
Apesar da interrupção parcial das obras que integram os 13 quilômetros da alça de acesso à ponte sobre o Rio Paraguai, em Porto Murtinho, e mesmo levando em consideração o fato de que apenas 27,25% do projeto foi executado até agora, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) mantém a previsão de concluir os trabalhos até o final do próximo ano.
A única ressalva para um possível descumprimento do cronograma, segundo o DNIT, seria algum atraso na liberação do restante do orçamento. Até agora foram repassados R$ 139.522.946,68 ao consórcio PDC Fronteira, composto pelas empreiteras Caiapó, Paulitec e DP Barros, empresas de Goiás e São Paulo. A obra toda foi contratada por R$ 472,4 milhões.
As paralisações pontuais dos serviços de terraplanagem “se devem ao fato do início do período chuvoso, não havendo nenhum outro motivo de solicitação de reequilíbrio financeiro”, segundo o comando do DNIT de Mato Grosso do Sul.
Conforme estação do INMET instalada na área rural de Porto Murtinho, a soma das chuvas de outubro e novembro é de 173 milímetros. A média história para a região nestes dois meses do ano é de 282 milímetros. Nas estações do Inmet instaladas na área urbana de Porto Murtinho, mais próximas do local das obras, os volumes de chuva não foram disponibilizados nos últimos meses.
Esta versão de que as chuvas são as únicas responsáveis pela paralisação parcial dos trabalhos contradiz, em parte, a informação repassada no canteiro de obras, onde técnicos envolvidos nos trabalhos informaram que o consórcio responsável pela obra estaria solicitanto reajuste do contrato, firmado em R$ 145,9 milhões somente para a terraplanagem.
Os mesmos técnicos informaram, também, que as obras, que no primeiro ano avançaram menos de 30%, seriam concluídas somente em 2028.
De acordo com o DNIT, até agora foram concluídos 8,14 quilômetros de terraplanagem, nos quais foram compactados 895,1 mil metros cúbicos de terra e cascalho. Esse volume equivale à carga de cerca de 60 mil caminhões caçamba, que transportam em torno de 15 metros cúbicos por viagem.
Mas, apesar de boa parte os 13 quilômetros de rodovia já estarem com a terraplanagem concluída, o volume de terra utilizado até agora aquivale a apenas 40% daquilo que será necessário, segundo o DNIT.
E, apesar de as chuvas estarem atrapalhando o andamento da terraplanagem, “durante esse período, a empresa segue executando os serviços de concretagem das estruturas de ligamento das sete obras de arte especiais que compõem a alça de acesso à Ponte Bioceânica”, informa o DNIT.
O andamento das sete pontes ou viadutos que seguem em andamento estão em diferentes estágios, variando de 4,67% a 72,39% de execução, segundo o DNIT.
Os trabalhos para construção do acesso à ponte começaram em setembro de 2024 e o contrato estipula prazo de 26 meses para conclusão dos trabalhos.
ROTA BIOCEÂNICA
Os 13 quilômetros de rodovia, em área alagável do Pantanal, vão ligar a BR-267 à cabeceira da ponte sobre o Rio Paraguai. Esta ponte, cujas obras começaram em fevereiro de 2022 e são bancada pelo Governo do Paraguai, estão com cerca de 85% dos trabalhos concluídos
A ponte terá 1,3 quilômetro de extensão e 21 metros de largura. Ela está sendo instalada a 35 metros acima da calha do Rio Paraguai, contando com um trecho estaiado de 632 metros, sustentado por torres de 130 metros de altura. Para concluir esta parte estaiada faltam apenas 166 metros.
Tanto a ponte, orçada em cerca de R$ 500 milhões, quanto alça de acesso, fazem parte das obras da chamada Rota Bioceânica, um corredor rodoviário com 2,4 mil quilômetros ligando os oceanos Atlântico ao Pacífico, passando pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Chiele.
A expectativa é de que a junção das duas frentes de obra na ponte ocorra no fim de abril de 2026. A coonstrução da ponte faz parte de um pacote de obras US$ 1,1 bilhão do país vizinho. A maior parte deste volume, em torno de R$ 5 bilhões, está sendo investida na pavimentação de 580 quilômetros de rodovias, entre Carmelo Peralta e Pozo Hondo.
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