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Cigarro? De jeito nenhum

Por Redação

Em 16 de dezembro de 2024

Principal causa de morte evitável no mundo, o tabagismo mata mais de 8 milhões de pessoas por ano em todo o planeta; no Brasil, são 161.853 mortes anuais, o equivalente a 443 pessoas por dia – Foto: Pixabay

Que cigarro faz mal, isso todo mundo sabe. Só que parar de fumar também é uma missão difícil para quem tem essa dependência. É por isso que tanta gente, em vez de buscar logo o tratamento adequado, prefere antes recorrer a “estratégias paralelas”, digamos assim, na tentativa de minimizar gradativamente a compulsão causada pela nicotina, ou mesmo de promover uma redução dos danos ocasionados por esse mau hábito.

Cigarro de palha, cachimbo, fumo de mascar, cigarro eletrônico. Essas costumam ser as “opções” que os fumantes inicialmente procuram na ilusão de driblar o vício, sem ter que, de fato, abandoná-lo.

Como se um alcoólatra, por exemplo, trocasse a cachaça pelo vinho. Ou seja, uma forma de encontrar uma solução que não seja propriamente a de parar com tudo. Mas que, infelizmente, não existe.

Certo é que o consumo de tabaco, seja por qual meio for, é sempre prejudicial e deve ser evitado, conforme explicam os otorrinolaringologistas Rui Imamura e Cristiane Adami. Ambos atuam em um hospital de São Paulo que é referência nacional em saúde de ouvido, nariz e garganta.

FUMO DE MASCAR

No caso do fumo de mascar, Imamura explica que, embora ele não seja inalável, esse tipo de produto em nada ajuda a quem deseja superar o vício em nicotina, além de também oferecer riscos à saúde.

“Mascar tabaco expõe as mucosas da boca e da garganta a mais de 20 tipos de substâncias tóxicas que, da mesma forma que o cigarro comum, podem levar a doenças gengivais, a problemas dentários e até mesmo a tumores da boca e da garganta”, enfatiza o médico.

CIGARRO ELETRÔNICO

Já no caso do cigarro eletrônico (também conhecido como vape), a dra. Cristiane destaca que, além dos riscos já sabidos, existe um agravante, que é a falta de informações acerca da composição dos líquidos utilizados.

“O grande problema, a meu ver, está nos componentes que não são verdadeiramente informados nos rótulos e têm alta capacidade cancerígena. Entre os mais frequentemente encontrados estão a nicotina, o propilenoglicol, a glicerina, o 2-clorofenol, o polônio-210 e inúmeros metais pesados”, elenca a médica.

Os problemas, segundo a especialista, não param por aí.

“Além desses elementos citados, ainda há os produtos de degradação no processo de aquecimento do líquido para criar um aerossol inalável, que são o formaldeído, o acetaldeído e a acroleína. Todos esses representam grande risco à nossa saúde e denotam o quanto o cigarro eletrônico é extremamente prejudicial, pois afetam vários órgãos do nosso corpo, como vias aéreas, cérebro e coração”, alerta.

No caso das vias aéreas, em especial, Cristiane acrescenta que tais substâncias causam inflamação nas gengivas, nos seios paranasais, na garganta, na laringe e nos pulmões, que podem, inclusive, ensejar quadros de câncer, além de induzir lesões nas pregas vocais, que causam rouquidão persistente e alteração na qualidade vocal.

“É uma modinha em que definitivamente não podemos entrar”, opina a especialista.

CUIDADOS

Seja de qual forma for o consumo da nicotina, os dois médicos recomendam atenção a certos sintomas, que servem de sinais de alerta a possíveis doenças relacionadas.

Pacientes que tenham rouquidão em período maior que duas semanas, principalmente quando associada a dor de garganta, dor para engolir, dor irradiada para o ouvido, pigarro constante ou com sangue, dificuldade ou barulho ao respirar devem procurar um médico.

Quanto à melhor forma de prevenção a essas doenças, “a número 1”, como dizem os especialistas, é parar de fumar, “como todos já sabem”.

SAIBA

Enquanto o Congresso Nacional segue debatendo a legalização dos cigarros eletrônicos, a Anvisa mantém a proibição desde 2009.

Mesmo assim, o consumo continua crescendo entre os jovens. Cerca de um a cada quatro brasileiros entre 18 e 24 anos já utilizaram esses dispositivos ao menos uma vez.

O principal argumento de quem defende a regulamentação do comércio para os chamados vapes é o recolhimento de impostos. Segundo um estudo da Universidade de São Paulo (USP), Mato Grosso do Sul deixou de arrecadar

R$ 104,09 milhões em impostos estaduais e federais em 2023 por conta do comércio ilegal de cigarros eletrônicos. No fim de novembro, uma operação da Polícia Civil apreendeu três mil unidades desse tipo de cigarro em Campo Grande.

A mais recente Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, de 2019, apontou que 14,9% da população de 18 anos ou mais (296 mil pessoas) é fumante atualmente em MS, segundo maior índice entre os estados brasileiros.

Em Campo Grande, capital com o maior porcentual de fumantes no Brasil, o índice é de 16,1% – 109 mil pessoas.

Fonte: CE/ML

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