando forças, então ele foi apertando e frouxando para ela parar de enrolar no braço dele”, avaliou.
O tenente-coronel da Polícia Militar Ambiental (PMA), Ednilson Queiroz, orientou que, pegar o animal com as mãos não é a atitude correta. “A PMA dispõe de uma vara para ir levando e sinalizando bem a pista quando isso ocorre. É o ideal por conta do risco de acidente. Foi uma atitude muito decente, porém, não precisa pegar o animal na mão”, avalia.
Ainda conforme Queiroz, mesmo que a cobra não tenha veneno, ainda assim ela morde e pode ferir de outras formas. “O ideal é não se aproximar dos animais silvestres, já que eles atacam. Nesse quase, é uma jiboia de quase 2 metros, então, dava para pegar um pau e ir tocando, levando, até devolvê-la a natureza. A atitude foi decente e pode ser que até não pensou nisso na hora, mas, não devemos correr nenhum risco”, finalizou.