Depois de alcançar o pico de 4,24 metros na régua de Ladário e ficar estacionado ao longo dos últimos oito dias, o Rio Paraguai deu sinal de que começou a baixar nesta terça-feira (26), recuando para 4,22 metros, conforme dados divulgados diariamente pela Marinha.
O principal rio pantaneiro estava subindo desde os primeiros dias de janeiro e desde a cheia de 2018, quando alcançou 5,35 metros, não chegava a esse patamar. Conforme Carlos Padovani, pesquisador da Embrapa Pantanal, depois que chega aos quatro metros na região de Ladário o rio começa a transbordar, o que ocorreu desde o fim de junho.
A última vez que havia chegado perto disso foi em julho de 2019, quando o pico alcançou 3,92 metros. Nos anos seguintes, por conta da escassez de chuvas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ficou longe disso.
Em 2022, o máximo foi de 2,64 metros, também em junho. No ano anterior, o pico nem mesmo atingiu os dois metros. O máximo ficou em 1,88 metro, em abril. Em 2020, o nível máximo chegou a 2,10 metros, em junho daquele ano.
No dia 2 de janeiro de 2023 o rio estava com apenas 32 centímetros em Ladário. No dia seguinte, a Marinha registrou alta de seis centímetros. Em quase sete meses de alta seguida, subiu 3,92 metros, principalmente por causa das chuvas registradas no norte de Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso.
Nos meses de março e abril, o nível do Rio Miranda chegou à casa dos sete metros em Miranda e alagou milhares de hectares ao longo de seu percurso. Porém, ele desemboca abaixo da régua de Ladário. Mesmo assim, essas águas influenciam rio acima porque represam o Rio Paraguai e retardam o fluxo das águas no Pantanal.
Diariamente a Marinha faz a medição em Ladário e outros cinco pontos entre Cáceres, no Mato Grosso, e Porto Murtinho. No dia 1º de julho ela chegou a informar que o nível do rio havia baixado dois centímetros, recuando de 4,08 para 4,06 centímetros. Porém, nos dias seguintes ele voltou subir, e desde a última terça-feira (18) oscilava entre 4,23 e 4,24 centímetros.
HIDROVIA
E por conta da abundância de água no Rio Paraguai, o transporte de minérios e grãos pela hidrovia passou de 3,3 milhões de toneladas, o que representa aumento de 52,5% nos primeiros cinco meses deste ano na comparação com as 2,2 milhões de toneladas despachadas pelo rio no mesmo período do ano passado, conforme dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ)
A partir do momento em que o rio fica acima de 1,5 metro em Ladário o transporte pode ser feito a pleno vapor. Abaixo disso, até é possível fazer o transporte, mas o volume levado pelos comboios de chatas é menor.
Somente em maio foram despachadas 920,1 mil toneladas, volume recorde para um único mês desde que a agência começou a disponibilizar os dados, em 2010.
A média mensal de embarques em 2023 é de 661 mil toneladas. O recorde mensal anterior havia sido de 596 mil mensais, em 2014, quando o ano fechou com 7,15 milhões de toneladas.
Em maio, conforme a ANTAQ, foram despachadas 293 mil toneladas de soja, principalmente de Porto Murtinho, o que tirou das estradas cerca de 5,8 mil carretas bi-trem que seriam necessárias para transporta tamanho volume por rodovias.
Na comparação com o ano passado, o volume de soja despachado nos primeiros cinco meses aumentou em 258%, o que pode ser explicado pela quebra na safra argentina. Por isso, Mato Grosso do Sul passou a exportar a oleaginosa para o país vizinho.
Mas o principal produto que passa pela hidrovia do Rio Paraguai são os minérios. Só em maio foram 611 mil toneladas, evitando que mais de 12 mil carretas transitassem pela BR-262, entre Corumbá e Campo Grande.
Fonte: Correio do Estado