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Imagens espaciais descobrem megavazamentos de petróleo e gás

Por Redação

Em 4 de fevereiro de 2022

As ‘nuvens’ de metano vistas do espaço podem se estender por centenas de quilômetros.

“Nuvens” enormes de metano, gás que contribui para o aquecimento global, foram mapeadas globalmente pela primeira vez a partir de campos de petróleo e gás usando satélites.

Controlar estes vazamentos seria um passo importante para ganhar um tempo extra para conter as mudanças climáticas.

A nova pesquisa, publicada na revista Science, encontrou “nuvens” cobrindo vastas áreas, às vezes chegando a 320 km. Acredita-se que, em sua maioria, os vazamentos sejam não intencionais.

No ano passado, cerca de 100 países prometeram reduzir as emissões de metano até 2030.

“Já sabíamos sobre vazamentos individuais de gás, mas este trabalho mostra a verdadeira pegada de metano das operações de petróleo e gás em todo o planeta”, explica Riley Duren, autor do artigo e CEO da Carbon Mapper, que rastreia emissões de metano.

O metano geralmente vaza das instalações de petróleo e gás durante operações de manutenção, para consertar uma válvula ou tubulação, por exemplo, ou de estações de compressão — que mantêm o fluxo e a pressão do gás natural.

Também acontece em aterros sanitários, na agricultura e na produção de carvão.

Esta pesquisa se concentrou na detecção de vazamentos de óleo e gás que podem ser tapados se as empresas investirem em prevenção.

Os cientistas acreditam que reduzir as emissões de metano é uma “vitória fácil” no combate às mudanças climáticas, porque é um gás muito potente geralmente liberado por humanos em vazamentos que podem ser interrompidos com relativa facilidade.

Um estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) sugeriu no ano passado que de 30% a 50% do atual aumento das temperaturas se deve ao metano.

O cientista que liderou a pesquisa, Thomas Lauvaux, da LSCE CEA-Saclay, na França, disse à BBC News que o cálculo das emissões de gases de efeito estufa geralmente depende de relatórios de autoria dos próprios países ou empresas.

Mas a coleta de dados da atmosfera “oferece uma abordagem mais rigorosa à contabilidade de emissões, mais independente e mais transparente”, explica.

Os três países com as maiores nuvens identificadas na pesquisa mais recente foram Turcomenistão, Rússia e EUA.

Mas os satélites não mediram vazamentos em áreas com cobertura espessa de nuvens ou em grandes altitudes, incluindo a maior parte do Canadá e da China. Eles também mediram apenas “nuvens” de instalações terrestres.

Os dados foram coletados em 2019-2020 com o instrumento Tropomi pelo satélite Sentinel-5P da União Europeia.

Ele identificou o maior dos vazamentos entre os chamados ultraemissores, que respondem por cerca de 12% de todos os vazamentos de metano por empresas de petróleo e gás.

“Fiquei chocado, mas não surpreso com a natureza generalizada desses ultraemissores. Eles são a ponta do iceberg”, disse Paul Palmer, professor de geociências da Universidade de Edimburgo, na Escócia, à BBC News.

À medida que mais satélites forem implantados nos próximos cinco anos, alguns vão detectar metano com resolução muito maior, o que significa que instalações individuais de petróleo e gás podem ser identificadas.

Economia de bilhões

“Em breve, com os próximos sensores, será mais difícil para a indústria de petróleo e gás alegar desconhecer os vazamentos, sejam acidentais ou não”, explica Palmer.

Ao tapar esses vazamentos, os países poderiam economizar bilhões — incluindo US$ 6 bilhões no caso do Turcomenistão, US$ 4 bilhões da Rússia e US$ 1,6 bilhão dos EUA, sugere a pesquisa.

Em termos de benefícios para o meio ambiente, os cientistas estimam que interromper os vazamentos evitaria entre 0,005 °C e 0,002 °C de aquecimento.

Isso equivale a remover todas as emissões da Austrália desde 2005 da atmosfera, ou as emissões de 20 milhões de carros por um ano, sugerem.

“Fechar esses vazamentos muito grandes pode parecer que desempenharia apenas um papel insignificante, mas as implicações sociais são significativas”, explica Palmer.

“Cada molécula conta enquanto tentamos minimizar o aquecimento futuro.”

Em novembro do ano passado, mais de 100 países que participaram da conferência sobre mudanças climáticas COP26, em Glasgow, assinaram o Compromisso Global do Metano.

O objetivo é reduzir as emissões de metano em 30% em comparação com os níveis de 2020.

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Crédito: Coxim Agora.