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Brasileiro vence prêmio internacional de fotografia com imagem comovente de tamanduá-bandeira órfão

Por Redação

Em 18 de novembro de 2025

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O fotógrafo brasileiro Fernando Faciole recebeu reconhecimento mundial ao vencer o Prêmio Impacto no concurso internacional Wildlife Photographer of the Year, promovido pelo Museu de História Natural de Londres. A imagem premiada retrata a relação de confiança entre um jovem tamanduá-bandeira órfão e seu cuidador durante o processo de reabilitação. Mas o que nem todos sabem é que essa história começou muito antes do clique vencedor — em 2023, nas estradas do Centro-Oeste brasileiro.

Naquele ano, Faciole passou a acompanhar de perto o trabalho do Projeto Bandeiras e Rodovias, do ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres, que atua na pesquisa e mitigação de colisões veiculares com fauna, especialmente com o tamanduá-bandeira, uma das espécies mais afetadas no Brasil. Durante campanhas de monitoramento em rodovias do Mato Grosso do Sul, Fernando registrou a dura realidade de animais silvestres vítimas de atropelamento e o esforço de cientistas e conservacionistas para reduzir essas mortes.

“Foi ao lado da equipe do ICAS que eu compreendi a dimensão dessa problemática ambiental. Ali nasceu o desejo de contar uma história mais profunda sobre o tamanduá-bandeira — não apenas mostrando a tragédia das colisões, mas também a esperança do cuidado humano e os esforços de conservação”, explica Fernando.

O contato com o instituto despertou no fotógrafo a ideia de construir um projeto documental de longo prazo sobre a espécie: primeiro, revelando o impacto das rodovias nas populações de tamanduás e, depois, acompanhando o outro lado dessa história — o resgate, a reabilitação e a reintegração dos animais à natureza.

Foi essa busca que levou Faciole até um centro de triagem de fauna em Belo Horizonte (MG), onde acompanhou o trabalho dedicado de profissionais na recuperação de filhotes órfãos. Muitas dessas histórias começam nas rodovias brasileiras — exatamente como aconteceu com o tamanduá-bandeira retratado na fotografia premiada, que perdeu a mãe após um atropelamento.

A imagem vencedora revela, com intensidade emocional, o vínculo de confiança entre o filhote órfão e sua cuidadora. Captada no início da noite, logo após a alimentação do animal, a cena mostra um gesto de entrega e busca por afeto, símbolo de sobrevivência e resiliência. Com sensibilidade, Fernando transformou esse instante em denúncia e também em esperança — dando visibilidade ao impacto das ações humanas sobre a fauna e à importância do trabalho de reabilitação no Brasil.

Para o ICAS, o reconhecimento internacional reforça a urgência de ampliar a proteção do tamanduá-bandeira e reduzir as colisões com fauna nas rodovias brasileiras. 

“A fotografia do Fernando tem um poder imenso porque vai além da estética: ela revela uma verdade urgente. Esse filhote é uma vítima direta das estradas brasileiras — ficou órfão depois que a mãe foi atropelada. Na imagem, vemos a vulnerabilidade de um animal que busca afeto e, ao mesmo tempo, a esperança de um recomeço, porque está recebendo cuidado e terá a chance de voltar à natureza. Essa foto celebra a espécie, denuncia uma tragédia nacional e dá visibilidade ao esforço de conservação que vem sendo feito no país. Recebemos essa premiação com muita alegria, mas também com senso de responsabilidade: ela nos lembra que ainda há muito a ser feito”, afirma Arnaud Desbiez, fundador e presidente do ICAS.

Ele também destaca a importância da colaboração entre ciência e arte. A parceria com o Fernando nasceu no Projeto Bandeiras e Rodovias, onde ele acompanhou diversas expedições com a equipe do projeto aqui no MS.

“O trabalho dele é fundamental porque aproxima as pessoas dessa realidade. Enquanto cientistas mostram dados e números, o artista usa a imagem para despertar empatia e engajamento. São parcerias como essa que dão voz à conservação e ajudam a transformar conhecimento em ação,” destaca Arnaud.

O projeto fotográfico continua em construção. Depois de documentar o impacto das rodovias e o trabalho de reabilitação, Fernando agora segue para uma nova etapa: registrar histórias de convivência entre comunidades e fauna no Brasil, ampliando o diálogo sobre coexistência e conservação.

ICAS/ML

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