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Com nova variante, tempo de internação até morte por Covid em MS é de apenas dois dias

Por Redação

Em 7 de abril de 2021

Estado passa por colapso na saúde e tem média de 50 mortes por dia por Covid-19. – Ilustrativa/Henrique Arakaki

A rotatividade nos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) tem sido alta em Mato Grosso do Sul. Com a nova variante do coronavírus circulando no Estado, o tempo médio de internação dos pacientes que morrem pela doença tem sido de apenas dois dias. O dado mostra como a nova variante P1 é perigosa, já que no início do ano, os pacientes ficavam em média duas semanas internados antes de morrer. Além da nova cepa, outros fatores que devem ser levados em consideração são o uso do ‘kit de tratamento precoce’, que não tem eficácia comprovada, e a demora na procura pelo atendimento.

Mato Grosso do Sul tem enfrentado o colapso na saúde, faltam leitos de UTI tanto na rede pública como na privada. Com cerca de 1,5 mil infectados por dia, a lista dos pacientes à espera de leitos é grande. Há algumas semanas, o próprio secretário estadual de saúde Geraldo Resende chegou a comentar que os leitos só estavam sendo liberados porque pacientes estavam morrendo.

Nesta quarta (7), a secretária Crhistinne Maymone reforçou a crise vivida no Estado. Maymone comentou que MS apresentou uma leve queda no número de pacientes internados. Porém, o dado não deve ser comemorado. “Temos tido sim, uma pequena diminuição de pacientes internados. Mas temos aumento de óbitos, o leito fica vago porque a pessoa faleceu. Infelizmente, é o que estamos vivenciando”.

Dados fornecidos pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) mostram a rotatividade nos leitos de UTI em MS. Na primeira semana epidemiológica do ano, em janeiro, os pacientes levavam em média 14,2 dias internados até morrerem por coronavírus. Os números mostram que a situação se agravou muito no mês de março. Na 9ª semana epidemiológica, no início do mês de março, os pacientes passavam em média 10,4 dias internados antes de morrerem. As informações são do SIVEP (Sistema de Vigilância Epidemiológica).

Já na última semana epidemiológica, entre os dias 28 de março e 3 de abril, o número caiu para apenas 2,3 dias de internação. Confira a evolução na média de dias da internação até óbito por covid-19 em 2021:

  • 1ª semana: 14,2 dias
  • 2ª semana: 15 dias
  • 3ª semana: 14,3 dias
  • 4ª semana: 12,5 dias
  • 5ª semana: 15,9 dias
  • 6ª semana: 14,2 dias
  • 7ª semana: 12,9 dias
  • 8ª semana: 11,3 dias
  • 9ª semana: 10,4 dias
  • 10ª semana: 8,6 dias
  • 11ª semana: 5,9 dias
  • 12ª semana: 3,9 dias
  • 13ª semana: 2,3 dias

Nesta semana, a secretária Crhistinne Maymone ainda chamou a atenção para as novas variantes do coronavírus. Ela explica que há duas variantes no Brasil e que as novas cepas são muito mais perigosas. “Temos óbitos com pessoas muito jovens sem nenhuma comorbidade, nada relatado. A nova variante tem demonstrado sua gravidade, o paciente vai a óbito rapidamente, em 3, 4 ou 5 dias”.

Pacientes chegam ao hospital em estado grave

Outro fator que deve ser levado em conta é o uso dos chamados ‘kits de tratamento precoce’ e a demora na procura pelo atendimento. A recomendação das autoridades de saúde tem sido de que as pessoas procurem o atendimento logo nos primeiros sintomas do coronavírus. Aquela orientação do início da pandemia de aguardar os sintomas mais graves, como a febre e falta de ar, já não devem ser levados em consideração.

Geraldo Resende ainda chamou a atenção durante live nesta quarta (7) sobre o aumento da taxa de letalidade, o que mostra que mais pessoas estão morrendo. “Estão chegando em estado grave nos hospitais, muitos destes é porque usaram alguns chamados kits de tratamento precoce, que não têm nenhuma validade. Usam em casa e quando chegam ao hospital, chegam num avanço muito grande da doença, quadros que levam ao óbito”, reforçou.

Nova variante P1

No início de março, o secretário Geraldo Resende confirmou o primeiro caso da variante P.1 do coronavírus em Mato Grosso do Sul. O caso foi identificado em um paciente de Corumbá, ele havia ficado por vários dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Um estudo de epidemiologia genômica feito por cientistas brasileiros revela que pacientes infectados com a nova variante P.1, de origem no Amazonas, têm uma carga viral 10 vezes maior em secreções colhidas por amostras RT-PCR do que a média vista em cepas anteriores. Além disso, essa carga está também mais alta em homens e mulheres adultos com idade inferior a 60 anos.

Campo Grande já vive transmissão comunitária da variante do coronavírus e, com isso, os médicos vivenciam uma nova fase da doença, muito mais mortal e que também atinge jovens. O médico Marcelo Santana Silveira cuida dos pacientes de coronavírus no pronto-socorro do hospital da Unimed. Ele relata as manifestações mais agressivas que a doença está causando.

“Está vindo muito mais grave, realmente, pacientes entre 30 e 50 anos estão sendo acometidos em massa e o que mais assusta é que muitos estão morrendo”, comentou.

Para o médico, a agressividade do vírus tem relação com a variante brasileira, a P.1, que começou a circular este ano no Estado. “A gente percebeu que, nas últimas semanas, o vírus está mais virulento, ou seja, com taxa de transmissão muito maior. Além da taxa aumentada, a doença está vindo muito mais grave”, completou.

Sempre que puder, fique em casa

Os especialistas são taxativos ao dizer que é preciso ficar em casa, mais do que nunca. Infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Julio Croda explica que as pessoas devem sair de casa apenas quando necessário e evitar até mesmo visitas de familiares.

Para os trabalhadores que precisam bater ponto todos os dias, é possível se prevenir e evitar a infecção pelo coronavírus. A recomendação não mudou, é preciso seguir à risca a recomendação dos profissionais da saúde: usar a máscara corretamente, fazer a higiene das mãos e manter a distância sempre que possível.

Para quem utiliza o transporte coletivo, uma dica é utilizar máscaras do tipo PFF2, se possível. “Quanto maior a qualidade da máscara, melhor. A PFF2 seria ideal, é de melhor qualidade. Se não for possível, existe uma tendência de usar duas máscaras, uma cirúrgica na primeira camada e na segunda uma máscara de pano. Assim, permite fechar melhor, fazer a vedação boca e nariz”, orienta Julio Croda.

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