Embora a bacia pantaneira em Mato Grosso do Sul tenha recebido chuvas abaixo da média histórica em outubro e novembro, as precipitações registradas em Mato Grosso devem impedir que o Rio Paraguai repita o ano catastrófico que enfrentou em 2024, quando atingiu o menor nível desde que começaram as medições em Ladário, em 1900.
E, com mais água, o transporte de minérios será possível durante um período maior. Além disso, se o rio chegar a transbordar, o que ocorre depois que atinge os quatro metros em Ladário, a planície começa a ser tomada pela água, o que reduz o risco de queimadas. Neste ano, o fogo destruiu 1,6 milhão de hectares do Pantanal somente em Mato Grosso do Sul.
Boletim do Serviço Geológico do Brasil divulgado nesta quarta-feira (11) aponta que, em decorrência de chuvas mais constantes em Mato Grosso, o nível dos rios em Cáceres e em Cuiabá está próximo ou até acima da média histórica para esta época do ano.
Em Cáceres, conforme este boletim, o nível estava em 2,66 metros nesta quarta-feira, sendo que a média histórica é de 2,86 metros. No ano passado, no mesmo dia, o nível estava em 1,10 metro, que foi o melhor nível dos últimos três meses daquele ano,
Agora em 2024, o rio está acima disso desde o dia 4 de novembro, chegando a 2,71 metros no dia 9 de dezembro, evidenciando que há mais de um mês o volume de água é mais que o dobro do ano passado.
Em Cuiabá a situação é a ainda mais animadora. Nesta quarta-feira o nível estava em 2,57 metros, o que é 20 centímetros acima da média histórica para esta época do ano. Desde o começo de novembro, esta é a quarta vez que o nível fica acima de dois metros. No ano passado, no mesmo período, nenhuma vez chegou aos dois metros.
O volume de água nos dois locais de medição em Mato Grosso está bem acima, inclusive, dos níveis no final de 2022, período em que começaram as chuvas que levaram à cheia de 2023, quando o Rio Paraguai atingiu 4,24 metros em Ladário e chegou a transbordar após quatro anos críticos.
COXIM
Um terceiro indicativo de que o principal rio pantaneiro está recebendo mais água que no ano passado é o nível do Rio Coxim, na régua instalada na cidade com o mesmo nome, no norte de Mato Grosso do Sul. Nesta quarta-feira estava em 3,99 metros. A média histórica para esta época do ano é de 3,46 metros.
Porém, rios como o Aquidauana e Miranda, dois dos principais tributários do Rio Paraguai na bacia pantaneira, está abaixo do normal. Em Miranda, o rio estava em apenas 2,15 metros, sendo que a média para esta época é de 3,98 metros. Em Aquidauana, o nível estava em 1,88 metro. A média histórica para 11 de dezembro é de 3,25 metros.
Na régua do Rio Paraguai instalada em Ladário, que serve como referência para medir as cheias ou as secas do Pantanal, a situação também é melhor que no ano passado. Nesta quarta-feira estava em 72 centímetros e subiu mais dois nesta quinta.
O nível está 30 centímetros acima daquilo que estava em 12 de dezembro do ano passado. Porém, segue longe da média histórica para esta data, que é de 1,34 metro, conforme o boletim do Serviço Geológico do Brasil.
Neste ano, o máximo que o Rio Paraguai atingiu na régua de Ladário foi 1,47 metro, o que ocorreu no começo de maio. Depois disso, caiu até atingir 69 centímetros abaixo de zero, em 17 de outubro. E, principalmente por conta das chuvas em Mato Grosso, desde aquela data subiu 1,05 metro em Ladário.
Mas, para que o transporte de minérios possa ser retomado, precisa passar de um metro em Ladário. E, conforme o boletim do Serviço Geológico do Brasil, isso deve ocorrer ainda na segunda quinzena de dezembro. No período passado de chuvas, o rio só superou um metro no dia 3 de março.
MINÉRIOS
E por conta desta falta de água, o transporte de minérios a partir dos portos de Ladário e Corumbá despencou. Nos 11 primeiros meses de 2023 foram 6 milhões de toneladas destinadas à exportação. Agora em 2024, foram apena 3,19 milhões de toneladas, conforme números da Semadesc, a secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul.
Nos últimos 14 dias o nível do rio subiu 53 centímetros na régua de Ladário, que que representa 3,7 centímetros por dia. Se as chuvas continuarem no ritmo atual até o final de março, é possível que até o final de maio o nível volte a passar dos quatro metros em Ladário.
A última cheia considerável ocorreu em 2018, quando o rio chegou a 5,35 metros, alagando boa parte da planície pantaneira.
Fonte: CE/ML