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“Estou juntando os cacos”, diz mulher que foi vítima de estelionato afetivo

Por Redação

Em 22 de junho de 2022

Teodoro quando foi preso na Capital em 2012 por estelionato. (Foto: Arquivo)

Ainda abalada com tudo o que viveu depois de ter sido vítima do estelionatário, Teodoro Cassiano Cardoso, 52 anos, uma funcionária pública, de 59 anos, afirma que foi “usada” pelo bandido, que se aproveitou de um momento de carência. A mulher perdeu casa, carro e hoje acumula divida de R$ 400 mil, além de problemas psicológicos.

A mulher contou ao Campo Grande News que o conheceu em 2013 em um bar da Capital, porém ele se apresentou como “Edu”, que ele tinha fazendas e trabalhava com compra e venda de fazendas.

Ainda segundo relato dela, ele era bem relacionado, falava muito bem, tinha amigos advogados e por várias vezes o pegou conversando no telefone e sempre dava a entender que realmente estava vendendo fazendas.

“Ele me tratava como ninguém jamais tinha me tratado na vida. Era carinhoso, levava água e café na cama. Sempre me tratou muito bem”, lembra.

A situação começou a desandar, quando, segundo ela, “Edu” a escutou falar ao telefone que queria vender a casa dela que ficava no Bairro Giocondo Orsi, para ir para outra casa menor já que vivia apenas com o filho, de 14 anos, na época. A casa valia R$ 300 mil, porém estava penhorada então não poderia ser vendida. Mas “Edu” a convenceu sobre a venda do imóvel, inclusive arrumou um casal para realizar a compra, Mardem José Antunes e uma mulher, suposta “laranja” no esquema. Mardem, já tem passagens pela polícia, inclusive estava com mandado de prisão em aberto.

O namorado chegou a apresentar uma casa a ela muito bonita no Bairro Antônio Vendas, afirmando que era dele e que a levaria para morar com ele.

Convencida, ambos fizeram acordo de vende-la por R$ 150 mil e o casal pagava a penhora. Com tudo acertado, a vítima foi até o cartório sozinha, pois o “namorado” estava ocupado. Lá questionou sobre o valor que receberia no ato, que era de R$ 55 mil e um carro, mas foi informada por Mardem de que como o valor era alto precisava pegar no banco e que ela podia confiar, desse modo, a vítima assinou o recibo.

Nesse tempo, a vítima questionou “Edu” sobre o dinheiro, já que havia iniciado a mudança e tirado os móveis da casa e que não tinha para onde ir. O estelionatário então teria pago aluguel para a vítima em uma casa ‘estranha’ e já com móveis.

Como parte do pagamento, a mesma recebeu um carro Pegeout, porém como o mesmo apresentava problemas mecânicos, não saiu da oficina e nunca mais viu o mesmo. Preocupada, ela questionava o namorado sobre o carro e o dinheiro, porém ele a dizia para fica calam que tudo se ajeitaria. Levou até outro carro velho para ela, mas ela recusou.

Até que um certo dia, uma sobrinha da mulher ligou para ela avisando que tinha visto “Edu” com uma mulher loira, que se passava por delegada e disse para a mesma sair daquela casa. Foi aí que a mulher “abriu os olhos” e saiu da casa. O namorado então parou de responde-la.

Desde então, em todos esses anos a mulher acumulou uma dívida de R$ 400 mil referente a casa que perdeu, o carro, que depois foi vendido, segundo ela, após ter a assinatura falsificada no Detran, além de contratar 6 advogados durante esse tempo que não conseguiram ajuda-la e custos com processos e terapia para ela e para o filho.

“Desenvolvi distúrbio emocional. Não consegui mais me relacionar com ninguém, adquiri uma doença autoimune. Isso não é mais vida. Não quero mais a casa eu quero é paz, que a Justiça seja feita”, lamentou enquanto deixava cair lágrimas afirmando estar ainda muito magoada com tudo o que aconteceu.

Ela chegou a abrir três processos, um deles na área criminal, porém perdeu um dos processos civis pois não conseguiu provar que foi vítima do estelionatário.

“Hoje estou só o caco por dentro. Vivendo com a ajuda de empréstimos consignados, morando de aluguel, cartões bloqueados. Eu só quero formar um filho agora”, concluiu.

Teodoro foi preso no inicio deste mês na cidade de Presidente Médici, em Rondônia com mandado de prisão em aberto Ele morava na cidade desde final do ano passado. O homem estava com documentos falsos e chegou a tentar subornar os policiais, oferecendo R$ 50 mil. Apelidado de “Fazendeiro do Amor” pelos investigadores, Teodoro foi preso após uma das mulheres lesadas por ele ter perdido a única casa que tinha após se envolver com o criminoso.

“Fazendeiro do Amor” – Em outubro 2012, Teodoro foi preso em uma padaria na Avenida Mato Grosso, em Campo Grande, suspeito de ter praticado mais de 30 estelionatos no Estado. Na época, o suspeito tinha 43 anos e já havia sido preso em flagrante, em uma tentativa de estelionato no início de janeiro daquele ano. Em maio, conseguiu na justiça cumprir pena em regime semiaberto.

Dia 9 de junho ele fugiu, mas acabou sendo pego em dezembro daquele ano, mas acabou fugindo no mesmo mês. No ano seguinte, dia 14 de maio, Teodoro foi preso novamente em uma outra tentativa de golpe. Ele foi localizado enquanto tentava vender o imóvel onde morava por R$ 150 mil.

Em outubro de 2017, um boletim de ocorrências foi feito contra Teodoro. Na ocasião, ele se passou por fazendeiro e consumiu R$ 1,1 mil em um bar nda Rua Antônio Maria Coelho, em Campo Grande e saiu sem pagar.

Conforme boletim de ocorrência, o comerciante de 33 anos, contou que há dias o autor junto com grupo de amigas foi até o seu estabelecimento e consumiu R$ 850. Na hora de pagar, o homem se apresentou como Eduardo, disse que era fazendeiro e acertaria a conta depois.

Cerca de um ano depois, em novembro de 2018, Teodoro chegou a ser preso em um bar próximo a Orla Morena, na Capital. Na época, ele acumulava 14 processos por estelionato e estava com dois mandados de prisão em aberto.

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