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Além de furtos e abates de animais, criminosos migram outros golpes para o agro

Por Redação

Em 3 de janeiro de 2022

Foto simulando ação de ladrão de gado em beira de cerca de fazenda. (Foto: Marcos Maluf)

O setor agropecuário, de maior predominância em Mato Grosso do Sul, tem chamado a atenção de criminosos pela movimentação de grandes valores. Só em 2021, foram 463 casos registrados de furto, roubo ou abate de animais rurais. O número é 3% maior em relação ao ano retrasado, quando foram registrados 446. Se não bastasse isso, um novo golpe está migrando para a área.

Criada há cerca de sete meses para suprir a demanda do setor, a Deleagro (Delegacia Especializada de Combate a Crimes Rurais e Abigeato) é responsável por investigar furtos e roubos acima de 50 cabeças.

O número de registros apesar de parecer alto está dentro da estabilidade, segundo o delegado titular da Deleagro, Mateus Zampiere. Ele explica que são vários os fatores que chamam a atenção dos bandidos nesse crime, como a valorização da carne no comércio e o valor que envolve o setor. Além disso, há ao menos dois tipos de criminosos, os que roubam grandes quantidades e os que roubam pequenas ou abatem o animal no próprio local.

“Em tese, a diferença do crime de furto do meio rural para o urbano é que no urbano, é de   oportunidade, não exige planejamento, já no rural, o criminoso tem que ter o mínimo de estrutura para cometer o crime, seja para levar uma ou 50 cabeças de gado. É algo organizado e nunca uma pessoa só. Eles avaliam como e para quem vão vender”, explica.

No início do ano passado, em fevereiro, a Polícia Civil apreendeu cerca de uma tonelada de carne imprópria para o consumo em diversos pontos comerciais de Miranda, a 201 km da Capital. Os estabelecimentos eram abastecidos por ladrões que furtavam gado. Na maioria das vezes, o abate ocorre à noite, em beira de cerca. Os bandidos matam o animal, carneiam ali mesmo e, principalmente, as partes nobres são levadas.

Além de açougues, uma fábrica clandestina de linguiça que vendia o produto impróprio para o consumo foi localizada. Todos os produtos foram apreendidos, periciados e descartados.

Em Bela Vista, ladrões mataram e carnearam cabeças de gado em uma fazenda da região. A vítima acionou a Polícia Militar Ambiental. No local, uma das vacas mortas estava prenha e o bezerro já estava todo formado. Ele morreu junto à mãe. Dos animais, restaram apenas as cabeças, partes do couro e as vísceras. A polícia chegou a fazer diligências em comércios próximos para identificar carnes impróprias e tentar localizar os autores.

Dois homens, de 36 e 42 anos, foram presos em flagrante por furtar 75 cabeças de gado avaliadas em R$ 200 mil de uma fazenda em Ribas do Rio Pardo. As reses foram desembarcadas em Dois Irmãos do Buriti, porém tinham como destino São Paulo. Ambos foram presos em Três Lagoas, onde o mais velho mora. Ele, que tem dois caminhões boiadeiros, já responde pelo mesmo crime e foi quem contratou o mais novo, por R$ 3 mil.

À polícia, ele confessou que foi contatado por um fazendeiro e que receberia R$ 50 mil pelo serviço.

A suspeita é de que a dupla trabalha para uma quadrilha especializada, já que em pouco tempo, o grupo reformou um mangueiro embarcador abandonado, juntou os animais e os retirou da fazenda alvo. O embarque dos animais teria levado cerca de 20 minutos.

Em Terenos, um trio foi preso com 180 kg de carne de gado abatido irregularmente. Dentre as três pessoas, estão os donos de um estabelecimento comercial e outra pessoa que estava com uma arma. A polícia apreendeu uma arma, nove munições usadas em abate de animais, além de R$ 8,8 mil e outros objetos usados no crime.

Só em maio deste ano, 12 pessoas foram presas pelo furto de gado. Quatro delas, foram presas de uma vez em Aquidauana. A polícia recebeu uma denúncia de que três homens estavam dividindo uma vaca furtada de uma fazenda às margens da estrada Reta do Taboco. Um Fiat Uno com duas pessoas foi parado. Um deles estava com uma faca de açougueiro, chegou a avançar contra um dos investigadores e acabou sendo baleado na perna.

A dupla foi presa e a carne apreendida. Outro suspeito foi preso caminhando a pé na estrada. Ele estava sujo de sangue bovino. A vaca era da raça angus, avaliada em R$ 5 mil.

Em Campo Grande, 100 cabeças de gado foram furtadas de uma fazenda. A polícia apreendeu 40 delas, que foram devolvidas ao dono. O capataz da fazenda foi preso.

A delegacia tem feito diversas operações para identificar e prender tanto os autores do furto/abate quanto os receptadores.

Segundo o delegado Zampiere, há várias formas de se prevenir esses crimes. Dentre elas, a marcação dos animais e o cadastro no Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal do MS).

“É importante que, se possível, mantenha o local bem iluminado. Que conheça e pegue referências sobre os funcionários. Que instalem câmeras de segurança, mantenham as porteiras trancadas e que não deixem animais próximos das cercas, principalmente à noite”, afirma.

É de extrema importância que, caso seja vítima de algum desses crime, que seja feito o registro. “Com esses dados, vamos avaliar onde ocorre mais, em quais cidades, quais regiões e entender o que falta ali, investirmos em segurança e trabalharmos para que este número não fique fora do controle “, afirma.

Golpe – Não bastasse o prejuízo com furtos e abate dos animais, o delegado titular da Deleagro afirma que há um novo golpe migrando para o setor agrário. Tem o mesmo modus operandi da “venda de carro”. Desde a instalação da delegacia especializada, já foram registradas três ocorrências. Na mais recente, um pecuarista, de 36 anos, perdeu R$ 1 milhão ao tentar comprar 244 cabeças de gado em Itaquiraí. Os animais, de aproximadamente 450 quilos, têm o valor de R$ 3.948,89 cada um.

A vítima negociou a compra com fazendeiro e o mesmo pediu que o pagamento fosse feito no nome de outra pessoa. Foram feitos vários depósitos.

O pecuarista então foi até a fazenda buscar os animais, porém não foi liberado pelo fazendeiro, porque ele não havia recebido os valores da venda. A vítima então registrou boletim de ocorrência.

Zampiere explica que o golpe funciona da mesma forma que faz vítimas envolvendo veículos. O vendedor anuncia a venda do gado, o golpista vê e intercepta a negociação. Ele diz ao comprador que está vendendo o gado por um valor abaixo e pede que não seja citado valores quando for olhar o produto.

Da mesma forma trata o vendedor. Entra em contato e diz que tem um comprador e que ele irá pagar um certo valor, porém, ao se encontrarem, não devem conversar sobre dinheiro. Após fecharem negócio, a vítima faz o pagamento, que claro, não é repassado ao comprador e o golpista desaparece.

“Esses criminosos se aproveitam da boa vontade e simplicidade dos fazendeiros. Muitos acreditam que ainda é como antigamente, que se pode confiar na palavra do outro, mas nós fazemos diversas palestras, alertamos que não se pode confiar em qualquer um. Tudo deve ser feito da forma correta, com documentação, se possível ligar para gerente de banco para verificar a conta que será feito o pagamento, pedir ajuda de contador ou advogado. Nunca fazer negociação, venda, pagamento aos finais de semana e, não menos importante, que desconfie de valores baixos. Se um animal normalmente é vendido a R$ 5 mil, desconfie quando encontrar por R$ 4 mil”, detalha.

Outra dificuldade é que, muitas vezes, esses golpistas nem são do Estado. Eles até usam chip da operadora de MS, mas não estão aqui.

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